A soltura dos agentes ocorreu cerca de duas horas depois do fim das negociações entre a a Polícia Militar (PM) e os presos rebelados. O motim na unidade começou às 11:30 hrs de segunda, dia 13, quando cerca de 40 presos se deslocavam para o canteiro de trabalho, dentro da própria unidade, e aproveitaram a oportunidade para render 13 agentes.
Sem ferimentos físicos graves, alguns dos agentes deixaram a unidade de maca. O restante saiu andando, sob aplausos de familiares que aguardavam ao lado de fora da PIG. Segundo o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), todos os trabalhadores foram encaminhados ao hospital.
“Finalmente, depois de mais de 48 horas, acabou. Até quando os agentes vão ter que viver esse pesadelo?”, declarou, aos jornalistas, a vice-presidente do sindicato Petruska Niclevisk Sviercoski. “Não dá mais para prorrogar o cumprimento de melhores condições de trabalho”, acrescentou.
Mesmo com a saída dos agentes, até as 11:40 hrs a rebelião não havia sido finalizada oficialmente. Isso porque entre cinco e seis detentos que cumprem pena por crimes sexuais ainda eram mantidos reféns pelos rebelados.
Com a saída dos agentes e a promessa de rendição dos presos, a Polícia Militar – que atuou diretamente nas negociações – entrou na penitenciária.
Acordo
Policiais militares que negociavam diretamente com os presos rebelados na Penitenciária Industrial de Guarapuava conseguiram fechar um acordo para acabar com a rebelião na unidade por volta das 9:30 hrs desta quarta, dia 15. A Seju informou, por volta das 9:35 hrs, que os presos “cederam” o fim dos atos de revolta em troca da remoção de 28 detentos do local.
Conforme a secretaria, ainda não há uma definição sobre o destino dos detentos que serão transferidos. Assim que o acordo foi fechado, sabia-se apenas que as remoções seriam feitas para, pelo menos, um outro estado. Na terça, dia 15, a Polícia Militar (PM) havia informado que presos exigiam transferências para Santa Catarina, o que não foi confirmado pela Seju.
Com as negociações concluídas, os cerca de 40 presos que comandam a revolta deixaram o telhado prédio da unidade, onde permaneceram durante todo o motim. Eles também tiraram o refém que era mantido amarrado ao para-raios do prédio. Por este “esquema” passaram vários reféns.
Em entrevista, o 1º Tenente Fábio Zarpelon, porta-voz da PM durante a rebelião, acrescentou que, além das transferências, autoridades que atuam na pasta de segurança pública se comprometeram a realizar melhorias no presídio. As outras duas reivindicações dos presos – troca na direção e a análise de progressão de pena para quem teria direito – não foram aceitas.
Nesta tarde, uma nova entrevista será concedida pela PM para detalhar as exigências feitas pelos presos, bem como a atual situação no interior do presídio.
Reféns
Uma suposta liberação de um agente penitenciário, por volta das 20:30 hrs desta quarta, dia 15, foi anunciada pela Seju. A soltura, contudo, não foi confirmada pela PM e o Sindarspen, o que manteve a relação de dez trabalhadores sob mira dos rebelados até que todos fossem liberados.
Além dos agentes, entre cinco e seis presos que cumprem pena por crimes sexuais continuam reféns.
Reféns libertados
Antes da libertação de todos os dez agentes restantes, três deles já haviam sido liberados pelos presos. A última destas ocorreu por volta das 17:30 desta terça, dia 14. O trabalhador chegou a permanecer no teto da PIG com uma corda envolta em seu pescoço, e foi encaminhado a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) assim que deixou a unidade. Apesar da situação a que foi exposto, ele passa bem.
Também nesta terça, um agente foi solto em troca da garantia de almoço para os presos. Segundo o 1º Tenente Fábio Zarpelon, o trabalhador sofre de hipertensão arterial e diabetes. Quando começou a revolta – às 11:30 de segunda, dia 13 – 13 agentes foram rendidos pelos presos.
O primeiro foi solto ainda na tarde de segunda, depois de ter sido queimado com cola quente. Alguns dos presos permitiram a retirada do trabalhador para que ele fosse encaminhado a uma unidade médica. Esse mesmo agente voltou à unidade nesta manhã, temendo pela vida dos companheiros. Ele acompanhou a situação do lado de fora da PIG na terça e não quis falar com a imprensa, por estar muito abalado.
Tensão marca segundo dia do motim
Além do terceiro agente solto, que teve a corda envolta em seu pescoço, outros dois reféns foram levados ao teto da penitenciária por volta de 16:30 hrs desta terça. Um foi amarrado ao para-raios e teve o corpo envolvido com um colchão. O outro, que estava apenas de cueca, apanhou bastante.
Primeiro dia da revolta
Agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da PM, iniciaram as negociações por volta das 17 horas de segunda. Durante as conversas, treze reféns foram jogados do telhado da unidade com as mãos amarradas. Todos sofreram apenas ferimentos leves e passam bem, conforme a Seju. O Sindarspen, no entanto, informou que um dos presos teve traumatismo craniano após ser jogado do telhado, segundo informações do Serviço de Atendimento Móvel de Emergência (Samu).
Também no primeiro dia de rebelião uma grande quantidade de fumaça pôde ser observada saindo da PIG. Nesta terça, o Sindarspen disse que a fábrica da unidade foi queimada. No espaço eram produzidas botinas e luvas para uso de proteção individual. A parede da parte de trás do recinto onde ficava a fábrica chegou a rachar. A Seju confirmou o fato, mas disse que o incêndio atingiu apenas um dos dois canteiros de trabalho existentes na unidade.
Por Plácido Damiani (Rádio Campo Aberto)