E desde então, esse cenário vem evoluindo. As mulheres, muitas vezes, chegam a ocupar cargos masculinos e ter salários mais altos que seus maridos.
Mas e aquela função de cuidar de casa e dos filhos, quem faz agora? Ainda é a mulher, ou seja, cabe a ela desempenhar várias funções. E é nessa hora que começam as controvérsias. No filme “Loucas Para Casar”, que estreou nos cinemas brasileiros em janeiro deste ano, a protagonista Malu, vivida por Ingrid Guimarães, entra em colapso nervoso justamente por tentar ser a mulher considerada perfeita.
E na pele dela, existem muitas! Segundo Eliana de Barros Santos, psicóloga clínica e diretora do Colégio Global, em São Paulo, histórias estereotipadas ajudaram a construir o modelo da mulher exemplar e muitas caem na armadilha de tentar viver o modelo proposto como mulher exemplar.
Por isso, hoje vemos um quadro diferente, mas que não pode ser considerado regressivo; muitas mulheres estudam e mesmo depois de formadas, optam por serem donas de casa. “A mulher está evoluindo e se desvencilhando do estereótipo. Porém, há uma carga muito forte e ainda é difícil para muitas viver de acordo com suas necessidades e evitar a busca do modelo de mulher exemplar”, explica a psicóloga. Pode parecer saudável para o marido, família e etc., em um primeiro momento, mas em longo prazo, os efeitos negativos devem surgir e a maior prejudicada é a própria mulher.
E veja só isso! Em uma pesquisa recente, realizada, na Inglaterra (país bastante desenvolvido, certo?), 62% das mulheres entrevistadas que trabalham integralmente disseram que têm vontade de abrir mão da carreira em prol de uma vida mais relaxada, se dedicando mais aos filhos, casa e marido. E mais: das 1,582 entrevistadas, 74% confessou que não mudam de vida por que se sentem pressionadas pelas outras mulheres e pelo feminismo para serem independentes.
“Para conseguir preencher os requisitos da mulher exemplar, ela precisa, em muitas situações, abrir mão dos seus desejos e viver em função do desejo do outro (marido, filho, pais e etc). Isto implica em uma sobrecarga emocional forte e a frustração é um sentimento muitas vezes experimentado”, ressalta a psicóloga .
Por isso, muitas mulheres que vivenciam esse choque optam por levar apenas uma das vidas, exercendo apenas o papel de mãe e dona de casa, assim como eram nossas avós. Você acha que isso é dar um passo para trás da nossa evolução?
Por Helena Dias (Vila Mulher)