A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) iniciou nesta quinta-feira (27) a distribuição das 332 mil doses da vacina contra a gripe às 22 Regionais de Saúde.
O imunizante, enviado pelo Ministério da Saúde, é para o início da campanha de vacinação em todo o Paraná, marcado para a próxima terça-feira (1.º de abril). No Brasil, a campanha começa dia 7 de abril.
“Aqui no Paraná estamos antecipando o início da campanha para dar celeridade ao processo e imunizar o maior número de pessoas. A sazonalidade da doença é determinante para essa antecipação. Esperamos atingir a maior cobertura vacinal possível”, disse o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
A vacinação contra a Influenza deve ser feita em crianças a partir de seis meses até menores de 6 anos (5 anos, 11 meses e 29 dias), idosos com 60 anos ou mais e gestantes. Para os demais grupos prioritários, a vacinação contra a Influenza seguirá no modelo de campanha, o que inclui trabalhadores da saúde, professores, forças de segurança, população privada de liberdade e pessoas com doenças crônicas ou deficiências, dentre outros.
A vacina foi incorporada ao calendário nacional diferente de anos anteriores e pela primeira vez ficará disponível nas salas de vacinação de forma permanente. Com a mudança, a imunização desses grupos será realizada de forma contínua, ao longo do ano, e não mais apenas durante as campanhas sazonais.
As vacinas influenza trivalentes utilizadas neste ano deverão apresentar três tipos de cepas de vírus em combinação: A/Victoria (H1N1), A/Croatia (H3N2) e B/Austria (B/linhagem Victoria). Cada frasco contém 10 doses de 0,5ml e pode ser administrada na mesma ocasião de outras vacinas do Calendário Nacional de Vacinação e com outros medicamentos.
VACINAÇÃO – A vacinação tem o objetivo de minimizar a carga viral e prevenir o surgimento de complicações decorrentes da doença, reduzindo os sintomas nos grupos prioritários além de diminuir a sobrecarga sobre os serviços de saúde.
O público-alvo para a vacinação da gripe no Paraná é de 4.931.410 pessoas. A meta é atingir, pelo menos, 90% de cada um dos grupos prioritários para vacinação de rotina contra influenza: crianças, gestantes e idosos com 60 anos e mais.
No ano passado o Estado atingiu 58,93 % de cobertura vacinal dos grupos prioritários, e 75,01 % de cobertura dos povos indígenas vivendo em suas terras, e ficou em 4º no ranking de estados que mais vacinaram (3.447.319 doses), atrás de São Paulo (13.075.736 doses), Minas Gerais (6.422.449 doses) e Rio de Janeiro (3.926.506 doses).
“Começamos a campanha com este quantitativo, mas para a semana que vem já está prevista mais uma remessa de 844 mil vacinas para essa ação. Assim que as vacinas chegarem, nossas equipes tratr]ao da logística para que cheguem o quanto antes aos municípios e avancemos na cobertura vacinal”, acrescentou o secretário.
CENÁRIO– O 2.º Informe Epidemiológico de Monitoramento dos Vírus Respiratórios, publicado em março deste ano, registrou 50 casos e cinco óbitos de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) por Influenza, sendo quatro óbitos por Influenza A(H1N1) e um óbito por Influenza B, referente aos casos 22 foram positivas para Influenza B.
Por - AEN
A Secretaria de Segurança Pública do Paraná implementou uma nova funcionalidade no Disque-Denúncia 181.
Atendendo a uma solicitação do Centro Estadual de Política Sobre Drogas (CEPSD), agora o serviço permite que a população registre denúncias anônimas sobre a venda irregular de cigarros eletrônicos, prática que permanece proibida no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Com o objetivo de agilizar e tornar mais eficaz o combate a esse comércio ilegal, a nova atualização visa facilitar o processo de denúncia. “O Disque-Denúncia 181 garante o anonimato. É possível denunciar via site ou telefone e colaborar com a sociedade e com as forças policiais sem qualquer risco, você nunca será identificado”, afirma o coordenador do Disque-Denúncia 181, coronel Walter Aguiar.
Apesar da proibição, o comércio de cigarros eletrônicos continua sendo praticado em diversos estabelecimentos.
“O uso de cigarros eletrônicos, especialmente entre jovens, tem crescido de forma alarmante. Essa medida busca fortalecer o enfrentamento ao comércio irregular desses dispositivos e garantir que a legislação seja cumprida”, afirmou o delegado de polícia e coordenador do CEPSD, Renato Figueiroa.
GRUPO DE TRABALHO – Recentemente a Secretaria da Segurança Pública do Paraná criou um grupo de trabalho interssetorial para prevenir e fortalecer a fiscalização, promover a segurança e a conscientização dos jovens sobre o uso de Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs) em instituições de ensino público.
O objetivo é estabelecer um fluxo de procedimento para lidar com adolescentes flagrados utilizando esses dispositivos e definir a destinação correta dos produtos apreendidos, cuja comercialização é proibida no Brasil.
DENÚNCIAS – A SESP reforça a importância da colaboração da sociedade no combate à venda ilegal de cigarros eletrônicos, contribuindo para a proteção da saúde pública. As denúncias podem ser feitas de forma anônima no site www.181.pr.gov.br ou diretamente AQUI, além do telefone 181.
Por - AEN
O Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), autarquia da Secretaria de Infraestrutura e Logística (SEIL), realizou nesta quarta-feira (26) uma audiência pública sobre a contratação de serviços de manutenção e conservação do pavimento de aproximadamente 10 mil quilômetros de rodovias estaduais.
O evento foi transmitido ao vivo pela internet a partir da sede do DER/PR em Curitiba. Interessados podem assistir a gravação da audiência, consultar os matérias disponíveis online e encaminhar contribuições e questionamentos pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo., no prazo de cinco dias úteis. Todas as participações serão respondidas e ficarão disponíveis na página da audiência.
A previsão é de lançar o edital de contratação ainda neste semestre, subdividido em 40 lotes, contemplando todas as regiões do Estado. O prazo de execução é de 36 meses. Todas as rodovias atendidas estão no site do programa (Pronac).
Ele vai prever a realização de conservação periódica, com serviços de fresagem, reperfilagem, microrrevestimento asfáltico e aplicação de camada de reforço em concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ); e a conservação de segurança ao usuário, com as soluções de remendos superficiais, remendos profundos, além da selagem de trincas com emulsão asfáltica e pó de pedra ou areia.
Os serviços para cada trecho de rodovia são propostos a partir de levantamentos funcionais e estruturais, que garantem um diagnóstico mais preciso das condições do pavimento. O Sistema de Gerência de Pavimentos (SGP) do DER/PR, um software desenvolvido especificamente para atender o departamento, também é empregado nessa iniciativa, facilitando a tomada de decisões e o acompanhamento das consequências dessas decisões.
Atualmente a malha rodoviária estadual é atendida por contratos mais antigos de conservação do pavimento, que serão substituídos por estas novas contratações. Além de garantir a trafegabilidade com segurança e conforto, a meta do DER/PR é elevar ainda mais a qualidade de suas rodovias.
Por - AEN
O Governo do Estado e a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) deram início à elaboração do Plano Paraná\Brasil indústria, que busca impulsionar o desenvolvimento do setor no Estado.
A primeira ação foi nesta quarta-feira (26), quando secretários estaduais e representantes de diversas pastas se reuniram com profissionais e lideranças da Fiep para discutir parcerias, estratégias e projetos voltados ao aumento da competitividade das industrias, capacitação e geração de emprego pelo setor.
O encontro foi marcado por apresentação das iniciativas da Fiep em parceria com o Governo do Estado e que focam, principalmente, no estímulo à empregabilidade e à produtividade do setor. Entre eles o programa Qualifica Paraná, uma parceria com o Senai-PR para levar cursos de qualificação profissional em 13 setores industriais; cursos técnicos no contraturno, com 7,6 mil matrículas em 2025; e incentivo à produção de energia renovável.
Também há parcerias nos programas Mentes Criativas, que estimula o desenvolvimento cognitivo e socioemocional no Ensino Fundamental, Indústria Acolhedora, de inserção de migrantes nas empresas, e Jornada da Produtividade, de consultorias para aumentar eficiência produtiva – em 2024, foram atendidas 493 empresas, que alcançaram um aumento médio de 65,5% em sua produtividade com a implantação das medidas sugeridas.
Participaram do encontro os secretários estaduais das Cidades, Guto Silva; do Planejamento, Ulisses Maia; da Inovação e Modernização Digital, Alex Canziani, o superintendente-geral de Gestão Energética, Cássio Santana da Silva, além de representantes das secretarias do Desenvolvimento Social e Família; Fazenda; Trabalho, Qualificação e Renda; Educação; Indústria, Comércio e Serviços, e Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e da Fundação Araucária.
Guto Silva destacou a relevância de criar planos de sinergia entre a Fiep e o governo estadual, uma integração que vai economizar recursos, energia e tempo. “Iniciamos este trabalho para que, nos próximos meses, possamos apresentar um plano de ação específico para diversas áreas da indústria, possa aumentar a produtividade do setor no Paraná e continuar gerando emprego e riqueza para todos”, disse Silva. “Quando a indústria se fortalece, ganham o Estado, as cidades e os cidadãos”.
Para o secretário Ulisses Maia, os projetos e ferramentas apresentados pelo Sistema Fiep são importantes para impulsionar o trabalho em prol do desenvolvimento. “Recebemos contribuições extremamente importantes para que a indústria do Paraná continue sendo uma referência”, disse. “Queremos que o Paraná seja uma referência, um estado acolhedor para a indústria. Isso é geração de emprego, isso é renda que aumenta para a população, e o governo do Estado só tem a ganhar com isso”.
Para o presidente da Fiep, Edson Vasconcelos, a união entre diferentes setores em torno do Plano Paraná/Brasil Indústria vai transformar desafios do Estado em oportunidades para o crescimento sustentável e competitivo. “Temos tantas ações em conjunto com o Governo do Estado, principalmente sob o guarda-chuva de empregabilidade, inovação e produtividade, que é fundamental alinharmos para podermos eliminar sombreamentos e potencializar iniciativas”, afirmou.
A inovação e a transformação digital das indústrias paranaenses são outro resultado do Plano Paraná/Brasil Indústria. "Recentemente instituímos o HUBX, que leva a inteligência artificial para o cotidiano das empresas, permitindo que elas se tornem mais competitivas e eficientes, adaptadas às demandas do mercado moderno. Isso aumenta a produtividade e ajuda a criar um ambiente mais inovador, onde as empresas podem desenvolver novos produtos e serviços", afirmou o secretário da Inovação, Alex Canziani.
Por - AEN
Os produtores paranaenses de soja já colheram mais de 90% da área de cultivo do grão no Estado até 24 de março. Os dados fazem parte do boletim mais recente do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), que também indica um aumento na produtividade na safra 2024/2025 em relação à anterior.
Para a safra atual, o Deral avalia que a produtividade será de 3.673 quilos por hectare plantado, bem acima da média da safra 2023/2024, que foi de 3.200 quilos por hectare. A melhora no desempenho, segundo os técnicos da Seab, está ligada às boas condições climáticas durante o desenvolvimento da lavoura, mas também ao uso de técnicas de manejo aprimoradas pelos agricultores paranaenses.
Nesta safra, o plantio da soja permaneceu praticamente estável em relação à passada, ocupando 5,786 milhões de hectares. Essa manutenção, somada ao aumento da produtividade média, deve fazer com que o volume total da soja no Estado aumente em 14%, chegando a 21,189 milhões de toneladas.
Em uma semana, a colheita do grão no Paraná avançou nove pontos percentuais, partindo de 81% da área colhida no boletim anterior. Além disso, a qualidade apresentou melhora significativa. Até a semana passada, 87% das lavouras estavam em boas condições, 12% em situação mediana e 1% com avaliação ruim.
No levantamento mais recente, a proporção de lavouras bem avaliadas subiu para 90%, enquanto as de condição mediana reduziram para 10%, sem registros de lavouras classificadas como ruins.
OUTRAS CULTURAS – Além da soja, o Departamento de Economia Rural também apresentou outras novidades sobre o agronegócio paranaense em seu boletim.
A 1ª safra de milho está praticamente finalizada, com 92% da área plantada já colhida, com grande variação de produtividade devido às condições climáticas. Na 2ª safra de milho, restam apenas áreas isoladas que sofreram com escassez de chuvas, que representam os 10% remanescentes a serem colhidos.
Os produtores de batata-doce e mandioquinha-salsa estão colhendo boas safras, com bons ganhos financeiros. A colheita da mandioca de dois ciclos segue dentro do esperado, enquanto as lavouras de um ciclo estão se desenvolvendo bem, favorecidas pelo clima adequado e pelos cuidados dos agricultores.
A colheita de arroz irrigado também ocorre conforme o previsto e deve se prolongar nos próximos meses, considerando as áreas replantadas nas regiões afetadas pela enchente ocorrida no Vale do Rio Ivaí. Essas áreas estão em boas condições vegetativas.
O amendoim, que sofreu com a seca em áreas onde foi plantado mais cedo, registrou uma produtividade abaixo do esperado devido às altas temperaturas. Nas plantações feitas um pouco mais tarde, porém, a produtividade está ótima, o que aumenta poder equilibrar as perdas do plantio antecipado.
As áreas de pastagem apresentam boa recuperação, aumentando de volume, o que deve facilitar o manejo do gado pelos criadores.
RELATÓRIOS – As informações completas sobre o desempenho da agropecuária paranaense estão disponíveis nos boletins conjunturais semanais do Deral e das condições de tempo e cultivo. Os documentos podem ser acessados na íntegra por meio do site da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento.
POr - AEN
O Paraná é vice-líder na produção de suínos no Brasil, com uma produção de 12,4 milhões de porcos em 2024, atingindo a sua maior participação no setor, com 21,5%.
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam a força e a expertise da produção paranaense, que não fica limitada apenas à industrial. O Estado é referência na criação da raça nativa brasileira Moura, com carne e aspecto similares aos melhores cortes bovinos, com maciez, suculência e sabor únicos.
Cerca de 74% da produção brasileira da raça fica no Estado, de acordo com a Universidade Federal do Paraná (UFPR). A instituição conta com o Projeto Porco Moura, de resgate e estímulo à criação da raça, criado em 1985 e encerrado no início dos anos 2000, mas que foi retomado em 2014. Esse incentivo é fundamental para manter viva não só a produção, mas também a tradição e a importância que ela teve na história do Paraná e do Brasil.
Em 2014, foram estimados 625 animais remanescentes da raça no Sul do País. Novos levantamentos mostram que em 2024 foram calculados aproximadamente 3.500 porcos Moura distribuídos nos três estados, dos quais mais de 2.600 no Paraná. Rebanhos desses animais já foram identificados em diversas regiões, com presença em pelo menos 21 municípios paranaenses.
HISTÓRIA – Os primeiros porcos domésticos que chegaram ao Brasil foram trazidos pelos portugueses, logo no início da colonização, por volta dos anos 1530. “Eles traziam não só do continente, mas também das ilhas colonizadas anteriormente, que possuíam uma genética mais antiga do que a registrada na Europa. No caminho, paravam nesses lugares para se abastecer e traziam, entre outras coisas, animais”, explica o professor da UFPR e coordenador do Projeto Porco Moura, Marson Bruck Warpechowski.
A origem do Moura é ligada às missões jesuíticas espanholas na América, sobretudo na região do que hoje é o Rio Grande do Sul. A raça foi essencial, por exemplo, na iluminação pública do País antes da industrialização. Isso porque a banha do porco era utilizada como combustível para as lamparinas e diversos outros usos além do culinário.
“O Sul sempre foi relevante na produção de suínos. O porco Moura foi importante durante o Ciclo da Banha, perdendo imediatamente essa importância com a Revolução Verde, com a instalação de fábricas de óleo vegetal e a mudança de objetivo da suinocultura, de banha para carne”, acrescenta o professor.
Com a industrialização e o ganho de escala, além da busca por animais de rápido ganho de peso e baixa gordura acumulada, as raças crioulas como a Moura perderam espaço, uma vez que sua produção é mais cara e demanda mais tempo. Somado à chegada da peste suína africana ao Brasil no final dos anos 1970, quase deixou de existir com o extermínio de criações inteiras.
Foi em 1985, já praticamente extinta, que uma luz foi acesa com a criação do Projeto Porco Moura pelo professor da UFPR Narcizo Marques da Silva. Era o primeiro passo para o resgate da raça, registrada por ele em 1990 no PigBook, mantido pela Associação Brasileira de Criadores de Suíno (ABCS). “A origem da raça é o Rio Grande do Sul, mas foi o Paraná que a salvou, se transformando em seu maior produtor”, destaca Warpechowski.
A Moura foi a segunda raça brasileira registrada desde a criação da ABCS, em 1955. A primeira foi a Piau, em 1989, em um projeto semelhante ao da UFPR desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A associação é responsável pelo registro genealógico de raças de porcos no Brasil. Atualmente novas entidades estão sendo formadas, entre elas a Associação dos Criadores de Porco Moura do Paraná (ACPM-PR), que reúne mais de 30 produtores dos três estados do Sul.
DIFERENÇAS – Criar um porco Moura é um processo totalmente diferente da criação de um suíno industrial, e isso ajuda a explicar por que a produção em larga escala preferiu investir no segundo tipo.
Uma das principais diferenças diz respeito à alimentação. Enquanto que o porco industrial é alimentado apenas com rações concentradas, o Moura se alimenta do que está disponível na natureza. Essa alimentação variada inclui frutas, tubérculos, verduras, legumes e sementes. “Na origem da raça, esses rebanhos eram criados aproveitando os alimentos locais nativos de cada região e ocasionalmente recebiam suplementos baseado no resto de culturas que o homem possuía, mas com pouca influência dele sobre o ambiente onde eram criados”, destaca.
Outro diferencial é justamente o ambiente em que são criados. Enquanto que em uma granja industrial eles são confinados, em ambientes coletivos, o Moura é criado em sistemas extensivos e semi-extensivos, ao ar livre. Isso fez com que a raça se aproveitasse da adaptação genética, em relação às condições de clima e alimentos locais, que moldaram essa raça emblemática da região Sul do Brasil.
São essas condições que fazem com que a carne do porco Moura seja apreciada por quem consome. Com maior marmoreio (gordura intramuscular que se acumula entre as fibras da carne) na comparação com uma raça industrial, ela conta com uma coloração vermelho intenso, que lembra cortes bovinos de maior qualidade.
O tempo de produção também difere bastante de uma raça para outra. O período máximo de engorda de um pouco industrial é de até 150 dias, enquanto que o tempo mínimo do Moura no sistema ao ar livre é de 300 dias. Seu teor de gordura é maior, com espessura de 3 cm a 5 cm, enquanto que o industrial a espessura do toucinho é de 0,5 cm a 1,5 cm. O Moura também possui maior resistência, maior quantidade de pelo (longos, espessos, rajados e escuros) e adaptados ao sol e ao frio do Sul do País.
Como a produção acontece em maior tempo e em menor quantidade, a dificuldade encontrada pelos produtores é na hora do abate do animal. Os frigoríficos são preparados para o trabalho em escala industrial, de grandes quantidades. Quando um porco Moura chega nesta etapa, o custo com transporte e logística é muito maior. “Temos uma legislação, uma norma sanitária de controle de qualidade que se aplica aos abatedouros em larga escala. Quanto maior, mais fácil, quanto menor, mais difícil, e às vezes impossível”, comenta.
OPORTUNIDADES – Como o tempo de produção é cerca de duas vezes maior que raças industriais, o desafio do Moura é encontrar formas de se manter atrativo para o produtor e atrair o mercado consumidor. “Podemos não só salvar da extinção, mas trabalhar características de interesse comercial para que possamos colocá-la no mercado como uma raça comercialmente útil”, ressalta o professor.
Um dos caminhos são os produtos gourmets, por meio da charcutaria. “Eu posso ter itens muito diferentes uns dos outros, gerando produtos com alto valor, e isso se torna economicamente interessante”, complementa. Hoje a carne Moura está disponível em diversos restaurantes de Curitiba e também em açougues e mercados, inclusive com rastreabilidade. Entre as possibilidades de cortes estão: prime rib, ancho steak, t-bone, paleta, bochecha, costela, pernil, entre outras.
O objetivo é de que, no futuro, seja possível seguir os passos de outros países quanto à produção de raças não industriais. “A Espanha é um dos maiores e melhores produtores industriais de suínos do mundo. Porém, eles também são o maior do mundo na produção de porcos em sistema extensivo de alto valor agregado. O presunto ibérico, por exemplo, tem grande importância na composição do PIB espanhol, com o rebanho usado para isso em torno de um terço do rebanho de porcos industriais”, lembra.
Os produtores brasileiros também estão trabalhando na possibilidade de o porco Moura ser chancelado com o selo de Indicação Geográfica (IG) pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Com os trabalhos iniciados em 2018, os produtores buscam agora a criação de uma marca coletiva, essencial para conquistar o registro de IG.
LEGISLAÇÃO – Visando dar maior segurança e estabelecendo normas para a produção, a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) está no estágio final de produção de uma portaria para a criação de porcos no sistema de campo aberto, como no caso da raça Moura.
O objetivo é garantir condições de biosseguridade a esse tipo de produção, a exemplo do que já é exigido de granjas e produtores comerciais. “Biosseguridade são ferramentas tanto físicas como procedimentais para evitar a entrada ou acabar com doenças. É uma forma de proteger sanitariamente o nosso rebanho. Quando você exige isso, dificulta-se a disseminação de doenças, fazendo com que os produtores e a cadeia fiquem menos expostos aos riscos sanitários”, explica o chefe da Divisão de Sanidade dos Suínos da Adapar, João Humberto Teotônio de Castro.
“O Paraná é o segundo maior produtor de suínos do País. Quando você tutela uma área que não tinha exigência, você também está tutelando a que tem. Se nós temos a suinocultura como um sistema importante economicamente, criando exigências e melhorando os status sanitários da mesma espécie em uma outra forma de produção, você protege todo o sistema”, acrescenta.
A portaria da Adapar é a primeira do gênero no Brasil e foi construída em parceria com a UFPR e a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Entre as novidades estão regras quanto à quantidade de animais considerados para subsistência (de consumo próprio do produtor), cuidados necessários ao ar livre e dimensões de espaço para criação, além de exigências em termos de cuidados de higiene, isolamento e registro de informações indispensáveis.
“É uma Parceria Público-Privada, digamos assim, com conversas com a cadeia produtiva, os produtores do porco Moura, e estamos criando essa norma para proteger a própria cadeia. É uma forma de tentar blindar o sistema, profissionalizar. Quando você cria uma legislação, você organiza toda a cadeia produtiva”, finaliza Teotônio.
“É impossível ter a mesma qualidade do sistema em termos de bem-estar animal e sanidade, com manejo adequado dos animais e do ambiente, se eu tiver uma grande criação, então está sendo colocado um limite na quantidade de animais. Outra novidade interessante que nunca foi tratada no Brasil é colocar um limite de tamanho para o que se considera criação de subsistência”, salienta Warpechowski.
A previsão de publicação da normativa é para o final de abril, pouco antes da Semana Estadual dos Porcos Crioulos, instituída pela lei 22.193/24 no final de 2024 e comemorada na terceira semana do mês de maio. O objetivo é celebrar e incentivar a criação de porcos crioulos no Estado, incluindo o Moura. Também em 2024, a raça foi transformada em Patrimônio Histórico, Cultural e Genético do Paraná, por meio da lei 22.197/24.
Por - AEN