Já a mãe da criança, Sara de Andrade Ferreira, de 21 anos, que chegou a ser presa no dia 9 de outubro e respondia em liberdade, foi condenada a três anos e quatro meses de prisão em regime aberto. A Justiça entendeu que ela sabia da situação e não teria tomado nenhuma providência para proteger a filha.
O advogado do empresário, William Paula de Souza, mas ele preferiu não se pronunciar sobre a decisão. Já o advogado de Sara, Rodrigo Rister de Oliveira, afirmou que iria até o Fórum para averiguar a situação antes de emitir qualquer declaração sobre o assunto. Scaranello fica em Tremembé até o juíz encontrar um penitenciária que cumpra o regime semi aberto com vaga aberta.
Ao considerar as imagens e vídeos como "chocantes", a justiça entendeu que Scaranelo "extrapolou 'a brincadeira de mau gosto'; agiu com perversidade, infantilidade extrema e exagero".
A Justiça ainda afirma que "ficou bem demonstrado que o réu se divertia ao castigar a criança e sua mãe nada fazia de concreto para impedir", concordando com a tese da acusação de que o empresário teria submetido a criança, na época com dois anos de idade, “a intenso sofrimento físico e mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo com emprego de violência e ameaça”.
A Justiça, entretanto, entendeu que os réus não tiveram a intenção de produzir cenas de material pornográfico, conforme a denúncia realizada no inquérito. O juiz destacou ainda, no texto da decisão, que o médico perito declarou que não houve, por parte dos réus, nenhum tipo de violência sexual contra a menina. "Infelizmente, tornou-se comum as pessoas, em rede social, na internet e utilizando os recursos de telefonia, 'compartilharem' fotos de crianças com pouca roupa, ou até mesmo sem roupa. Não vejo com bons olhos ficar expondo crianças e adolescentes, na internet, mas é uma questão cultural e educacional que teremos que trabalhar e discutir muito", escreve.
Entenda o caso
O empresário Maurício Scaranello foi preso na casa onde mora, em um condomínio de luxo em Araçatuba (SP), em 26 de setembro. A polícia disse que a menina estava trancada sozinha dentro de um quarto e que encontrou fotos da enteada nua no celular dele. Os policiais chegaram até o local depois que uma denúncia anônima alertou para a existência de vídeos de possíveis torturas contra a criança.
No celular dele, alguns vídeos com esse conteúdo foram localizados. Em um deles, a menina aparece andando com as pernas amarradas com uma fita adesiva, comendo cebola achando que era maçã e pedindo para o padrasto deixá-la dormir. A polícia também confirmou que mãe da criança também participava da gravação de alguns vídeos e ela também foi presa.
A mãe perdeu a guarda da filha depois que que um laudo da perícia feita no computador e nos celulares do casal mostrou que ela também participava de alguns vídeos.
Scaranello já prestou depoimento duas vezes. Segundo informações da delegada titular da Delegacia de Defesa da Mulher, Luciana Pistori, o padrasto disse, em depoimento, que os vídeos faziam parte de uma brincadeira. “O padrasto disse que era tudo uma brincadeira e em nenhum momento ele queria judiar da criança. Acho que ele tinha consciência das atitudes que tomou", afirmou.(Com G1)