Quarta, 24 Dezembro 2014 22:07

Religiões e Culturas celebram o Natal de forma diferente. Saiba Mais

Dezembro é o mês da maior festa cristã do mundo.

 

No dia 25 de dezembro, pessoas em todos os cantos decoram suas casas e celebram o aniversário de nascimento de Jesus Cristo, sem esquecer a espera pela visita do Papai Noel.

 

Apesar de a data ser mundialmente conhecida e divulgada, há muitas pessoas que passam o período de maneira diferente. Pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) relembram como culturas e crenças influenciam na maneira como parte da população celebra o fim de ano.

 

Indígenas e quilombolas reconhecem a data – Na Amazônia, os povos indígenas não possuem celebrações natalinas, mas passaram a festejar a data após a cristianização desses povos, ainda no Período Colonial brasileiro. O antropólogo Romero Ximenes lembra que para grande parte das aldeias, especialmente nas que ainda se mantêm isoladas ou mais ligadas à cultura tradicional, o Natal não tem significado. É o que acontece com algumas tribos na região da Transamazônica e no município de Óbidos. Porém, entre as que possuem maior influência com a cultura portuguesa, houve uma adaptação e mistura dos costumes. “Eles rezam, leem a Bíblia e cantam músicas natalinas na sua própria língua. Além de celebrarem uma missa em que a hóstia é substituída pela tapioca”, revela.

 

Já as comunidades quilombolas da região celebram o Natal da maneira tradicional cristã, mas várias participam de programações de Natal que incluem atividades comuns à cultura africana. O professor Assunção Amaral, do Campus de Castanhal, comenta o Programa Universidade no Quilombo, que, há três anos, promove atividades na época do Natal. “Trabalhamos com comunidades quilombolas próximas a Castanhal. Este ano, mais de 120 crianças participarão de atividades, como dança, capoeira e outras dinâmicas, e encerramos com um grande festejo natalino tradicionalmente cristão”.

 

 

Enquanto grande parte das pessoas que praticam a religiosidade afro-brasileira celebra o Natal normalmente, no continente africano, o cenário é diferente. A data é pouco lembrada ou divulgada. “Grande parte da população segue a religião muçulmana, por isso, o Natal não é muito propagado”, explica Marilu Campelo, pesquisadora do tema na UFPA.

 

Migrantes também adaptaram costumes à data - Povos que migraram para a Amazônia, vindos do outro lado do mundo, como os japoneses, também tiveram as festas de fim de ano influenciadas pelo Natal. “A concepção de Natal foi introduzida no Japão apenas após a Segunda Guerra, pela influência norte-americana. Entretanto a comemoração do dia de Santa Claus ou Papai Noel foi apenas uma jogada de marketing para alavancar o comércio no fim do ano. Em relação ao significado religioso da data, este é pouco conhecido, uma vez que o xintoísmo e o budismo são predominantes na sociedade japonesa”, explica Reiko Muto, pesquisadora da migração japonesa na Amazônia.

 

Já entre os migrantes judeus, o calendário de fim de ano é diferente e o Natal não é comemorado. Há, neste período, uma festividade chamada Hannukah, palavra que significa “dedicação” e muito confundida com o Natal. Porém é nessa época que se comemora o feito bíblico do povo judeu de restaurarem o Templo Sagrado de Jerusalém, que havia sido destruído.

 

Shlomo Zagury, praticante da religião judaica e futuro rabino na Sinagoga de Beit Chabad, explica um pouco do significado da festividade. “O Hannukah comemora a vitória do povo judeu sobre o povo grego que os oprimia, e os milagres que os levaram a esta vitória. Os Macabeus eram sacerdotes judeus que possuíam um exército pequeno e sem grande preparo para guerra, mas, milagrosamente, derrotaram o exército muito maior e mais preparado dos gregos”.

 

Ele explica, também, o significado dos oito dias de feriado. “Depois do acontecimento, os sacerdotes chegaram ao Templo Sagrado de Jerusalém e encontraram um pote de azeite que seria usado na restauração daquele templo. O segundo milagre deve-se ao fato de que o pequeno pote rendeu oito dias, tempo o suficiente para a restauração do lugar. Por isso, ao longo dos oito dias de festividade, acendemos uma vela por dia até o último, para relembrar o milagre concedido por Deus ao povo judeu.”. Em 2013, o Hannukah começou a ser celebrado no dia 28 de novembro.

 

 

 

 

Por Lais Teixeira

 

 

 

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