O atual número também é 41% maior do que o registrado entre janeiro e abril de 2015. Segundo o secretário de Estado da Saúde, Michele Caputo Neto, as estatísticas mostram que nunca se avançou tanto na área de transplantes.
“Hoje somos exemplo para o país, graças ao trabalho de excelência desenvolvido por nossa Central Estadual de Transplantes. Contudo, é preciso fazer mais, visto que cerca de 2 mil pessoas ainda aguardam por um órgão no Paraná”, ressaltou.
Para Caputo Neto, o bom desempenho na área se deve também à solidariedade das famílias que autorizam a doação dos órgãos. “Mesmo em um momento de dor, com a morte de um ente querido, essas famílias praticam um importante ato de amor e permitem que outras pessoas sejam salvas”, diz o secretário.
O número de doações concretizadas também foi recorde neste início de 2016. Em quatro meses, 100 doações foram efetivadas e viabilizaram transplantes múltiplos - de coração, fígado, rim e pâncreas.
ESPERA
De acordo com dados da Central Estadual de Transplantes, 1.980 pessoas ainda aguardam na lista de espera no Paraná. A maior demanda é por rim (1.430), seguida por córneas (340), fígado (113), coração (47), rim/pâncreas (38) e somente pâncreas (12).
A boa notícia é que o número de transplantes de rim foi o que mais aumentou nos últimos quatro meses. Em comparação com o primeiro quadrimestre de 2015, o crescimento foi de 38%, passando de 90 para 125 procedimentos realizados.
REORGANIZAÇÃO
A coordenadora do Sistema Estadual de Transplantes, Arlene Badoch, atribui os bons resultados à qualificação das equipes responsáveis por atuar em cada uma das etapas do processo de captação e transplante. “Por trás desses avanços, há uma série de profissionais empenhados na missão de salvar vidas. Desde a identificação do potencial doador até a realização efetiva do transplante”, explicou.
Para Arlene, a recente reorganização do Sistema Estadual de Transplantes do Paraná tem feito com que os números venham crescendo ano a ano. “A capacitação das equipes, as campanhas de conscientização e o uso da frota aérea estadual para transporte de órgãos têm ajudado nesta evolução”, complementou.
NOVA VIDA
O motorista de ônibus, Alexandre Alex dos Santos, fazia parte do cadastro de espera há seis meses. Morador de Piraquara, ele foi diagnosticado com insuficiência renal e tinha que fazer sessões de hemodiálise três vezes por semana em Curitiba. “Era algo angustiante. Parei de trabalhar e passei a viver em função do tratamento”, contou.
Sua esposa, Silvane Correia, até iniciou o processo para doar um de seus rins, que era compatível. Felizmente, isso não foi necessário. Às vésperas da cirurgia, Alexandre recebeu a notícia que seria contemplado com um órgão de doador falecido e o transplante foi realizado.
Hoje, dois meses depois, Alexandre diz que ganhou nova vida. “Estou retomando minhas atividades e ansioso para voltar a trabalhar. No fim de semana espero poder tirar a máscara que me protege de infecções, e já poderei inclusive jogar bola com os meus amigos”, comemorou.
DOAÇÃO
Qualquer pessoa pode ser um potencial doador. Rins, parte do fígado e da medula óssea podem ser doados em vida. Mas, em geral, a doação ocorre após a morte com a autorização familiar.
Para ser doador não é necessário deixar nada por escrito, mas é fundamental comunicar à família esse desejo. “Como a doação só ocorre com a autorização dos familiares mais próximos, é essencial que a vontade de se tornar doador de órgãos seja discutida em casa”, lembra a coordenadora.
CAMPANHA
Esse é o motivo pelo qual o Governo do Estado decidiu manter a campanha ‘Doação de Órgãos – Fale sobre isso’, que estimula as pessoas a conversarem sobre o assunto. O movimento tem o apoio de diversas empresas e instituições paranaenses.
Beneficiado pela doação de um órgão, Alexandre Alex dos Santos deixa uma mensagem. “Assim como eu, muitas pessoas já foram salvas. Só que para muitas outras essa angústia continua. Quem está na fila por um transplante fica aflito a cada ligação. Por isso, fica o apelo. Avise sua família e se torne um doador”. (Com Bem Paraná)