Em razão do entrave provocado por ações que não dependem da empresa, os colaboradores foram gradativamente dispensados. Neste mês, houve a demissão dos últimos 37 funcionários responsáveis pelo plantio e manejo florestal, matéria-prima destinada à industrialização. Além do bloqueio nos acessos da área florestal, a falta de segurança no local não garante a tranquilidade dos trabalhadores da empresa.
O diretor de Operações da Araupel, Norton Fabris, afirma que, apesar da grave situação, a empresa segue operando e reforça o compromisso com o desenvolvimento local. Na região, o grupo continua grande empregador. Atualmente, trabalham 991 pessoas na unidade de Quedas do Iguaçu, o que representa cerca de 15% das vagas de trabalho formal no município.
"A Araupel e a sociedade aguardam um caminho seguro para a resolução do problema, pois as invasões estão prejudicando seriamente as operações da empresa. Temos uma história junto à comunidade local, são quase mil vagas de trabalho diretas, sem contar os empregos indiretos, os terceirizados, os fornecedores e toda a economia local fomentada e beneficiada pela geração de renda da Araupel.", afirma Norton Fabris.
Conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, o Paraná registrou mais demissões do que contratações nos últimos 12 meses. De outubro de 2015 a setembro de 2016, o saldo entre contratados e demitidos ficou negativo em 3,1% no estado, desempenho pior do que Santa Catarina (-2,6%) e Rio Grande do Sul (-2,8%) na região Sul. A situação não é diferente em Quedas do Iguaçu. Em setembro, também de acordo com dados mais recentes do Caged, as 253 demissões superaram as 156 admissões em todo o município.
O impacto da invasão das áreas de reflorestamento e do bloqueio à matéria-prima vai além do setor de silvicultura. Somando todas os departamentos, a Araupel reduziu o quadro de funcionários em 15% em Quedas do Iguaçu neste ano com a saída de 176 pessoas. Como comparação do tamanho dessa perda, o governo do estado divulgou com destaque em agosto que uma fabricante de cerveja gerou 85 empregos diretos em ampliação de uma unidade, mas para isso precisou investir R$ 241 milhões.
A madeira cultivada no reflorestamento da Araupel é encaminhada para a fabricação de molduras, painéis e componentes para móveis e construção civil em unidades da empresa. Conforme o diretor, vinham sendo plantados mil hectares por ano, até as invasões do MST restringirem o acesso às áreas de cultivo.
"Lamentamos as demissões no setor de silvicultura. Alguns colaboradores trabalhavam conosco há décadas. A manutenção dessas funções se tornou inviável porque as invasões impedem o andamento das atividades. A empresa segurou o máximo que pode, mas agora se viu forçada a tomar essa decisão", pondera Fabris que acredita no senso de responsabilidade das esferas envolvidas para a construção de uma solução segura para todos.
A Araupel é um grupo madeireiro 100% nacional, com 44 anos de história, sendo que as empresas fundadoras são de origem centenária.
Por Cláudia Paes