Por mais difícil que seja, seguir o próprio caminho e deixar o outro livre também é a forma mais fácil de ser feliz.
Depois de dois anos e sete meses de namoro, a auxiliar administrativa Eliane Pereira Gomes, de 39 anos, decidiu terminar seu relacionamento. Ela fez uma boa análise da sua história de amor e chegou à conclusão de que outros campos da sua vida eram mais importantes e que não tinha mais interesse em atender às exigências feitas constantemente pelo companheiro.
As brigas com o ex eram por causa dos atrasos dela (ou por ela não ter horário certo para sair do trabalho). "No começo achei que eu não estava administrando o meu tempo direito, que estava trabalhando demais, mas depois percebi que não estava aguentando as cobranças dele e, por isso, não via motivos para mudar a minha rotina", diz.
Além disso, a auxiliar administrativa, que é louca pelos sobrinhos, não tinha uma boa relação com os dois filhos do namorado, um de 19 anos e outro de nove anos. "Eu e meu namorado nunca concordávamos com nada no que dizia respeito à criação dos meninos. Minha experiência como tia não contava para ele e eu me sentia excluída", lembra.
Na opinião do psicólogo e psicoterapeuta Marcelo Toniette todo o romantismo do início da relação se torna um poço de raiva e rancor quando um casal não administra pequenas crises ou desafios. As partes percebem que os desejos não são mais compatíveis ou se desgastam a tal ponto que a relação fica insustentável.
Ele ressalta que o amor não é eterno, mas algo que se inter-relaciona com várias outras manifestações humanas como aceitação, intimidade, companheirismo, cumplicidade, lealdade, atração sexual entre outras. "Em um período ou outro é comum que um parceiro - ou ambos - não esteja sintonizado com essas atitudes e sentimentos. Porém, quando isso vira uma constante, a estrutura da relação vai sendo abalada e enfraquecida. E os casais só se dão conta quando a crise está instalada."
Solidão a dois
Toniette recomenda que, na iminência de uma separação, o ideal é o casal rever os pontos que dificultam o canal de comunicação. Quando a pessoa está envolta num clima de raiva e rancor, é assim que ela enxergará o parceiro. Outro sentimento que pode marcar o fim de um relacionamento é o medo. Mas este não está relacionado ao arrependimento. "É comum pessoas abominarem o término de uma relação infeliz pelo medo de que ficarão sozinhas pelo resto da vida, sem se darem conta de que já vivem nessa situação. A solidão a dois é um dos sentimentos mais angustiantes quando se vive numa relação."
Na hora de ter a conversa definitiva, Marcelo orienta que as partes fiquem atentas aos próprios sentimentos e emoções. Como estão machucadas, se colocam como vítimas do outro, quando, na verdade, são coautoras daquela situação instalada. "Nesse clima, o outro se sentirá atacado e a tendência é o revide, o que alimenta um ciclo que gerará ainda mais desgaste a ambos.
Felizmente, a auxiliar administrativa conta que a conversa final foi bem tranquila. "Eu disse para ele que tinha três coisas das quais eu não abria mão: minha família, minha vida pessoal e o trabalho. E acabei excluindo meu companheiro de vez da minha vida."
Sozinha, Eliane afirma estar bem. "O sossego de não ter que ficar dando satisfações para mais uma pessoa na minha vida, de chegar em casa e ficar sossegada, fez com que a falta dele fosse passando. Já tenho problemas demais e ele também já tinha os próprios problemas". E conclui: "Estou muito mais tranquila. Tenho muitos amigos, a família... Tento não pensar muito nisso."
Fonte - Vila Mulher