Segunda, 06 Maio 2013 12:03

Delegada que inspirou Helô, de "Salve Jorge", diz que gosta de "homem com H"

Se em "Salve Jorge" Helô (Giovanna Antonelli) vive às turras com o ex-marido, Stênio (Alexandre Nero), o mesmo não se pode dizer de Monique Vidal, a delegada que serviu de inspiração para Glória Perez criar a personagem.

 

 

Separada há quase dois anos do lutador Guilherme Ximu, Monique garantiu que se dá muito bem com o ex. "Sempre nos falamos, ele me sacaneia, atende meus telefonemas com: 'Fala, delegada'", contou a policial.

 

Monique recebeu a reportagem do UOL na delegacia de polícia do Catete, da qual é titular, na zona sul do Rio. Com os longos cabelos loiros soltos, vestindo uma camisa azul da grife Daslu ("Ganhei de presente") e sapatos estilizados, ela soltou o verbo desde a pacificação das favelas cariocas ("A UPP não é a fórmula mágica da paz") até sobre a dificuldade de encontrar um namorado. "Gosto de homem com H, homem que fala grosso, que tem atitude. Dinheiro não é o mais importante, mas não pode ser um encostado. Está difícil de encontrar, por isso estou sem", disse Monique aos risos.  

 

Aos 44 anos e mãe de Laura, de 13, e Gustavo, de 7, a "delegata" (título que recebeu do escritor Nelson Motta) só se compara à Helô quando se trata do "temperamento explosivo e dos problemas em casa". "Todas as delegadas de polícia se veem um pouco na Helô. Eu berro, mas sou engraçada também e isso acaba criando semelhanças", opinou Monique. A primeira vez que ela teve contato com Glória Perez foi para ajudar Rita Guedes a compor uma delegada para "Caminhos das Índias". Quando começou a trabalhar em "Salve Jorge", a autora a procurou mais uma vez.

 

"Glória conversa comigo para aprender o linguajar e saber detalhes técnicos, isso ajuda a dar maior veracidade as situações. Depois estive com a Giovanna [Antonelli] duas vezes e com a pesquisadora da novela", explicou Monique. Dentre suas "ajudas" está a prisão de Pepeu (Ivan Mendes) por quebrar um orelhão. "Ela [Glória] precisava que a Helô prendesse o genro, falei que dano a patrimônio público dá cadeia", relembrou.

 

Para Monique, a figura de uma delegada "bonita, bem vestida e honesta" ajuda outras mulheres a seguirem a carreira. "Os delegados de novela geralmente eram aqueles homens de camisa aberta, perna a mesa, ordinário, e as delegadas masculinizadas, isso mudou e é bacana. É um estímulo para as que estão começando agora". Quando o assunto são as vestimentas de Helô, Monique garantiu que não é tão vaidosa, mas "exagerada". "Adoro pulseiras, sapatos, mas não sou de ir ao salão, graças a Deus tenho um cabelo bonito e não preciso fazer muita coisa nele".

 

"Não tive 15 minutos de fama"

 

Nascida e criada em Ipanema, zona sul do Rio, Monique chegou a estudar História antes de fazer faculdade de Direito. O desejo de fazer parte da polícia, ela acredita, que vem da infância. "Adorava qualquer filme que a mulher fosse heroína, e adorava o seriado 'As Panteras'", contou. Com 15 anos de profissão, a loira acredita que seu grande feito é ter se mantido como exemplo.

"Não tive 15 minutos de fama, tenho uma carreira de 15 anos e até hoje sou procurada para falar tanto de casos policiais quanto da profissão. As pessoas ainda se interessam pelo o que eu faço e falo. Isso é bacana", frisou. Para ganhar respeito, Monique muitas vezes precisou aumentar a voz, mas afirmou que é amiga dos policiais e que não se restringe hierarquias. Medo, ela só tem de "bobeiras", como o escuro, e o lado durona fica de lado quando assiste a melodramas.

 

Para as mulheres que querem seguir a profissão, ela deixou uma dica: "O problema da mulher é que se que ela quer fazer o mesmo trabalho que o homem faz ela precisa que saber que existe o filho, a TPM, e tudo isso não pode interferir no trabalho". Outra dica é "não ter medo de arma", Monique carrega uma pistola calibre 40. "Tem mulher que diz que não quer usar arma, então vai ser manicure, vai trabalhar numa loja, se é policial tem que usar arma", sintetizou.

 

Indagada sobre a atual situação da polícia civil no Rio, Monique foi otimista. "Teve mudanças boas, uma delas é a Delegacia Legal, lembro que quando estava grávida dormia em um sofá com 120 detentos na carceragem, hoje polícia civil não é mais babá de preso, mas feita para investigar". A sensibilidade, segundo ela, aparece em casos envolvendo idosos e crianças ("Me deixa triste, irritada"), fora isso, Monique tem a consciência que faz seu papel. "Ouço muito 'você destruiu minha vida', mas não fui eu quem acabou com a vida da pessoa, ela que fez coisa errada".

 

Quanto a fama de "marrenta", a delegada admitiu não ser do tipo delicada. "Minha mãe sempre dizia que mulher para casar tinha que ser delicada e falar baixo, tudo o que não sou. Não tenho paciência para assunto de 'mulherzinha'", contou. Para os próximos 15 anos de profissão, Monique espera "que a coluna aguente". "Por isso não tenho usado a pistola na cintura", finalizou.

 

 

 

 

Fonte - Uol 

 

 

 

 

 

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