O Paraná registrou queda de 75% nos roubos a instituições financeiras entre 2018 e 2024.
Foram 24 ocorrências naquele ano e apenas seis no mais recente levantamento. Com esse resultado, o Estado passou a figurar entre os cinco com menor número de crimes desse tipo no País. Na comparação entre 2023 e 2024, a redução foi de 38,5%, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o que reforça a tendência de queda contínua na modalidade.
A redução é resultado de uma política prioritária da Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná (Sesp) no enfrentamento a organizações criminosas especializadas em ataques a bancos e carros-fortes.
O secretário da Segurança Pública, Hudson Leôncio Teixeira, atribui os resultados à integração das forças policiais e ao planejamento estratégico implementado desde o início da atual gestão. “Os avanços que temos conquistado refletem o fortalecimento da inteligência policial, a atuação coordenada entre as corporações e o investimento constante promovido pelo governo Ratinho Junior”, disse.
OPERAÇÕES – Em janeiro de 2025, uma ação conjunta da Polícia Civil do Paraná (PCPR) e da Polícia Militar do Paraná (PMPR) resultou na desarticulação de um grupo criminoso em Ponta Grossa. nos Campos Gerais. Durante a operação, houve confronto armado, e os policiais apreenderam fuzis, uma metralhadora calibre .50, explosivos, um carro blindado e coletes à prova de balas.
Nos meses seguintes, a investigação avançou com novas ações em Foz do Iguaçu e Matinhos. Em abril, mandados de busca e apreensão foram cumpridos contra suspeitos de integrar a mesma quadrilha. Um dos alvos, investigado por envolvimento em um roubo à Caixa Econômica Federal em Itaperuçu, foi preso em Foz do Iguaçu.
Em maio, sete integrantes de outro grupo criminoso foram presos durante operação conjunta das polícias do Paraná e de Santa Catarina, com prisões efetuadas em Maringá, Sarandi e Joinville.
Já em julho, uma nova operação integrada prendeu dez suspeitos de envolvimento na tentativa de roubo a uma agência do Banco Itaú em Bocaiúva do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba. A ação foi realizada em Colombo, na mesma região, menos de uma semana após o crime. Na ocasião, foram apreendidos simulacros de armas, drogas, celulares e dinheiro em espécie.
INCIDENTE MARCANTE – Em 2022, as polícias do Paraná prenderam integrantes de uma quadrilha envolvida em um mega-assalto no estilo “novo cangaço”, em Guarapuava. A ação criminosa durou cerca de quatro horas e mobilizou intensa resposta das forças de segurança. Um policial militar morreu, outro ficou ferido e um terceiro foi salvo por seu colete balístico.
“Esse incidente marcou a polícia do Paraná e é um exemplo da dedicação dos seus integrantes no combate ao crime organizado. Tornou-se também um estímulo para todos nós das forças de segurança, reforçando o compromisso de impedir a ação desses criminosos”, afirmou o secretário.
O combate a esse tipo de crime segue como prioridade da segurança pública estadual, com foco na desarticulação de quadrilhas, no uso da inteligência policial e na ampliação da integração entre as forças.
ANUÁRIO – Dados do 19º Anuário de Segurança Pública também mostram que homicídios dolosos caíram 10% e o número de roubos reduziu 23,7% no Paraná em 2024, em relação a 2023. O Paraná não tem nenhum município entre os mais violentos do País e está entre os seis com as menores taxas de mortes violentas intencionais, acima da média nacional.
Outro destaque é o volume de apreensão de drogas, com o Paraná responsável por mais de um terço de todos os entorpecentes retirados de circulação no Brasil no ano passado. O Estado respondeu por 36,5% das apreensões de maconha e cocaína no País em 2024. Foram 769,4 mil kg (769 toneladas) apreendidos, tanto pelas forças de segurança estaduais (Polícia Militar e Polícia Civil), quanto pelas forças federais. Em todo o País foram retiradas de circulação cerca de 2,1 milhões de quilos de drogas.
Por - AEN
A chegada de uma massa de ar polar trouxe novamente o frio para o Paraná neste inverno. Com exceção do Litoral, esta terça-feira (29) amanheceu com temperaturas abaixo de 9°C em praticamente todo o Estado, e algumas cidades tiveram sensação térmica negativa por conta da presença de vento.
De acordo com o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), esse é só o começo: na quarta (30) o frio ficará mais intenso e só perderá força na sexta-feira (01).
O declínio acentuado das temperaturas começou na segunda-feira (28). Entre o início da tarde e o fim da noite os valores caíram entre 10°C e até 14°C em algumas cidades. Na Capital, por exemplo, 14h a temperatura média era de 19,4°C e à 0h de terça (29) já estava em apenas 9°C. Em Cambará às 16h a temperatura média era de 23,8°C e à 0h de terça era de 11,7°C. Em Cerro Azul às 14h a temperatura média era de 24,4°C e à 0h de terça estava em 10,6°C.
As menores temperaturas no amanhecer desta terça-feira (29) foram em Guarapuava (1,9°C), São Mateus do Sul (2°C) e Lapa (2,5°C). As mais altas e únicas acima de 9°C em todo o estado foram no Litoral: Paranaguá (12,4°C), Guaratuba (12,2°C) e Morretes (11,8°C). A sensação térmica foi ainda mais baixa, chegando a valores negativos em algumas cidades, por conta da presença de vento: Santa Maria do Oeste (-1,2°C às 6h30), Lapa (-0,4°C às 7h), e Guarapuava (-0,5°C às 6h30).
Algumas estações meteorológicas do Simepar registraram nesta terça-feira a temperatura mais baixa de julho de 2025. Elas ficam em Antonina (8,6°C), Cerro Azul (5°C), Distrito de Entre Rios em Guarapuava (1,9°C), Cornélio Procópio (7°C), Santa Maria do Oeste (3,8°C) e Santo Antônio da Platina (6,5°C).
“Ao longo do dia, com o predomínio do sol, o vento perde intensidade e deixa a sensação térmica mais condizente com o valor de termômetro. Mas mesmo assim não esquenta muito. As máximas mais altas estão previstas perto do Noroeste e Norte Pioneiro, em torno dos 20°C”, explica Lizandro Jacobsen, meteorologista do Simepar.
No Litoral as temperaturas podem chegar a 19°C nesta terça (29), e no resto do estado não devem passar de 15°C. Já na quarta-feira (30), o frio ganha intensidade e aumenta o risco de formação de geadas. “Como fica sem vento e as temperaturas inferiores aos 5°C nos termômetros em toda a metade Sul paranaense, há risco de geada forte no Centro-Sul, moderada nos Campos Gerais, e fraca a moderada na Região Metropolitana de Curitiba”, afirma Jacobsen.
Na quinta-feira (30) o frio continua e há risco de geadas menos abrangentes nas mesmas regiões. A massa de ar polar só perde força na sexta-feira.
SIMEPAR – Com uma estrutura de 120 estações meteorológicas telemétricas automáticas, três radares meteorológicos e cinco sensores de descargas atmosféricas, o Simepar é responsável por fornecer dados meteorológicos para órgãos como a Coordenadoria da Defesa Civil e a Secretaria do Desenvolvimento Sustentável, de modo a facilitar ações de resposta a situações extremas. São monitoradas desde situações causadas por chuvas extremas, como enxurradas, deslizamentos e alagamentos, até situações como incêndios e secas.
Dados mais detalhados da previsão do tempo para os 399 municípios paranaenses estão disponíveis no site www.simepar.br. A previsão tem duas atualizações diárias. Para cada cidade é possível saber o quanto deve chover, temperaturas mínimas e máximas previstas, umidade relativa do ar e vento, com detalhamento por hora para a data e o dia seguinte.
Por - AEN
Com objetivo de valorizar os profissionais das forças de segurança do Paraná, o governador Carlos Massa Ratinho Junior assinou nesta segunda-feira (28) o
, que autoriza a promoção de 627 policiais penais do Estado. As promoções, por critérios de merecimento, passam a valer a partir da publicação do decreto no Diário Oficial.A medida reconhece o trabalho dos servidores do Quadro Próprio da Polícia Penal do Estado do Paraná, que atuam no sistema prisional garantindo a ressocialização das pessoas privadas de liberdade e a segurança do restante da população. O processo beneficia servidores ativos que atendem os critérios para a promoção definidos pela Lei Complementar 245/22.
As promoções atingem servidores de diferentes classes na corporação. Do total, 10 policiais penais foram promovidos para classe I, 45 para classe II, 29 para classe III, 12 para classe IV, 8 para classe V, 409 para classe VI, 10 para classe VII, 7 para classe VII, 92 para classe IX, 2 para classe X e 3 para classe XI.
POLÍCIA PENAL – O Departamento de Polícia Penal do Paraná (Deppen) foi instituído em 2021, com a promulgação da Emenda Constitucional nº 50, que equiparou a Polícia Penal às demais corporações policiais do Estado.
Com a reestruturação da carreira, a atividade policial passou a se basear em critérios de hierarquia, sendo definidos níveis funcionais e normas disciplinares. Isso possibilitou a criação do Quadro Próprio da Polícia Penal e da Função Privativa-Policial, voltados exclusivamente aos policiais penais.
A mudança também consolidou a transferência definitiva da gestão das carceragens para a Polícia Penal, que assumiu integralmente as atribuições de fiscalização, controle e segurança das unidades prisionais estaduais.
Por - AEN
Nesta segunda-feira (28), quando se celebra o Dia Mundial da Conservação da Natureza, o Paraná reforça seu compromisso não apenas com a proteção do meio ambiente, mas também com a recuperação do que dele foi perdido: os viveiros do Instituto Água e Terra (IAT), órgão vinculado à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), fecharam o primeiro semestre de 2025 com a distribuição de 1,4 milhão de mudas de espécies nativas.
O número representa um aumento de 49,7% em relação ao mesmo período do ano passado — quando foram entregues 935 mil mudas — e deve contribuir para a restauração de 1.260 hectares de mata nativa em todo o Estado, área equivalente a 1.764 campos de futebol. Desde 2019, já são mais de 12 milhões de plantas distribuídas pelo IAT.
“O Paraná não registra apenas a queda expressiva no desmatamento, mas também amplia sua área verde e conservada por meio dessa distribuição maciça de mudas. É mais respeito à Mãe Natureza, o zelo ambiental em ação, com amor às nossas matas", destaca o secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável, Rafael Greca.
As mudas produzidas pelos 19 viveiros e dois laboratórios de sementes do IAT são de espécies da flora nativa. Plantas que estão ajudando a reflorestar locais que precisam ser recuperados ambientalmente ou mais bem arborizados, sejam eles localizados em espaços urbanos ou rurais. O órgão produz mudas de mais de 100 espécies diferentes, incluindo 25 ameaçadas de extinção, como a araucária (Araucaria angustifolia) e a imbuia (Ocotea porosa).
De acordo com a bióloga da Divisão de Distribuição de Mudas Nativas do IAT, Roberta Scheidt Gibertoni, o aumento no repasse de espécies nativas reflete uma crescente conscientização ambiental da sociedade, além do fortalecimento de políticas públicas voltadas à restauração de áreas degradadas.
“Hoje vemos um crescimento exponencial na demanda por mudas de espécies nativas. Isso se dá tanto pelo maior entendimento sobre a importância da recuperação da vegetação quanto pela necessidade de cumprir exigências legais e compensações ambientais relacionadas ao licenciamento de obras e empreendimentos”, explica.
Ela reforça os impactos positivos da restauração ambiental na qualidade de vida da população paranaense. “Ao plantar espécies nativas, estamos melhorando a qualidade do ar e da água, mitigando os efeitos das mudanças climáticas, protegendo a biodiversidade e promovendo saúde física e mental”, ressalta. “Além disso, a recuperação dos ecossistemas florestais cria espaços mais arborizados, propícios ao lazer e ao bem-estar”.
Roberta destaca ainda o planejamento que há por trás das entregas de mudas, com ações planejadas pelo IAT com foco na biodiversidade. “Buscamos garantir diversidade de espécies, incluindo aquelas com algum grau de ameaça de extinção. Isso vai estimular o requerente a também plantar uma variedade de espécies, criando florestas ricas em vegetação. Essa combinação proporciona uma melhor qualidade ambiental, garantindo a manutenção da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos”, afirma.
COMO SOLICITAR – O trabalho dos viveiros atende a uma ampla gama de projetos e programas — estaduais e federais — voltados à recuperação da vegetação nativa. Entre eles, destacam-se o Programa de Regularização Ambiental (PRA), o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), o programa Paraná Mais Verde e o programa Asfalto Novo, Vida Nova. As mudas também são usadas em projetos de pesquisa, plantios voluntários, eventos e iniciativas de reflorestamento urbano e rural.
Os interessados podem solicitar mudas por meio do Sistema de Gestão Ambiental (SGA). O pedido passará por uma análise técnica do IAT. Caso seja aprovado, será encaminhado um e-mail ao requerente, com as informações do local de retirada das mudas e a documentação necessária.
Por - AEN
O Programa de Destinação de Lodo de Esgoto para agricultura, da Sanepar, comemora nesta segunda-feira (28), Dia do Agricultor, mais de duas décadas proporcionando aumento de produtividade e beneficiando pequenos produtores das mais diversas culturas agrícolas do Estado. Só no ano passado, 132 agricultores participaram do programa que disponibiliza gratuitamente o produto, também chamado de biossólido, um excelente adubo para a agricultura.
O diretor-presidente da Sanepar, Wilson Bley, ressalta que, como empresa pública, a companhia está presente na vida dos paranaenses. “Somos uma empresa comprometida com a qualidade de vida e por meio do incentivo à economia circular e aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, mantemos programas que atendem às diversas necessidades das pessoas. Desde a promoção da saúde, com água tratada e coleta e tratamento de esgoto até desenvolvimento socioeconômico, com impulso na geração de renda e produtividade agrícola”, diz.
Em mais de duas décadas, o programa já destinou cerca de 500 mil toneladas de fertilizantes para a agricultura, beneficiando mais de mil agricultores. Somente em 2024, foram atendidos 59 municípios do Paraná, totalizando 3.350 hectares. Rico em matéria orgânica e nutrientes (principalmente nitrogênio, fósforo e enxofre), o lodo auxilia na correção do pH do solo e fornece cálcio e magnésio por receber aplicação de cal no processo de higienização.
A Sanepar mantém 60 Unidades de Gerenciamento de Lodo (UGLs) espalhadas pelo Estado. No local, o material é devidamente higienizado para atender a legislação. Até a aplicação no solo, todo o processo é acompanhado e monitorado para o uso seguro.
Responsável técnico pelo Programa da Sanepar no Noroeste, a agrônoma Sandra Regina da Silveira diz que é possível conhecer mais sobre a iniciativa no site da Sanepar. “Na aba Sustentabilidade existem questionários com perguntas e respostas, o processo completo, folder de divulgação, além do pré-cadastro para quem deseja saber mais e participar do Programa”, afirma.
Ela lembra que a Sanepar fornece o lodo de forma gratuita para agricultores cadastrados, com áreas agrícolas aptas e culturas permitidas. Isto, conforme a disponibilidade do lodo em cada região do Paraná. “O agricultor não paga nada pelo material, nem pelo transporte, e ainda recebe acompanhamento técnico para a aplicação”, ressalta.
BENEFÍCIOS – O biossólido pode ser aplicado em culturas frutíferas, de cobertura, como aveia, café, cana-de açúcar, milho, soja e trigo. Não é recomendado o uso em pastagens, áreas de integração lavoura-pecuária-floresta, hortas, tubérculos, raízes, culturas inundadas e cuja parte comestível entre em contato com o solo.
Dirceu Vitorino é um dos agricultores que destaca os benefícios do Programa. Ele tem cultura de abacate na região Norte do Paraná, e há quatro anos é um dos parceiros da Sanepar. Dono de uma pequena propriedade, ele lembra que de início ficou um pouco desconfiado, mas com as explicações dos técnicos da Sanepar resolveu aderir.
“Depois que passei a usar, a lavoura ficou mais uniforme, os frutos mais lisos, sem manchas e aumentou a produtividade. Na primeira vez, depois de seis meses, já vi diferença na lavoura. Outro benefício que percebi foi em relação à compactação da terra. Depois que usei o biossólido, a terra ficou naturalmente mais fofa, o que é muito bom pra lavoura”, afirma Dirceu, que também diz que já ajudou a divulgar o programa e convenceu agricultores vizinhos a fazerem a inscrição para receber o produto.
Para o engenheiro agrônomo Julio Augusto, que trabalha com 236 famílias de um assentamento rural em Mariluz, no Noroeste do Estado, além dos benefícios para a terra, com melhora do solo, o lodo distribuído pela Sanepar também contribui para o aumento da produtividade e, consequentemente, para o aumento de renda.
“Tem o caso de uma das famílias que plantam milho para silagem. Eles estavam com baixa produtividade e não tinham recursos financeiros para comprar fertilizantes. Com o Programa da Sanepar, eles conseguiram aplicar e já têm resultados positivos. O aumento na produtividade na primeira aplicação foi de 10%. E, provavelmente, no próximo ano também haverá maior produtividade, aumentando a renda da família”, diz.
O agrônomo também ressalta que os pequenos agricultores muitas vezes não têm como investir em fertilizantes industriais. “Muitas vezes, eles não conseguem ter recursos para investir e com o lodo podem, além melhorar o solo, economizar até em aplicação de calcário, por exemplo, reduzindo o custo de produção”, comenta.
HISTÓRIA – O programa de uso do lodo de esgoto existe na Sanepar desde 2000. Os primeiros agricultores a utilizarem o biossólido foram os da Região Metropolitana de Curitiba. No Interior, a primeira cidade a participar do Programa foi Foz do Iguaçu, no Oeste, onde a distribuição para os agricultores começou em 2002.
O Programa de Lodo Agrícola da Sanepar já foi premiado e reconhecido nacional e internacionalmente. Uma das premiações foi pelo Instituto Trata Brasil na categoria Inovação e Tecnologia. Além disso, a Sanepar também foi reconhecida pelo Pacto Global da ONU na COP28 por seu programa, que inclui o uso do lodo em áreas agrícolas.
Os agricultores que tenham interesse em participar do programa podem fazer seu cadastramento/inscrição no site da Companhia, na aba Sustentabilidade.
Por- AEN
Uma semana para alertar que o tráfico de pessoas continua a violar direitos e destruir vidas em todo o mundo. De 28 de julho a 2 de agosto, acontece a Semana de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, que integra a campanha Coração Azul, mobilização que chama a atenção para uma das mais graves violações de direitos humanos da atualidade.
Em todo o mundo, milhares de pessoas são exploradas em situações de trabalho forçado, escravidão doméstica, exploração sexual e outras formas de violência.
Vitor (nome fictício) foi vítima do tráfico de pessoas. Ele relata que recebeu uma oferta de emprego por um amigo de infância para trabalhar no continente asiático. Mas, chegando lá, era obrigado a fazer serviços ilegais, proibido de sair, vigiado o tempo todo e ameaçado. “Lá a gente tinha que comer o que eles davam, havia horário pra comer, horário para trabalhar e para voltar para o quarto e ficar trancado”, conta.
Quando percebeu que aquilo era tráfico de pessoas, conseguiu escapar, mas afirma que até hoje os traumas ficaram. “Isso virou o meu mundo de cabeça pra baixo, porque deixei muita coisa de lado. Eu tinha um bom emprego e uma vida boa. Essas coisas não voltaram. Fora que a mente fica mexida. Minha cabeça foi vendida por mil doláres”, lembra.
Outra que felizmente conseguiu escapar das mãos do tráfico internacional de pessoas foi Maria (nome fictício). Ela conta que foi aliciada com uma proposta de ganhar dinheiro na Europa, mas, ao chegar lá, as coisas foram para um lado obscuro.
O rendimento não era o esperado, as condições de trabalho eram humilhantes e a jovem não podia ter contato com seus parentes e amigos no Brasil. “Quando percebi, já era tarde. Eu já estava refém, sem contato algum com pessoas aqui no Brasil. Por sorte consegui fugir junto com uma amiga que também caiu no golpe. Fomos até a polícia local e à embaixada do país em que estávamos. O que era quase impossível, por sorte deu certo”, relata.
Lucas (nome fictício) também foi aliciado com uma promessa tentadora de emprego, por alguém próximo da família. Na ocasião, vendeu seus bens por acreditar estar investindo no futuro profissional. Ao chegar à Ásia, se deparou com uma realidade cruel: foi impedido de sair, mantido em cárcere, teve seus documentos e dinheiro retidos.
Depois de conseguir escapar e tentar se reerguer, faz um alerta. “Se você recebeu uma proposta, seja dentro do Brasil ou não, desconfie, pare pensar, ainda mais se o valor for muito alto. Tem que tomar muito cuidado com tudo e não confiar em ninguém”, destaca.
Maria, Vitor e Lucas procuraram o Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Paraná, da Secretaria de Justiça e Cidadania, e receberam todo o acompanhamento necessário. E, como alerta, dão voz a outras vítimas que têm medo de denunciar. “Esse crime pode acontecer com qualquer um e quero alertar as pessoas para que sempre se mantenham atentas a propostas tentadoras e suspeitem ao máximo de tudo que oferecerem”, diz Maria.
Segundo Valdemar Jorge, secretário de Justiça e Cidadania, a existência desse crime é um chamado para a ação. “É um absurdo pensar que nos dias atuais ainda precisamos falar em tráfico de pessoas. É algo que nunca deveria ter existido na história da humanidade. Mas, como continua a acontecer, não podemos nos calar. É algo que deve ser combatido com todas as nossas forças. Denuncie!”, orienta.
“O tráfico de pessoas é um crime em movimento e silencioso. A maior repressão que podemos realizar é a prevenção”, afirma Silvia Cristina Xavier, coordenadora do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da Seju.
CONSCIENTIZAÇÃO – Para marcar a semana de conscientização, o Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas está promovendo, em conjunto com parceiros, ações de conscientização para toda a população em diferentes locais do Paraná. Entre as atividades estão programadas distribuição de panfletos, materiais gráficos, exposições artísticas, palestras, seminários e propagação de informações.
No sábado (26), ocorreram ações em Foz do Iguaçu. No domingo (27), em São José dos Pinhais. Nesta segunda (28), voluntários da Jocum (Jovens com uma missão) fizeram alertas na Rodoferroviária de Curitiba.
As ações continuam nesta terça (29) e, no dia 30, haverá em Curitiba o Seminário Estadual de Enfrentamento de Tráfico de Pessoas, com representantes dos governos federal e estadual e também de municípios paranaenses. A programação continua até 2 de agosto.
Em todos os locais, os participantes chamam a atenção do público com encenações sobre o tráfico humano. Há pessoas dentro de carrinhos de supermercados, como se fossem mercadorias. Malas abertas com homens e mulheres dentro, e pessoas amarradas ou sendo puxadas por cordas também são mostradas, entre outras representações.
Há, ainda, distribuição de materiais com orientações para denúncias e, para as crianças, corações moldados em balões na cor azul.
“Essa ação é muito importante para nossa sociedade como um alerta, porque muitos ainda são vistos como mercadorias. A informação é o que salva vidas”, relata Neusa Dias, de 63 anos, moradora de São José dos Pinhais.
Por - AEN