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Apenas metade dos pais brasileiros se consideram "participativos" na criação dos filhos, diz estudo

Apenas metade dos pais brasileiros se consideram "participativos" na criação dos filhos, diz estudo

Ainda que tenhamos muito para melhorar, não dá para negar: a paternidade hoje já não é mais a mesma de tempos atrás. Uma pesquisa feita com 1 mil homens brasileiros mostrou que, ao menos no discurso, a maioria dos pais estão dispostos a serem cada vez mais afetuosos, comunicativos e participativos na criação e na rotina dos filhos. 

O estudo "Retrato da Paternidade no Brasil" analisou o impacto da figura paterna na educação das crianças e como o papel de pai tem mudado nos últimos anos. Para isso, foram entrevistados homens das classes A, B e C com filhos de 5 a 15 anos, de todas as regiões do país. 

"Participaram pais de 25 a 55 anos, cuja visão revelou a emergência de uma paternidade com novos valores e atitudes. Pais das gerações Millenial e X se identificam com uma paternidade participativa com mais expressão de afeto e diálogo, bem como a consciência do seu papel", afirma Marisa Camargo, diretora da Grimpa, consultoria responsável pela realização da pesquisa, encomendada pelo Boticário.

Segundo os resultados da pesquisa, aquela figura tradicional de pai sério e distante, aos poucos, está ficando para trás. Sessenta e dois por cento (62%) dos entrevistados afirmaram que, sempre que possível, têm o hábito de beijar, abraçar e fazer carinho nos filhos. O afeto e a conexão também aparecem nas palavras: 57% dizem frases amorosas e encorajadoras para as crianças com frequência. 

Essa mudança de comportamento, em muitas famílias, foi acelerada pela pandemia e pelo isolamento social, quando finalmente muitos homens tiveram a chance e se permitiram acompanhar mais de perto o crescimento dos pequenos. "Pais que já repensavam os papéis tradicionais e tinham interesse em assumir o trabalho do cuidado incorporaram novas funções a partir da pandemia. Nesses casos, o isolamento social surgiu como uma possibilidade inédita de convivência, de estabelecer momentos de conexão e aumentar o vínculo com os filhos", explica a especialista em sociopsicologia Camila Pires, coautora da pesquisa e mestranda de antropologia na Universidade de Paris (França).

 

Mas a divisão ainda é desigual...

Os dados escararam que, sim, finalmente os homens estão se envolvendo mais na rotina com as crianças. Mas, no fim das contas, a maioria das tarefas ainda fica sob responsabilidade das mães. E são os próprios pais quem admitem isso. A pesquisa descobriu que 90% dos homens acreditam que os cuidados diários com as crianças devem ser igualmente divididos entre os responsáveis — 69% dizem, inclusive, conversar sobre desigualdade de gênero com os filhos. Mas, na prática, não é exatamente isso que acontece. 

Quando questionados sobre a forma como acompanham o desenvolvimento das crianças, apenas 50% dos entrevistados se consideram 'participativos' na rotina dos filhos e só 56% acreditam ser 'ótimos pais'. “Homens também são capazes de cuidar, só precisam ser educados para isso como as meninas – que brincam de bonecas e têm referências de cuidadoras na família”, diz o psicólogo Marcos Nascimento, pesquisador do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por - Crescer

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