Segunda, 22 Setembro 2014 10:43

Pinhão - Maconha é a droga mais usada no Município

 Mas, os que procuram ajuda já passaram dessa fase. Infelizmente, estão na cocaína, no crack. Os alcoólatras também fazem parte dos números, confira o depoimento de uma dependente, que aderiu ao tratamento pelo Caps para poder se livrar do vício.

 

A dependência química é uma doença e considerada como um transtorno mental. Os dependentes químicos são vistos como pessoas fracas, de pouca força de vontade, sem bom senso e sem sabedoria.

 

Porém, quando se considera como doença, olha-se sob outra perspectiva: de que se trata de um transtorno, em que o portador desse distúrbio perde o controle do uso da substância, e sua vida psíquica, emocional, espiritual, física, vão deteriorando gravemente. Nessa situação, a maioria das pessoas precisa de tratamento e de ajuda competente e adequada.

 

Em Pinhão, essa ajuda vem do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), que está voltado à assistência de pessoas com problemas de saúde mental, individual e coletiva. O serviço conta com profissionais da área de psicologia, psiquiatria, serviço social, enfermagem e educação.

 

De acordo com o técnico de enfermagem do Caps Pinhão, Vilson Antonio Prudente, formado em Assistência Social e pós-graduado em dependência química, como em qualquer outro lugar, em nossa cidade o problema atinge todas as faixas sociais e etárias. "É claro que na adolescência e juventude estão mais vulneráveis, mas não quer dizer que os idosos não estejam fazendo uso. No mundo que vivemos existem muitas cobranças. O cidadão que não se prepara para uma velhice saudável, acaba se aposentando e se tornando uma pessoa totalmente ociosa, uma porta para alguns vícios".

 

NÚMEROS

 

Hoje o Caps Pinhão atende 450 pacientes, incluindo com transtorno mental. Desses, 106 fazem tratamento para a dependência química. O tratamento voluntário para drogas e álcool conta com diversas faixas etárias. Com idade inferior a 18 anos o número é baixo, apenas dois, porque o espaço físico e a estrutura não é adequada para adolescentes. Entre 18 a 30 anos são 22 pacientes. O restante se encaixa na de 30 a 59 anos. Acima de 60 anos são 9.

 

De acordo com o assistente social, o álcool é aceito pela sociedade, por isso o tratamento é maior no caso de drogas. Segundo ele, o índice é muito grande de pessoas que não fazem tratamento. E aqueles que têm uma condição financeira mais elevada preferem procurar clínicas particulares, devido o constrangido público. "Se tivéssemos todos esses dados, o número seria muito superior", alerta.

 

Entre os jovens há uma maior desistência do tratamento. A psicóloga do Caps Pinhão, Kueni Dave, explica que as recaídas entre eles são mais frequentes. "O Caps sempre está aberto, o serviço também se estende para menores de idade. Pode chegar por conta própria ou por encaminhamentos. Estamos de portas abertas", frisa.

 

DEPOIMENTO

 

Uma das pacientes do Caps Pinhão é uma dona de casa de 36 anos. Ela conta que a dependência pelo álcool iniciou quando tinha 20 anos de idade. Depois de dois anos já precisava beber todos os dias. "Vendia até as roupas. Fazia de tudo para conseguir o dinheiro. Ainda bem que o meu marido não me abandonou, mas foi por pouco".

 

A bebida prejudicava o casamento, a convivência com os filhos e a família. As perdas foram muitas. Agora, praticamente está reiniciando sua vida. Além da parte material e emocional, prejudicou muito sua saúde. Ficou sem caminhar por 15 dias. "Afetou os ossos das pernas e o fígado", lamenta.

 

Ela começou o tratamento em fevereiro deste ano. É acompanhada pelo médico e pela psicóloga. A medicação a ajuda na abstinência. "Nunca mais bebi. Estou retomando a minha vida. Minha família me apoia muito. Quero que o meu exemplo de vida ajude a outros, que passam pelo vício, a decidirem pelo tratamento, porque sem o Caps eu não tinha conseguido", afirma.

 

TIPOS DE DROGAS

 

O tipo de droga mais usada em Pinhão é a maconha. Mas, os que procuram tratamento já passaram dessa fase. Infelizmente, estão na cocaína, no crack. "O que não quer dizer que outros tipos não circulem por aqui. Não pela quantidade de pessoas, mais pelos perfis e pelos danos que causam", explica Vilson Prudente.

 

O alerta é para a evolução dos tipos de drogas, cada vez mais destrutivas. "A cada ano surgem novas. A nova droga sintética que apareceu foi a krokodil. O estrago é assustador. Infinitamente pior que o crack". É uma droga russa barata e viciante de fácil obtenção que apodrece a carne deixando os ossos do usuário expostos. Fica parecendo um verdadeiro zumbi enquanto definha. Krokodil é um substituto para uma droga cara, a heroína. O princípio ativo do opiáceo sintético é a desomorphine. Dez vezes mais potente que a morfina. O assistente social observa que esse tipo de tecnologia usada é muito vantajosa para os traficantes. "Para eles quanto mais rápido viciarem melhor".

 

TRATAMENTO

 

O pinhãoense que entrou no mundo das drogas e quer sair pode procurar ajuda no Caps. Encontra um tratamento através do programa Sim Paraná, que é associado a 20 municípios, entre eles, Pinhão. Cada um tem à disposição três vagas mensais.

 

Vilson Prudente conta que a procura pelo tratamento ainda é pequena. "Sabemos que muitas pessoas precisam, mas, como o tratamento é voluntário, depende do interessado querer, a demanda é bem menor".

 

Depois da reforma psiquiátrica, ninguém pode ser obrigado a fazer o tratamento. "Segue o princípio do direito de escolha. Mas, dependendo do caso, se a pessoa estiver no fundo do poço e não tiver condições de decidir, a família pode recorrer a uma internação", explica.

 

Hoje, o dependente químico tem a possibilidade de fazer o tratamento em um modelo que funciona 100%. O paciente recebe suporte médico, social e psicológico, e no ambiente que vive. O psicólogo faz visitas uma ou duas vezes semanais em sua casa. "Muito melhor que colocar dentro de um hospital, de uma maneira mais agressiva e trancado. Na ala psiquiátrica, junto com os demais pacientes, é muito sofrido e não gera resultado prático", garante.

 

De acordo com Vilson Prudente, quando o trabalho do Caps Pinhão não é o suficiente, o dependente químico é encaminhado para Guarapuava. Lá o Caps-AD3 oferece um atendimento diferenciado. "Se for preciso, fica um, dois ou três meses acolhido em um ambiente por 24 horas".

 

RECAÍDAS

 

De acordo com a psicóloga do Caps Pinhão, Kueni Dave, à reportagem do Fatos do Iguaçu, é uma forma de motivar os dependentes. "Muitos têm suas recaídas e abandonam o tratamento. Devem procurar forças e retomar. Voltem para poderem se livrar do vício".

 

SERVIÇO: mais informações no telefone: (42) 3677 3414.

 

 

 

 

Com informações, Jornal Fatos do Iguaçu.

 

 

 

Veja também:

Entre para postar comentários