Afinal de contas, constantemente ouvimos falar de como o álcool traz problemas a relacionamentos, de que o álcool é uma droga e que seu uso não deve ser visto com leviandade. Na verdade, álcool e amor é um coquetel que pode dar certo dependendo de quem no relacionamento bebe e da quantidade, revela um estudo.
Esta pesquisa foi divulgada pelo Instituto de Pesquisa em Dependência da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos. Este instituto é líder em pesquisas sobre abuso de álcool e outras substâncias, o que dá credibilidade a um estudo tão controverso.
Então, como funciona esta química romântica que torna um casamento mais longo?
O que é “beber muito”?
A pesquisa considerou que “beber muito” é um comportamento onde a pessoa consome seis ou mais drinks em uma noite ou bebe até ficar intoxicado.
A investigação
Durante nove anos os pesquisadores acompanharam a vida de 634 casais, a partir do momento em que realizaram o casamento. Eles dividiram os casais em quatro grupos: casais onde nenhum dos dois bebia muito, onde só o marido bebia muito, onde só a esposa bebia muito e onde os dois bebiam muito.
O estudo também controlou outros fatores que podem ser causa de insatisfação no casamento, como uso de maconha, tabaco, depressão e status socioeconômico.
A surpresa
Para Kenneth Leonard, autor principal do estudo, o fato de que casais onde apenas uma pessoa bebia terem um índice maior de divórcio não é novidade. Ele acredita que, nesse ponto, a pesquisa apenas apoia com evidências sólidas algo que o senso comum já sabia. A surpresa veio em saber que a taxa de divórcio em casais que ambos bebiam é muito semelhante às taxas de divórcio entre casais que não bebiam, algo que contraria o senso comum de que pessoas que bebem não conseguem sustentar o relacionamento e ter um casamento mais longo.
Leonard concluiu, ainda, que “cônjuges que bebem muito apresentam a tendência a serem mais tolerantes em relação a experiências negativas relacionados ao álcool por conta de seus próprios”.
Por que isso acontece?
Leonard acredita que esta pesquisa aponta para uma nova abordagem da questão do álcool nos relacionamentos: “nossos resultados indicam que é a diferença entre os hábitos de consumo de álcool entre casais que levam à insatisfação marital, separação e divórcio, ao invés de apenas o consumo do álcool em si”.
Pesquisas futuras
Leonard espera que suas “descobertas sejam úteis para terapias de casal e profissionais da saúde mental que podem explorar se a diferença em hábitos de consumo de álcool está causando conflitos entre casais que estão procurando por ajuda”.
Copo na mão: Homens x Mulheres
Outra situação a ser explorada é o fato de que casais onde só a mulher bebia foram um pouco mais frequentes na taxa de divórcio. Leonard afirma que foi uma diferença muito pequena e, portanto, insignificante. Porém, ele acredita que é um fenômeno que vale a pena ser investigado futuramente para saber se a causa disso está relacionada à maneira como o hábito do álcool consumido por mulheres é visto pelos homens.
Leonard acredita que é uma situação onde os homens esperam outro comportamento das mulheres, uma vez que homens bebendo é mais aceitável do que mulheres bebendo, gerando conflito.
Sinal amarelo
Isso não quer dizer que o consumo desenfreado de álcool está liberado para casais que mantêm este hábito. Leonard avisa que a taxa de casamento mais longo nesses casos não implica, automaticamente, na preservação saudável de outros aspectos da vida em casal: “embora seja possível que duas pessoas que bebam muito não se divorciem, elas podem criar uma atmosfera particularmente ruim para seus filhos”.
Ora, não é difícil imaginar os problemas atrelados ao consumo exagerado do álcool: pouca atenção aos filhos, estímulo ao abuso de álcool, uso do dinheiro para a compra de bebidas alcóolicas e assim por diante.
Portanto, o conselho dos profissionais da saúde e da população em geral ainda está valendo: beber com moderação é sempre a melhor alternativa para qualquer um, quer você esteja em um relacionamento ou não.
Por Karina Marques (Irresistível.com)