O número é o resultado da soma dos que se ausentaram, votaram em branco ou anularam o voto, e dá o tamanho do desinteresse e da rejeição do eleitorado à política no Estado. Caso esses mesmos eleitores resolvessem votar, poderiam eleger até 19 deputados estaduais e seis deputados federais. No caso da Assembleia Legislativa, seria a maior bancada da Casa, superando os doze eleitos pelo PSC de Ratinho Júnior.
Para se conquistar uma cadeira na Assembleia é preciso que o candidato independente, com apenas o próprio partido na chapa, consiga o quociente eleitoral, que significa o número de votos válidos (5.756.597 neste ano) dividido pelo número de cadeiras na Assembleia. O relatório do Tribunal Superior Eleitoral com o número de abstenções justificadas deve ser divulgado até dezembro, já que os eleitores que faltaram podem justificar em até 60 dias após a votação. A média de votos justificados é de 60 % das abstenções, segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR).
O coordenador de comunicação do TRE, Marden Machado, as abstenções estão dentro da média histórica do Paraná. “Não tivemos aumento significativo se comparado às eleições passadas”, afirma. Em 2010, foram pouco mais de 1,2 bilhão de abstenções.
Para o cientista político Emerson Cervi, a pouca variação do número de eleitores que decidiram não votar confirma que o comportamento dos eleitores não teve influencia das manifestações ou propostas de reforma política. “Os votos brancos e nulos são uma decisão legítima do eleitor; ele viu os candidatos disponíveis e optou por não escolher nenhum, é uma decisão convicta”, analisa.
Segundo turno - Cervi ainda prevê um aumento das abstenções no segundo turno da eleição para presidência da República. “Historicamente o número de abstenções aumenta no segundo turno, o que mostra que o voto é do eleitor e não do candidato”, avalia. Segundo o cientista político, as abstenções são mais comuns em países desenvolvidos e ele não acredita na falta de interesse na política. “Por ser obrigatório, mesmo que de maneira simbólica, as pessoas tem medo e acabam votando; a influencia desses votos sempre foi percebida. Na eleição que o Requião venceu o Osmar Dias por menos de 1% dos votos, só os presos provisórios com direito a voto já representavam mais votos do que a diferença entre os dois”, compara. (Com Bem Paraná)