A maneira como ele estava falando a respeito do estigma da doença pode ser aplicado a várias pessoas em diversas condições.
O estigma realmente leva alguém a acreditar que são menores, sujos e não valem nada. Degrada e corrói a autoestima até que a pessoa se sinta inferior, que não pode oferecer mais nada, não vale nada. E isso é algo que precisa acabar.
Foi então que esse rapaz percebeu que todas as pessoas vivem sob alguma crença que de alguma forma as infecta, danifica, faz com que acreditem não serem bons o suficiente. E consequentemente faz com que olhe para as outras pessoas dessa mesma forma.
Elas se “infectam” com as crenças devido à maneira como enxergam as pessoas que são diferentes delas, e por isso devem ser separadas do seu grupo para não “contagiá-los com a sua doença.”
A maneira como essa pessoa falou com o seu amigo portador do vírus HIV fez com que ele ironicamente se desse conta que também estava infectado. Para alguns, ele poderia ser considerado “infectado” por ser gay, para outros por ser gordo, ou até por não seguir nenhuma religião específica.
Ele começou a perceber que os pensamentos do seu amigo a respeito do estigma que ele vive e a maneira como pensa eram os mesmos que ele mesmo pensava a seu próprio respeito e fardos.
O fato de estar sempre tentando se explicar para outra pessoa, perguntando-se se elas irão respeitá-lo devido a suas “infecções” e experiências de vida. Não há nada pior que as conversas que começam com frases do estilo “Eu gosto de você, mas você é… divorciado, tem filhos, excesso de peso, careca, cabeludo, etc.”
Quando ele se deparou com o pensamento do seu amigo na rede social sobre o HIV+, passou a tê-lo como um espelho. Enxergou os seus medos, comportamentos e palavras que vêm automaticamente com algum estigma.
Geralmente as pessoas pensam que não são bons o suficiente e tratam os outros simultaneamente da mesma maneira como se sentem – não sendo bons o suficiente, ou como se realmente existisse alguma normalidade na sociedade.
Durante a vida, o estigma e hipocrisia crescem, vêm com a falta de educação e brotam das inseguranças pessoais.
As pessoas tendem a projetar essas falhas de caráter nas outras, fazendo com que sintam que devem esconder as suas verdades ou se isolarem.
No pior dos casos, o outro é capaz de fazer com que uma pessoa deixe de viver diversas experiências por se sentirem “infectados”.
Como este amigo com HIV+ chegou a dizer ao outro, que várias vezes sentiu a necessidade de esconder a sua realidade para se sentir inteiro, amado e desejado.
Confrontar aquilo que te causa vergonha faz com que perceba que isso provavelmente não é motivo para tal sentimento. Que é o estigma e projeções dos outros sobre o seu estado que dirige as suas ações.
A partir do momento que você passa a ter o controle dessas ações, finalmente conseguirá superar a sua vergonha. Pare e pergunte a si mesmo:
1. Por que eu estou realmente escondendo essa parte de mim?
2. O que esse tipo de comportamento está agregando de forma positiva na minha autoestima?
3. Quão e como seria a minha vida se eu a vivesse sem culpa nem vergonha??
Essas perguntas tendem a te levar ao caminho da autodescoberta, e assim encontrar respostas a respeito do porquê você se “infeccionou” com estigmas sobre si mesmo e sobre os outros.
A consciência e o autoconhecimento são capazes de curar todos esses estigmas criados pelo ódio e intolerância.
Todo estigma que alguém enxerga no outro tende a ser o espelho do que não conseguiu resolver consigo mesmo.
Lute por aquilo que acredita, pela sua verdade e não pelo o que os outros podem vir a pensar a seu respeito. Descubra exatamente o por que você não está sendo quem você realmente é e vivendo a vida da sua maneira.