Terça, 16 Setembro 2014 10:28

Pinhão - Idosos não recebem visitas

Para poder suprir todas as necessidades dos moradores, Lar do Idoso enfrenta dificuldades financeiras.

 

Quem vai até a Associação São Francisco de Assis de Pinhão (ASFAPIN) para visitar os seus 42 idosos, verifica o clima familiar entre os moradores e seus cuidadores. E não podia ser diferente, porque os que lá estão nunca recebem a visita de seus parentes consanguíneos. 

 

Alguns foram abandonados e outros não possuem família. A nutricionista Francine da Rocha Costa, afirma que o maior problema enfrentado pelos moradores é a falta de atenção dos parentes. "Dá para contar nos dedos quem recebe uma visita, e a maioria dos internados têm família. De vez enquanto chega alguém da comunidade para conhecer o local, para conversar com eles", lamenta. 

 

A exemplo de José Osni e Cidinha, que moravam junto com Zoraldo de Deus Rocha, mas como eles, também estava idoso. "Como os dois dependiam de cuidados especiais, acabaram vindo para cá. Eles têm família, mas ninguém vem visitá-los".

 

Na hora da entrevista, meio confuso, José Osni, de 66 anos,disse que seu nome era Adeverci Lopes. Contou do seu entretimento: "ando pra lá e pra cá, olhando a turma".

 

Sentado ao seu lado estava Amadeus Nunes das Chagas de 78 anos (foto). Lembrou que foi mordido três vezes por cobra, na época que trabalhava na lavoura. Ele foi um dos primeiros a chegar na casa de caridade. "Converso com um e com outro. Convido para tirar uma ‘paia' comigo. Parte da sua família mora em Santa Catarina, mas tem uma filha que mora aqui em Pinhão, recentemente ganhei um neto. Ficou de trazer para eu conhecer, mas ainda não apareceu".

 

Outro pinhãoense, nascido no Arroio Bonito, é o Sebastião Franca de Oliveira, de 65 anos. Como os pais são mortos e tem apenas uma irmã que mora na localidade Dois Irmãos, morava sozinho. Chegou em 2012 depois de um derrame. Assim que saiu do hospital foi mandado para o Lar do Idoso. "Sai do Pinhão com 12 anos e fui pro trecho trabalhar. Estive em São Paulo, Rondônia, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, vários lugares até me aposentar", recorda. Sebastião afirma que é bem cuidado: "cortam a barba, o cabelo, as unhas, dão banho, remédio; durmo bem, como à vontade; não tomo chimarrão, mas gosto do horário do cigarrinho e de tomar sol".

 

Lauri Alves Ferreira, 70 anos, também tem muitas histórias para contar. "Trabalhei na madeireira Zatarlândia por 38 anos. Também fui domador de cavalos". O devoto de Santo Antônio mora na Associação São Francisco de Assis há 26 anos. Teve uma época que entrou em depressão e acabou caindo, o que resultou em uma quebradura no fêmur. 

 

As irmãs Doris e Natalia moram juntas no Lar do Idoso. Como também os irmãos Pricianos (Luiz e João). Outro morador é Manuel Paiano. Ele não possui nenhuma documentação, na verdade, não é certeza que esse seja o seu nome. Não consegue se comunicar e é um dos moradores mais antigos.  Quem também já está há algum tempo na casa é o Otacílio, o Eloi, o Sebastião Catego, Silvano, João Airton, João Boca e Cristina, que é surda e muda, mas sempre dá um jeito para se comunicar. Silvanira, Ana Heloisa, Anadir, Tiana, Amélia, Adão, Agemil, Angelina, Valdemir e Helena entraram recentemente.

 

A MAIS IDOSA

 

A senhora mais idosa é Nathália Basílio. Com seus 84 anos, ela prefere se comunicar por aceno. Indica quando quer ligar a televisão, por exemplo. Prefere passar a maior parte do dia na sua cama. A nutricionista lembra que a única vez que a ouviu falando, foi um dia que que algumas mulheres promoveram no Lar um dia de beleza. "Ela falou: ‘crente não pinta a unha'. A gente tenta puxar conversa, mas ela não fala".

 

SEM TER PARA ONDE IR

 

Na Associação São Francisco de Assistem algumas pessoas que ainda não completaram 60 anos. Devido a problemas mentais ou alguma deficiência, estão ali porque não possuem nenhum parente ou a família não quer se responsabilizar. Como é o caso de Ezilda Velozo. "Os pais morreram e outros parentes não quiseram. Com um grau de deficiência mental, a cadeirante, mesmo não tendo idade, veio para cá. Devido à rejeição ela é muito carente. Para todos que chegam ela pede para que a levem junto para casa".

 

Um caso parecido é o de Antônio Covalski, de 66 anos. Com problemas mentais está na casa há 27 anos. Chegou com a mãe já idosa. Anos depois ela faleceu e ele, sem ter para onde ir, continuou no local.

 

DEPENDENTES

 

A maioria dos idosos é dependente. São cadeirantes ou acamados. "Felizmente, no momento, não possuímos nenhum acamado". 

 

Nas dependências, um quarto feminino bem espaçoso e quatro masculinos. A lareira, no hall de entrada, é um dos lugares preferidos dos moradores. Em dia de frio o local é disputado. "No inverno eles sofrem devido ao banho e por não possuirmos um sistema de aquecimento, o que ajuda bastante é a lareira", frisa Francine da Rocha Costa.

 

"SOMOS A FAMÍLIA DELES"

 

O café da manhã é servido até as 9 horas. O almoço das 11 até meio dia. O lanche às 15 horas e o jantar às 18 horas. "Frutas e leite à vontade". Duas equipes, com duas cozinheiras por dia, se revezam na cozinha. Ana Rosa Alves, trabalha há 2 anos e 5 meses. "Adoro trabalhar aqui. Tudo que fazemos eles elogiam". Quem também capricha no tempero e no carinho na hora de preparar as refeições é Noeli Meira, que está há um ano. "Gostam de atenção e carinho. São carentes porque recebem pouca visita. Nós, que convivemos com eles, é que somos a sua família".

 

SEJA UM DOADOR

 

Devido a dificuldades financeiras, a Associação São Francisco de Assis de Pinhão pede ajuda da comunidade para poder cuidar dignamente dos seus idosos, com idade entre 60 a 84 anos. Hoje, a despesa mensal fixa é de R$ 28.560,00. Só com funcionários R$ 16.400,00, sem contar com o valor quando o idoso fica internado e é preciso pagar a diária da cuidadora. 

 

De acordo com a coordenadora, Belém Syroca, o Lar do Idoso conta com um valor de R$ 1.650,36 que vem do Governo Federal, com as vendas do bazar, doações dos sócios e voluntários e prestação pecuniária do Fórum. Nos últimos cinco meses o valor da contribuição vinda dos sócios diminuiu muito. 

 

Para poder cobrir suas despesas mensais, a ASFAPIN quer mobilizar a população pinhãoense (empresários, comerciantes, profissionais liberais, donas de casa, outros) para que se tornem sócios. O valor fica a critério de cada um. As doações anônimas podem ser realizadas via depósito bancário: Banco do Brasil, agência 2450-3, conta corrente 22057-4. 

 

A ASFAPIN está situada na Rua Expedicionário Amarílio de Lima, 152, no Bairro Azaléia, próximo ao Corujão. Telefones para contato: 3677 2422 ou 9818 8916.

 

 

 

 

Com informações, Jornal Fatos.

 

 

 

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