O reitor da UFFS, Jaime Giolo, abriu o evento falando da importância de discussões deste patamar para a Instituição, “já que os campi da UFFS estão situados numa região onde se encontram um grande número de comunidades indígenas”. Logo após iniciou os relatos das três docentes da Massey University, da Nova Zelândia, as quais realizam um trabalho de resgate e revitalização da Língua Maori. A primeira a falar foi Arianna Berardi-Wiltshire. A docente fez um relato sobre os projetos nos quais está envolvida e das várias atividades promovidas para resgatar a cultura Maori, “o único povo indígena da Nova Zelândia”.
Na sequência, Te Rina Warren deteve-se um pouco mais sobre a história da Língua Maori e das lutas para mantê-la viva. Warren comentou ainda sobre o impacto do contato com os povos europeus e o que isso representou em termos de redução do uso da língua nativa. “Mais recentemente houve uma reação na direção da preservação dos traços originais da Língua Maori com o estabelecimento de escolas só para os nativos. Preservar sua identidade é fundamental”, salienta.
Mari Te Ropata também forneceu pormenores dos programas de revitalização desenvolvidos por meio de escolas nas quais predomina a Língua Maori. Isso acontece em três níveis: básico (Te kohanga Reo), intermediário (Te Aha Matua) e universitário (Te Wananga o Raukawa). “Para a cultura Maori, todos que têm contato com as crianças são responsáveis pela sua formação”, entende Te Ropata.
A docente de origem Kaingang e doutoranda em Linguística, Márcia Nascimento, foi a próxima a falar, em especial sobre o projeto que desenvolve com a temática “Revitalização da Língua e Cultura Kaingang na Terra Indígena de Nonoai”. Márcia está realizando um diagnóstico detalhado da Língua Kaingang por meio de uma série de entrevistas. “O Kaingang é atualmente considerado definitivamente ameaçado de extinção, por isso precisamos tratar o núcleo do problema, a transmissão intergeracional dos costumes e da cultura original”, diz.
Uma das iniciativas para reverter o quadro foi mencionada pela antropóloga do Museu do Índio, do Rio de Janeiro, Chang Whan: o Ninho de Língua e Cultura Kaingang, situado no Território Índigena de Nonoai, no Rio Grande do Sul. Segundo Whan, “o idioma Kaingang é utilizado em todas as relações interpessoais, numa iniciativa que tem relação com o trabalho em andamento na Nova Zelândia”. Encerrou as falas o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Marcus Maia, o qual, além de fazer a tradução dos depoimentos e a mediação do encontro, mencionou seu trabalho sobre línguas indígenas brasileiras no Departamento de Linguística da Faculdade de Letras da UFRJ.
Por assessoria