É a principal festa religiosa de Pinhão. Pelo tamanho, considerada a maior da região. "São 10 dias intensos de muita gente. Reúne uma média de 15 mil pessoas nas últimas noites de barraquinha. Lota a rua e o salão paroquial. No último dia, que é o coroamento, chega a 20 mil pessoas", destaca o pároco, o padre José dos Santos Rodrigues.
Não existe um histórico da Festa do Divino. Mas, o que se sabe, é que tudo começou na Toca, um salão bem pequeno na parte de baixo da igreja. "Foi se estendendo ao longo dos anos e, hoje, é o salão e a rua para comportar todo o povo".
Os preparativos dos festeiros já iniciaram. Para receber o pinhãoense e convidados de toda a região, cerca de 12 tendas são montadas em um trecho da Rua Francisco Dellê, ao lado da Igreja Matriz para abrigar as milhares de pessoas por noite de festa. Como também o palco, onde se apresentarão Os Tropeiros do Sul, dia 5, o Grupo Bailantaço, dia 6, Os Manos, dia 7, e o Grupo Manotaço, dia 8.
A comissão organizadora anuncia novidades para a edição de 2014. Uma delas, é que não será vendida bebida alcoólica durante a festa."Em assembleia foi aprovado e a Diocese de Guarapuava assumiu o compromisso. É muito complicado para o padre e para o bispo falarem em defesa da vida e abrir precedente através da bebida. É uma conscientização. Sabemos que não é fácil vencer uma tradição que vem há muitos anos", analisa o pároco.
Mas, felizmente, é uma minoria que quer uma festa com álcool. O padre comemora o resultado, "a maioria aprova a festa sem álcool". Até o quentão, será somente com suco de uva.
Segundo o pároco, nunca foi registrado na história das festas pinhãoenses algum problema mais grave. "Apenas desentendimento lá na rua, alguma batida de carro. Graças a Deus, nunca tivemos problemas. Mas já houve até casos de morte em outras paróquias, dentro do salão da Igreja".
O tema de 2014, "Com o espírito santo celebramos uma nova igreja", chega para anunciar essas novas atitudes. De acordo com o padre Rodrigues, é uma nova paróquia, sem preocupação da bebida alcoólica. "Uma nova festa. A festa da vida. Lembrando das palavras do nosso Papa, que fala da Igreja renovada".
E a outra novidade é que não terá o show de prêmios. Nesse quesito o problema é com a Receita Federal. "Os bingos já estão proibidos há tempo, porque envolve pagamento de impostos. Como a Igreja é isenta, não era pago o imposto dos veículos que eram entregues como prêmio. Então, hoje é proibido. A não ser que alguém doasse um carro, daí seria como presente", explica.
RAINHA DA FESTA
Mas uma moto zero quilômetro será sorteada entre as pessoas que comprarem votos das candidatas a rainha. Além da moto zero quilômetro, uma tevê 29" como segundo prêmio e uma antena parabólica como terceiro prêmio. O sorteio está marcado para as 17 horas, do domingo, dia 8.
Mais de 10 candidatas escolhidas pelas comunidades competirão pela faixa através da venda. Quem conseguir vender mais será escolhida a Rainha da Festa. "A rainha ganha um presente. Também vai uma porcentagem da festa para a comunidade da candidata", conta.
PROGRAMAÇÃO
A festa é dividida em três fases. Vinte e seis dias, de 28 de abril a 23 de maio, de Folia do Divino. Nove dias, de 30 de maio a 7 de junho, de novenas e barraquinhas. Mais o grande dia festivo, no domingo, 8 de junho.
O Grande Dia Festivo tem uma programação própria. Inicia bem cedinho, às 6 horas, com a alvorada e foguetório. Às 10 horas, será realizada a Santa Missa Solene. Ao meio dia, almoço com churrasco e acompanhamentos. Às 15 horas, inicia o show com o Grupo Manotaço. Às 17 horas, a Coroação da Rainha e o sorteio de prêmios. Às 18 horas, o segundo tempo do show do Grupo Manotaço, e às 20 horas, o encerramento da festa.
O Manotaço é o único grupo de fora. Vindo de Tapejara, do Rio Grande do Sul. "É a primeira vez que vem animar a Festa do Divino. E durante a semana, damos oportunidade para os talentos locais. Temos muitos talentos aqui e suficiente para a animação. Mas já é tradição trazer uma novidade de fora para o último dia", frisa.
NOVENAS
A partir do dia 30 de maio começa o novenário. Para cada dia, um padre e uma bênção. Esse ano, padres de fora irão ajudar nas celebrações. "A parte espiritual é muito participada. A igreja fica pequena para receber todos", conta o pároco.
Confira a programação. Dia 30 de maio, padre Marlon, da Canção Nova, com a bênção da chave da casa (doação: açúcar). Dia 31, padre Zezinho, de Guarapuava, com a bênção da chave do carro (doação: arroz). Dia 1º de junho, padre Jean, de Pinhão, com a bênção das roupas (doação: macarrão). Dia 2, padre Elizeu, de Reserva do Iguaçu, com a bênção do sal (doação: trigo). Dia 3, padre Jakson, de Entre Rios, com a bênção das bíblias (doação: farinha de mandioca torrada). Dia 4, padre Cícero,de Laranjal, e Ironi Spuldaro com a bênção das imagens (doação: óleo). Dia 5, padre Daniel,de Turvo, e Ironi Spuldaro com a bênção da água (doação: trigo). Dia 6, padre Eduardo,do Século XXI, e Ironi Spuldaro com a bênção dos crucifixos (doação: óleo). Dia 7, padre João Rocha, de Guarapuava, com a bênção dos remédios (doação: trigo). E, dia 8, na celebração o Bispo de Guarapuava, Dom Antonio Wagner (doação: bolo).
FOLIA DO DIVINO
A Folia do Divino já iniciou dia 28 de abril. Toda noite moradores recebem os cantores e a bandeira do Divino Espírito Santo. Bênção, cantoria e oração. Costume repassado de geração em geração. Ele está arraigado no pinhãoense.
A bandeirinha vermelha marca a casa visitada na noite. As residências são dos festeiros e de pessoas que se inscreveram pedindo a visita. A grande maioria da sede, alguns do interior.
O padre Rodrigues enfatiza que a festa depende basicamente dos festeiros. São ele que fazem a pedição de prendas e donativos. "Todo ano são escolhidos os casais. São apresentados sempre uns 40, desses saem 18 ou 20. Esse ano saiu 23. Eles são a base. A festa é muito grande e se um dia ninguém quiser ser festeiro, ela acabará. A paróquia é grande, os padres não têm tempo de sair fazer a arrecadação para a cozinha, churrasco, leilão, binguinho".
A generosidade, o grande coração do pinhãoense, torna cada edição uma realidade. Segundo o pároco, se tivesse que comprar tudo, não seria possível a realização. Tudo é muito caro. Muita despesa e pouco resultado. "A solidariedade. A partilha. O pessoal é muito generoso. Sempre a gente fala brincando, podem doar desde um frango até um carro". Durante a Folia do Divino são arrecadados vários itens como óleo, açúcar, trigo. As Pastorais e Movimentos também estão realizando um arrastão pedindo prendas e mantimentos.
A festa envolve muitos voluntários. Mais de 100 pessoas por noite. "É o trabalho da comunidade para a comunidade. O pessoal se oferece para trabalhar. Ficamos muito gratos", destaca padre Rodrigues.
Todo o envolvimento é resultado do amor ao padroeiro. Segundo o pároco, onde o povo ama o padroeiro, a dedicação é maior. "Já passei por outras paróquias onde o povo não tem aquela fé fervorosa pelo padroeiro. Mas aqui é diferente".
FESTEIROS
Os vinte e três casais assumem uma grande responsabilidade. São a base da festa. O casal Neli Marin e João Artêmio Beltrame, foram convidados mais uma vez para fazerem parte dos festeiros da Festa do Divino. "É uma honra fazer parte deste grupo. È preciso ter conhecimento e responsabilidade. O sucesso da festa depende do bom trabalho dos festeiros. É emocionante a fé que a população tem no Divino Espírito Santo", salientou Neli.
Alexande e Joslaine, Gilberto e Camila, Jeferson e Joelma, Nilceu e Marcia, Renato e Iolete, Edenilson e Cristiane, Pedro e Larissa, João Artêmio e Neli, Dirceu e Lucimeri, Celso e Maria, Silvio e Sirlei, Celso e Ivonete, João e Sirlei, Sandro e Janete, Fernando e Fernanda, Sebastião e Izonete, Sérgio e Evandréia, Emanuel e Priscila, Luciano e Nédia, Edonei e Luziana, Neudir e Marizete, João e Larissa e Írio e Cirene.
LUCRO
O lucro da festa de 2014 será aplicado no término das obras do Centro Catequético. Já foi iniciada a reforma geral, porque há mais de 40 anos não é mexido em nada. "Resolvemos abraçar essa causa porque uma grande parte de todo o patrimônio que temos aqui foi feita com dinheiro que veio de fora através dos missionários que permaneceram aqui por mais de 40 anos. E hoje não vem mais. Então, é o povo pinhãoense que tem que cuidar. É um patrimônio nosso que precisa ser preservado e conservado", explica o padre Rodrigues. Depois do Centro Catequético, a preocupação será o salão de festas e a reforma da igreja. (Com informações Jornal Fatos)
