Cerca de 20 cientistas elaboraram o relatório de 400 páginas, após consulta a mais de mil estudos científicos e avaliação de mais de 20 anos de dados sobre doenças e plantações. O foco do relatório foram culturas transgênicas importantes na economia americana.
O relatório conclui, com base em análises químicas, que os alimentos transgênicos não oferecem riscos à saúde. O grupo também avaliou a incidência de determinadas doenças, comparando suas taxas de ocorrência na América do Norte, onde os transgênicos são parte da dieta desde 1996, e na Europa Ocidental, onde os alimentos biotecnológicos estão pouco presentes. A conclusão é de que "não há evidências de aumento na incidência de câncer, obesidade, doença hepática, autismo, doença celíaca ou alergias alimentares".
Sobre os impactos ambientais, o relatório diz que "não há evidência conclusiva de uma relação de causa e efeito entre culturas transgênicas e problemas ambientais". O uso de variedades resistentes a insetos, segundo o documento, levou a uma redução do uso de inseticidas químicos. O uso de variedades resistentes a herbicidas, por outro lado, levou ao aumento do uso de agrotóxicos.
Segundo o relatório, novas técnicas como a edição de genomas - usada para fazer pequenas modificações genéticas nas plantas - estão deixando cada vez mais tênue a fronteira entre as plantas transgênicas e as convencionais. Isso estaria tornando insustentáveis os sistemas regulatórios existentes, como o controle dos rótulos de produtos com base em plantas transgênicas. Os autores recomendam a criação de um novo sistema que tenha mais foco nos atributos de cada cultura, em vez de voltar a atenção para a maneira como cada uma delas é criada.
O relatório conclui que o uso da biotecnologia trouxe benefícios econômicos a fazendeiros - como a proteção contra insetos -, mas não parece ter acelerado a taxa de rendimento de culturas como milho, soja e algodão. "A conclusão, depois de ler o relatório, é que as plantas transgênicas são mesmo apenas plantas. Elas não são a panaceia que clamam alguns proponentes nem o temível monstro apontado por outros", comentou Wayne Parrott, professor de Ciências do Solo da Universidade da Georgia, segundo o jornal The New York Times.
Isenção
O documento diz que nenhum dos autores atua em empresas de biotecnologia que produzem transgênicos, embora alguns já tenham desenvolvido plantas geneticamente modificadas e tenham sido consultores dessas empresas.(Com jornal O Estado de S. Paulo)