'Batman' é ótima adaptação do herói, mas história se perde ao longo das 3 horas duração

Com quase três horas de duração, não seria bem exagero falar que o novo "Batman", que estreia nesta quinta-feira (3) nos cinemas brasileiros, tem mais ou menos dois filmes dentro de si.

Na primeira metade, a nova versão do homem-morcego com Robert Pattinson (de "O farol", mas mais conhecido pela saga "Crepúsculo") com o capuz e a capa, é uma das melhores adaptações da estética e da linguagem dos gibis.

A narração afetada, a história com idas e vindas pontuais, mas certeiras, os cenários que retratam um mundo fictício muito vivo. Tudo lembra capítulos mais memoráveis do herói da DC nos quadrinhos e graphic novels (as obras mais fechadas e, muitas vezes, mais "adultas" do personagem).

Já a parte final é uma grande representação de uma das maiores características do diretor Matt Reeves (dos últimos dois filmes da trilogia "Planeta dos macacos").

Ao assumir a quarta versão cinematográfica do Batman e dividir o roteiro com Peter Craig ("Bad Boys para sempre"), o cineasta mostra seu talento em construir filmes com visuais e narrativa atraentes. Ao mesmo tempo, esses filmes parecem não saber muito bem para onde ir, com conclusões arrastadas e até frustrantes.

Nas sombras mais uma vez

"Batman" serve como um recomeço – sim, mais uma vez – para o personagem nos cinemas. Pelo menos não é outra história de origem, com um homem-morcego já estabelecido em sua luta contra o crime na cidade de Gotham. O público finalmente é poupado de mais uma cena de um colar de pérolas partido em câmera lenta em um beco escuro.

Com a investigação de uma série de mortes cometidas por um assassino serial que deixa pistas para o protagonista sob a alcunha de Charada (Paul Dano), o enredo constrói uma boa desculpa para trazer um dos fundamentos do personagem menos retratados nos cinemas.

Este é, afinal, o maior detetive do mundo (dos quadrinhos da DC).

Por outro lado, fãs das HQs podem estranhar as mudanças no vilão, que abandona sua origem cerebral de gênio do crime para vestir uma roupagem mais parecida a de psicopatas violentos como o de "Seven - Os sete crimes capitais" (1995).

No fim, ele ainda assume um lado incel/alt-right um pouco mais perturbador do que talvez até os próprios autores gostariam.

Pattinson consegue um bom equilíbrio com seu Batman. Por sorte, não há qualquer tentativa de uma voz gutural como a de Christian Bale na trilogia de Christopher Nolan.

Infelizmente, isso tem um custo, com um Bruce Wayne, o alter ego do herói, mais nas sombras do que o próprio Cavaleiro das Trevas.

Isso até ajuda a esquecer um pouco o fato de que o personagem é, no fim das contas, um bilionário que bota armadura para esmurrar criminosos sem consequências, mas também enfraquece um ponto importante do plano mirabolante (e um pouco tonto) do antagonista.

Paul Dano, Zoë Kravitz, Colin Farrell... (que elenco!)

Erros e acertos da escalação de Pattinson e Dano à parte, "Batman" conta com um dos melhores elencos de todos os filmes do herói.

Zoë Kravitz ("Big little lies") entrega a Mulher-Gato mais atraente e instigante desde Michelle Pfeiffer em "Batman: O Retorno" (1992), e Colin Farrell ("O lagosta"), ainda um dos atores mais subvalorizados de Hollywood, rouba todas as suas cenas como o Pinguim.

Jeffrey Wright ("007 - Sem tempo para morrer"), por sua vez, apresenta sua habitual competência como um novo futuro comissário Gordon, e consegue se sair bem da inevitável comparação com a interpretação de Gary Oldman no papel.

Além deles, participações de luxo como as de Peter Sarsgaard ("Lanterna Verde") e John Turturro ("Barton Fink") ajudam a manter o público engajado mesmo nos momentos mais arrastados da trama. Ela começa forte, mas aos poucos mostra que não sabe muito bem para onde ir.

Tempo demais, escuridão demais

E este é o principal problema de "Batman", que sofre de uma escuridão perpétua que ultrapassa em muito o argumento de que o herói se favorece mesmo nas sombras.

Um roteiro deve conquistar o direito de manter uma duração tão grande, e a história de Reeves certamente não chega lá.

Tudo bem, a proposta de dissecar a complexa história política e criminal da cidade junto dos planos do vilão era ousada, mas cabe aos autores a obrigação de manter todos os seus elementos coesos, sob o risco de perder o interesse dos espectadores.

Quando mais um dos muitos antagonistas é superado e o objetivo do Charada ainda não está nem perto de ser esclarecido, é um pouco inevitável se sentir tal qual o meme de John Travolta olhando de um lado para o outro enquanto segura seu sobretudo em "Pulp Fiction" (1994).

Para piorar, a conclusão repentinamente toma tons grandiosos demais, em especial para um herói urbano, com muitas coisas – pouco interessantes – acontecendo ao mesmo tempo. Ironicamente, é um final aquém das promessas do enredo. Deixa um gosto amargo após tanta espera.

"Batman" é um ótimo recomeço para o personagem nos cinemas, mas que não sabe direito como e quando terminar.

O filme tem elementos bons o suficiente para garantir o futuro para mais uma franquia, só precisa aprender com seus erros – pelo menos ele tem tempo de sobra para isso.

 

 

 

 

 

 

Por -G1

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Com foco na educação, CNBB lança a Campanha da Fraternidade 2022

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou oficialmente, nesta quarta-feira (2), a Campanha da Fraternidade de 2022.

Com o tema "Fraternidade e Educação" e o lema bíblico "Fala com sabedoria, ensina com amor", o objetivo da Campanha, segundo a entidade, vai além dos problemas na educação ao também "refletir sobre os fundamentos do ato de educar na perspectiva católico-cristã". "Educação é pilar da paz e por isso precisa receber sempre mais investimento significativos de governantes, empreendedores, instituições, todos os setores", destacou o presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo.

Pacto Educativo Global

Este ano a Campanha da Fraternidade é impulsionada pelo Pacto Educativo Global, convocado pelo Papa Francisco. Na carta convocação ao Pacto, o Santo Padre apresenta elementos constitutivos de uma educação humanizada que contribua na formação de pessoas abertas, integradas e interligadas, que também sejam capazes de cuidar da casa comum já que a “educação será ineficaz e os seus esforços estéreis se não se preocupar também em difundir um novo modelo relativo ao ser humano, à vida, à sociedade e à relação com a natureza”.

Ucrânia

No mesmo dia em que Igreja Católica lança sua principal campanha anual,  papa Francisco também voltou a fazer, durante sua audiência geral no Vaticano, nesta quarta-feira, um apelo em defesa da paz na Ucrânia, que há uma semana é alvo de uma invasão militar russa. Em sua Homilia, o pontífice lembrou o início da Quaresma e disse que as "orações e o jejum" dos católicos serão uma "súplica de paz" para a Ucrânia. Além disso, agradeceu a um padre ucraniano que faz a leitura da catequese em polonês na audiência geral.

"Seus pais estão nos abrigos embaixo da terra para se proteger das bombas em um lugar próximo a Kiev, e ele continua a cumprir seu dever aqui conosco. Estando ao seu lado, estaremos ao lado de todas as pessoas que sofrem com os bombardeios. Levemos no coração a lembrança desse povo", disse o papa.

Francisco também elogiou a Polônia por receber refugiados ucranianos. "Vocês estão oferecendo generosamente tudo o que é necessário para que eles possam viver dignamente, apesar da dramaticidade do momento", ressaltou.

Educação

Essa é a terceira vez que a temática da educação será abordada na Campanha da Fraternidade. O tema já foi objeto de reflexão e ação eclesial em 1982 e 1998. “A realidade de nossos dias que fez com que o tema educação recebesse destaque, um tempo marcado pela pandemia da covid-19 e por diversos conflitos, distanciamentos e polarizações”, diz a CNBB.

Ainda segundo a entidade mais do que abordar outro aspecto específico da problemática educacional, a campanha vai refletir sobre os fundamentos do ato de educar na perspectiva católico-cristã. Nessa perspectiva, a educação é compreendida não apenas com um ato escolar, com transmissão de conteúdo ou preparação técnica para o mundo do trabalho, mas de um processo que envolve uma “comunidade” ampliada que inclui todos os atores: família, Igreja, Estado e sociedade.

Histórico

A campanha da fraternidade é tradicionalmente realizada pela Igreja Católica em parceria com instituições cristãs desde a década de 1960. O texto-base da iniciativa é escrito por membros do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) e passa pelo aval da direção-geral da CNBB. O lançamento do tema ocorre sempre na Quarta-feira de Cinzas, quando tem início a Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa.

 

 

 

 

 

Por - Agência Brasil

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Seis aparelhos que todo mundo deveria passar a limpar — e bem!

Microrganismos podem ficar acumulados nos eletrônicos e, assim, trazer riscos de contaminação para os usuários.

A higienização de aparelhos eletrônicos nem sempre tem a atenção necessária. Muitos usuários ignoram o processo de limpeza e, por não verem sujeiras a olho nu, acreditam que o item está realmente limpo e em condições saudáveis de uso. Contudo, as impurezas tendem a se acumular nos fones de ouvido, teclados, laptops e até celulares. O controle do PlayStation 5 (PS5) ou Xbox Series X/S, inclusive, pode estar cheio de bactérias e outros microrganismos sem que o próprio jogador perceba.

Os smartphones mal higienizados também podem ser um risco para o usuário. Quem costuma gravar áudios no WhatsApp com o microfone perto da boca corre o risco de levar alguma bactéria ou vírus para dentro do organismo, o que se torna ainda mais problemático no contexto da Covid-19. Para acabar com esse problema, veja a lista com seis eletrônicos que não podem faltar na sua limpeza rotineira.

  1. Fone de ouvido

Os fones de ouvido devem ser um dos primeiros itens de higienização da sua lista. Por estarem em contato direto com a cavidade auricular do usuário, é comum a acumulação de bactérias e fungos que ficam presos na orelha.

O modelo intra-auricular precisa de um olhar redobrado, já que a sua construção facilita que qualquer tipo de microrganismo entre nos alto-falantes e fique acumulado durante muito tempo. Para pessoas que supostamente estão com a imunidade baixa e possuem algum canal de entrada pelos ouvidos, essa falta de limpeza pode ser um grande risco para a saúde.

Os headsets também trazem problemas para o usuário quando não são bem higienizados. Isso porque as almofadas tendem a acumular fungos que causam alergias na pele e no couro cabeludo. O certo é fazer a limpeza de todo tipo de fone álcool isopropílico 70% e algodão. Nos modelos intra-auriculares, o uso de um cotonete deve auxiliar na retirada de resquícios de cera presos nos alto-falantes.

  1. Teclado e mouse

O teclado e mouse do seu computador podem acumular microrganismos sem que você perceba. Como são dois acessórios usados o tempo inteiro, é comum que o usuário comece a digitar e mexer no mouse sem limpar as mãos previamente. A tendência é que aconteça o acúmulo de bactérias e fungos em toda a estrutura, que podem infectar a pessoa em algum momento.

Enquanto o usuário assiste a uma aula ou vê uma série na Netflix, é comum que ele encoste nesses acessórios e leve a mão até a boca. Esse é só um dos canais de entrada para microrganismos perigosos para o corpo humano. Além disso, coçar os olhos, ouvidos e outras cavidades pode trazer riscos para a saúde. Por isso, use não só limpadores de poeira no seu teclado e mouse, mas também álcool isopropílico 70& e outros produtos para higienização.

  1. Notebook

O notebook traz o mesmo problema que o teclado e o touchpad. Bactérias e fungos se acumulam no espaço em que o usuário mexe com frequência e que, nem sempre, tem a limpeza correta. O risco de levar a mão até a boca com algum microrganismo infeccioso é grande, o que pode gerar bastante dor de cabeça. Esses aparelhos ainda trazem mais risco, pois é comum que o proprietário divida o computador com outras pessoas.

Quando outro usuário entra em contato com o seu laptop, ele pode deixar bactérias e fungos em toda a construção do aparelho. A própria tela pode ser um risco, já que fica próxima ao rosto da pessoa e pode guardar vírus que foram expelidos por meio de gotículas da saliva. Portanto, é essencial comprar um pano de microfibra e passá-lo em toda a construção do laptop. Existem limpa-telas vendidos no mercado que podem ajudar nessa higienização.

  1. Celular

O celular pode ser um dos maiores riscos da lista. Isso acontece porque ele está em contato direto com as mãos, rosto, bolsas e muitos outros lugares que contˆm todos os tipos de microrganismos. É comum emprestar o smartphone para outros usuários e até mesmo deixá-lo cair na rua, onde as bactérias presentes podem ser altamente perigosas. A própria Covid-19, quando o vírus fica preso em gotículas na superfície do celular, pode contaminar uma pessoa.

Por isso, a principal recomendação é que o smartphone seja higienizado todos os dias. Mesmo que o usuário não saia de casa com ele, o contato com as mãos e rosto podem gerar um acúmulo muito grande de qualquer tipo de sujeira e assim causar problemas de saúde. Use álcool isopropílico 70% ou outros produtos que forem recomendados pela fabricante. O famoso limpa-telas pode ser uma alternativa interessante.

  1. Controle remoto

Por falar em contato direto, o controle remoto é outro acessório que precisa de atenção redobrada. Mesmo que ele não esteja o tempo inteiro nas mãos do usuário, é comum que ele passe entre uma pessoa e outra. Sempre que alguém for assistir à TV, o controle é usado — e geralmente não passa pelo processo de higienização.

Uma medida que muitos estabelecimentos como hotéis tomam é de envelopar o controle remoto. Isso evita que bactérias e fungos se acumulem entre os botões. Contudo, mesmo que o usuário escolha usar essa proteção, o plástico em volta precisa passar por higienização, já que ele também acumula microrganismos que podem ser perigosos.

  1. Videogame

Por fim, os famosos videogames não ficam de fora da lista. Os controles sofrem o mesmo problema que teclados e mouses, já que estão em contato direto com o usuário que, nem sempre, tem suas mãos higienizadas corretamente. Isso leva ao acúmulo de sujeira e à possibilidade de armazenar bactérias perigosas. Uma dica interessante é passar um pano úmido com álcool isopropílico 70% todos os dias, e assim evitar qualquer problema para a saúde.

Mas não pense que somente os controles dos videogames podem trazer riscos. O próprio console acumula sujeira e pode conter microrganismos que, quando entram em contato com alguma cavidade do corpo humano, podem gerar infecções leves e até graves. Da mesma forma como foi realizada a higienização do controle, limpe também o aparelho. Assim, você també diminui o risco da proliferação de fungos dentro do eletrônico.

 

 

 

 

 

 

Por - TechTudo

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Seu filho não dorme? Entenda os efeitos da privação de sono para as crianças - e para os pais

De acordo com a Associação Brasileira do Sono, o brasileiro dorme, em média, 6,4 horas por dia. O recomendado, porém, é descansar de 8 a 10 horas

Com a chegada do bebê, muitos pais enfrentam dificuldades para ter uma noite de sono tranquila — e isso pode demorar semanas, meses ou até anos para voltar ao normal. Mas quais os perigos da privação de sono prolongada? Ficar sem dormir pode trazer consequências que vão desde mudanças de humor até quadros de psicose.

A recomendação geral das agências mundiais de saúde é de 8 a 10 horas de sono diárias, mas o brasileiro descansa, em média, apenas 6,4 horas por dia, segundo a Associação Brasileira do Sono. E a situação é ainda mais preocupante para os pais de recém-nascidos: alguns relatam dormir apenas 2 horas por noite.

De acordo com a Agência Einstein, uma pessoa que ficou 18 horas sem dormir passa a ficar mais lenta e com reflexos comprometidos. O efeito é parecido com o de estar embriagado (o equivalente a uma concentração de 0,05% de álcool no sangue). Já quando o período de privação de sono é de 24 horas, o efeito pode ser comparado à taxa de álcool no sangue de 0,10%, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês).

Quem não dorme o suficiente também tem um aumento de corticosterona, um dos hormônios que o corpo libera em situações de estresse. “Isso provoca uma queda na produção de novas células do cérebro, afetando a cognição, especialmente a formação de memória e a capacidade de concentração”, explica o psiquiatra Adiel Rios, pesquisador do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e membro da Associação Brasileira de Psiquiatria, em entrevista à Agência Einstein.

'Cansaço sem fim'

A mãe Heidi Neves sentiu na pele todos os efeitos da privação de sono durante os primeiros anos de sua filha mais velha, hoje com 6 anos. “Ela nunca dormiu. Na primeira semana de vida dela, em uma semana inteira, eu dormi 8 horas”, lembra a mãe, em entrevista à CRESCER.

A advogada de 41 anos procurou médicos, especialistas e nenhuma das soluções pareciam ajudar. “Diziam que eu não tinha uma rotina, que era televisão, luz, barulho... Mas eu fiz de tudo e ela simplesmente não dormia”, conta sobre pequena, que só dormiu a primeira noite inteira depois de completar 2 anos. “Todos os dias eu via o dia

Com o acúmulo das noites em claro, somado aos cuidados que um bebê recém-nascido demanda, Heidi começou a sentir seu humor afetado e chegou até a ter alucinações nos primeiros meses de vida da filha. “É exaustivo. Não é uma semana... São meses, anos sem dormir. Eu tinha muita vontade de comer, engordei muito na época, sentia um cansaço sem fim. Durante um tempo tive até alucinações, imaginava coisas ruins com a minha filha e sinto que, entre tantas mudanças hormonais do pós-parto, isso foi agravado pelo fato de não conseguir dormir”, recorda.

Essa relação entre o sono e a balança já foi demonstrada há tempos pela ciência. Estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, em 2004, mostrou que há uma ligação entre noites mal dormidas e o aumento no Índice de Massa Corporal (IMC) — o que indica que a duração do sono é um importante regulador de peso e do metabolismo.

Hoje mãe de dois, a advogada diz que demorou para decidir ter o segundo filho por medo de ter que enfrentar uma privação de sono tão severa novamente. “Quando engravidei, lembro de rezar para que o bebê fosse saudável e para que dormisse", afirma. Atualmente, o caçula dela tem 1 ano e 1 mês e já dorme a noite inteira. “Existem crianças que são assim. Não importa o que a gente faça, elas não dormem. Queria que alguém tivesse me contado isso. Pelo menos teria sentido menos culpa e com a certeza de que, em algum momento, iria passar”, completa a mãe.

Estágios da privação de sono

De acordo com o psiquiatra Adiel Rios, a falta crônica de descanso favorece a fadiga, o envelhecimento precoce, queda na imunidade e sonolência durante o dia, além do aumento no risco de desenvolver doenças crônicas, como transtornos psiquiátricos e cardiovasculares.

Abaixo, reunimos os primeiros efeitos que as noites em claro podem provocar:

24 horas sem dormir: Um dia sem descanso já pode trazer consequências como irritabilidade, dificuldade de concentração e cognição, tremores, fadiga, redução na coordenação e compulsão alimentar (desejo por comidas especialmente calóricas).

36 horas sem dormir: Ao passar esse período acordado, é comum que a pessoa tenha pequenos cochilos, de cerca de 30 segundos, sem nem perceber. Além disso, está presente a sensação de fadiga extrema, dificuldade de socialização e de tomar decisões, além de mudanças de comportamento.

48 horas sem dormir: Nessa fase, a fadiga e a irritabilidade se tornam ainda mais intensas. É possível que a pessoa comece a ter alucinações. Aumento no nível de estresse e ansiedade também podem ocorrer.

72 horas sem dormir: Após ficar tanto tempo sem descansar, os cochilos involuntários tendem a ficar mais frequentes. A falta de sono impacta a percepção do indivíduo.

96 horas sem dormir: Depois de quatro dias sem dormir, a percepção da realidade tende a ficar distorcida. A pessoa pode apresentar quadros de psicose por privação de sono. Mas em geral, esses sintomas diminuem depois que a pessoa descansa o suficiente.

 

 

 

 

 

 

 

 

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Pólio: caso na África indica necessidade de maior cobertura vacinal

O primeiro caso de poliomielite selvagem no continente africano em mais de cinco anos deve servir de alerta para países com baixas coberturas vacinais contra a doença, como o Brasil.

A avaliação é do presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha, que pede mais campanhas que reforcem a confiança nos imunizantes e lembrem as famílias de cumprir o calendário de vacinação das crianças.

"O recado que fica é de alerta pelo risco que a gente está correndo em decorrência das baixas coberturas vacinais", afirma Cunha. "Os números expõem essa vulnerabilidade. De cada dez crianças, três não estão vacinadas. É risco de uma situação totalmente evitável."

A circulação da poliomielite selvagem no mundo foi limitada pelo sucesso da vacinação contra a doença, que hoje só é endêmica no Paquistão e no Afeganistão. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas cinco casos foram registrados em todo o mundo em 2021.

No último dia 17, porém, autoridades sanitárias do Malawi notificaram o primeiro caso selvagem de pólio na África em mais de cinco anos e declararam surto do poliovírus tipo 1. Para o diretor regional da OMS na África, Matshidiso Moeti, "enquanto a poliomielite existir em qualquer lugar do mundo, todos os países continuam em risco de importar o vírus".

A poliomielite foi declarada erradicada do Brasil em 1994, também pelo sucesso da campanha de vacinação. Apesar disso, desde 2015, o país não tem conseguido mais atingir a meta de 95% do público-alvo vacinado, patamar necessário para que a população seja considerada protegida.

Vacinas

No Brasil, duas vacinas diferentes são usadas na imunização contra a poliomielite, também conhecida como paralisia infantil: a inativada e a atenuada. A vacina inativada deve ser aplicada nos bebês aos 2, 4 e 6 meses de idade. Já a vacina atenuada, que é administrada em gotas por via oral, é indicada aos 15 meses e aos 4 anos de idade.

Segundo o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), a cobertura vacinal contra poliomielite foi de 67,66% em 2021, mas apenas 52,49% das crianças chegaram à dose prevista para os 4 anos de idade. Nas regiões Nordeste e Norte, a situação é ainda pior, com percentuais de 42% e 44% para a imunização completa, respectivamente.

Juarez Cunha lembra que baixas coberturas vacinais já foram responsáveis pelo retorno de circulação do sarampo, que foi declarado erradicado nas Américas em 2016 e voltou a infectar pessoas no Brasil em 2018. Ele destaca que, assim como na covid-19, parte dos infectados pela poliomielite fica assintomática, o que torna casos sintomáticos detectados ainda mais preocupantes.

“Oitenta por cento das pessoas que se infectam com a pólio não têm nenhum sintoma. Então, se foi identificado um caso que levou à doença pólio, significa que provavelmente no Malawi está ocorrendo uma circulação do vírus. Onde tem um caso já é muito preocupante", disse o presidenre da SBIm.

O caso registrado no Malawi foi relacionado à cepa do vírus que circula na província de Sindh, no Paquistão, e, segundo a OMS, não altera a certificação da África como região livre de poliomielite selvagem, concedida em 2020. Por ter baixas coberturas vacinais, o continente africano, porém, ainda convive com casos de poliovírus derivado da vacina, já que a vacina atenuada contém o vírus vivo e enfraquecido.

Em casos raros, o vírus atenuado é capaz de se replicar no intestino humano, sofrer mutações e se propagar, mesmo que com capacidade reduzida, por meio das fezes, se a população ao redor não estiver imunizada, risco que aumenta caso circule em uma região com problemas de saneamento e moradia. Quanto mais o vírus conseguir circular, maiores são as chances de sofrer mais mutações e recuperar a capacidade de causar paralisia.

Juarez Cunha explicou que, no Brasil, o risco do poliovírus derivado da vacina é menor, porque as crianças só recebem a vacina atenuada como reforço depois de já terem sido imunizadas com três doses da inativada, que é mais eficaz e segura por conter o vírus "morto". Mesmo assim, ele alerta que o risco existe e deve ser minimizado com uma cobertura vacinal elevada.

"As populações menos favorecidas são as que têm as menores coberturas vacinais. É uma vulnerabilidade sobre a outra vulnerabilidade, porque é justamente onde a gente tem menor possibilidade de controle, higiene e acesso a rede de esgoto", disse o médico.

O presidente da SBIm afirmou que, com tais riscos, é preciso investir em comunicação para informar sobre os calendários vacinais e reforçar a confiança da população nas vacinas. "Infelizmente, não temos nenhuma comunicação do Ministério da Saúde em relação às vacinas de rotina. Precisamos fortalecer o PNI e a comunicação do Ministério da Saúde", afirma ele. "Apesar de as pessoas não conhecerem a pólio, porque foram vacinadas, a doença ainda existe e tem risco de voltar. Temos que passar esse recado e o recado de confiança na vacinação, que não tem sido passado por governantes, instituições e até profissionais de saúde, em especial para a vacina da covid-19, mas isso acaba impactando todas as vacinas."

Brasil sem casos desde 1990

Procurado pela Agência Brasil, o Ministério da Saúde respondeu que o Brasil não detecta casos da doença desde 1990 e recebeu em 1994 da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) a certificação de área livre de circulação do poliovírus selvagem do seu território, juntamente com os demais países das Américas.

"A pasta realiza ações de comunicação ao longo de todo o ano, não apenas durante as campanhas de vacinação, para reforçar a informação sobre a segurança e a efetividade das vacinas como medida de saúde pública", afirma o ministério, que destacou ainda que as coberturas vacinais de poliomielite foram de 76,05%, em 2020, e de 67,66%, em 2021.

"Já para o primeiro reforço, as coberturas vacinais são de 68,32%, em 2020, e 58,07%, em 2021. Todos esses dados ainda preliminares e, portanto, estão sujeitos a alterações", acrescentou o Ministério da Saúde.

 

 

 

 

 

 

Por - Agência Brasil

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