Sexta, 26 Fevereiro 2016 09:56

Zika vírus desafia conhecimentos das autoridades de saúde

O número de vítimas não para de crescer, assim como a preocupação. Nesta semana, o Governo do Paraná confirmou 70 casos em todo o Estado, dos quais 22 em Curitiba.

 

O nome do “inimigo você deve conhecer: o zika vírus. Mas fora isso, pouco se sabe sobre essa ameaça, real e cada vez mais próxima dos curitibanos a Secretaria Municipal de Saúde de Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, confirmou o primeiro caso autóctone da Grande Curitiba.

 

O surto da doença, que teve início na segunda metade do ano passado e provocou um aumento drástico nos casos de microcefalia no país já são 583 casos confirmados e outros 4.107 sob suspeita, pegou o mundo despreparado. 

 

Juliana Oliveira, diretora do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde, confirma que as informações acerca da doença ainda são escassas. Quanto à transmissão, por exemplo, sabe-se que nos casos de dengue e chikungunya, doenças também transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, não há transmissão de pessoa para pessoa. Sobre a zika, no entanto, ainda não há confirmação.

 

“Já foi observado e identificado o zika vírus em secreções como sêmen, urina e saliva. Agora, o potencial de transmissão de pessoa para pessoa não é comprovado. Uma coisa é identificar o vírus, outra comprovar que essa forma de transmissão ocorre”, explica a especialista.

 

O mesmo ocorre com relação imunidade. No caso da dengue, é comprovado que a pessoa, depois de ser infectada por um dos quatro tipos da doença, fica imune ao tipo que já a infectou — se a pessoa pegar a dengue do tipo 1, por exemplo, fica imune ao tipo 1, mas pode ses infectada ainda pelos vírus de tipo 2, 3 e 4. No caso da chikungunya, há a confirmação de que a pessoa fica imune após ser infectada, mas ainda não se sabe se essa imunidade é perene ou decai com o passar do tempo. Já sobre a zika, não há nada de conclusivo.

 

“Em relação zika a gente ainda não sabe. Não sabemos se a pessoa fica imune, muito menos se é uma imunidade duradoura ou se é só por algum tempo”, afirma Juliana. “São respostas que ainda não temos. As pesquisas são muito novas, muito recentes”, complementa.

 

Tal desconhecimento também se reflete nas formas de diagnóstico. Enquanto para a dengue e a chikungunya existem exames sorológicos, que detectam anticorpos contra o vírus, e exames que identificam o próprio vírus, para a zika só a última opção funciona. “O problema é que o zika vírus s circula no organismo nos primeiros cinco dias da doença. Então s existe a possibilidade de diagnóstico nesse início da doença”, diz Juliana.

 

Comparativo entre as doenças

 

Dengue

Doença: A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, cujo primeiro registro foi publicado numa enciclopédia médica chinesa da época da dinastia Jin (265-420). No Brasil, foi identificada pela primeira vez em 1986. Estima-se que 50 milhões de infecções por dengue ocorram anualmente no mundo

 

Transmissão: A principal forma de transmissão é pela picada do mosquito Aedes aegypti. Há registros de transmissão vertical (gestante - bebê) e por transfusão de sangue

 

Sintomas: Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta (39° a 40°C), de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele. Perda de peso, náuseas e vômitos são comuns. Na fase febril inicial da doença pode ser difícil diferenci-la. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, sangramento de mucosas, entre outros sintomas

 

Imunidade: Existem quatro tipos diferentes de vírus do dengue: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Quando a pessoa infectada por um dos tipos, fica imune a ele. A imunidade, no entanto, não é cruzada. Ou seja, a imunidade é específica para cada um dos tipos

 

Tratamento: Não existe tratamento específico para dengue. O tratamento é feito para aliviar os sintomas Quando aparecerem os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde mais próximo, fazer repouso e ingerir bastante líquido. Importante não tomar medicamentos por conta própria

 

Prevenção: A vacina para a dengue já é aplicada em alguns países e em breve deve chegar ao Brasil. Até lá, a melhor forma de prevenção é acabar com o mosquito, ou se protegendo com roupas mais longas e mosquiteiros, e o uso de repelentes

 

Chikungunya

Doença: A Febre Chikungunya foi identificada no Brasil pela primeira vez em 2014. Chikungunya significa “aqueles que se dobram” em swahili, um dos idiomas da Tanzânia. Refere-se aparência curvada dos pacientes que foram atendidos na primeira epidemia documentada, na Tanzânia, localizada no leste da África, entre 1952 e 1953

 

Transmissão: Além do mosquito Aedes aegypti, a febre chikungunya transmitida também pela picada do Aedes albopictus. Não há transmissão da doença diretamente de uma pessoa para outra, somente pelo sangue (transfusão, transplante de órgão)

 

Sintomas: Os sintomas iniciam entre dois e doze dias após a picada do mosquito. Um dos primeiros é febre acima de 39 graus, de início rápido, e dores intensas nas articulações de pés e mãos dedos, tornozelos e pulsos. Pode ocorrer, também, dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele. Cerca de 30% dos casos não chegam a desenvolver sintomas.

 

Imunidade: Depois de infectada a pessoa fica imune. Ainda não se sabe, porém, se essa imunidade dura a vida inteira ou se ela tem um “prazo de validade”

 

Tratamento: Não há um tratamento específico contra a doença. A maioria dos pacientes, porém, irá se curar de forma espontânea após cerca de 7 a 10 dias

 

Prevenção: Como também não existe vacina ou tratamento específico, a prevenção consiste em medidas simples no próprio domicílio e arredores que ajudem a combater a proliferação do mosquito transmissor da doença

 

Zika vírus

Doença: O Zika é um vírus transmitido pelo Aedes aegypti e identificado pela primeira vez no Brasil em abril de 2015. O vírus Zika recebeu a mesma denominação do local de origem de sua identificação em 1947, após detecção em macacos sentinelas para monitoramento da febre amarela, na floresta Zika, em Uganda

 

Transmissão: O principal modo de transmissão descrito do vírus é pela picada do Aedes aegypti. Outras possíveis formas de transmissão do vírus Zika precisam ser avaliadas com mais profundidade, com base em estudos científicos

 

Sintomas: Cerca de 80% das pessoas infectadas pelo vírus Zika não desenvolvem manifestações clínicas. Os principais sintomas são dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas articulações, manchas vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos. Outros sintomas menos frequentes são inchaço no corpo, dor de garganta, tosse e vômitos

 

Imunidade: Segundo especialistas, como a doença é muito recente e foram poucos os estudos feitos, ainda não é possível afirmar se as pessoas que são infectadas adquirem imunidade ao se recuperar.

 

Tratamento: No geral, a evolução da doença é benigna e os sintomas desaparecem espontaneamente após 3 a 7 dias. No entanto, a dor nas articulações pode persistir por aproximadamente um mês

 

Prevenção: Novamente, a eliminação de criadouros do Aedes é essencial, enquanto o uso de mosquiteiros e roupas longas ajudam a prevenir picadas e o uso de repelentes de pele também aconselhável. Grávidas, no entanto, devem tomar cuidado redobrado devido ao surto de microcefalia, utilizando repelente mesmo quando permanecerem em casa e reforçando o produto a cada 90 minutos. (Com Bem Paraná)

 

 

 

Veja também:

  • Problemas na próstata atingem mais da metade dos homens com mais de 50

    Novembro é o mês de campanha de conscientização pela saúde masculina, com foco na prevenção do câncer de próstata.

     

    Enquanto o câncer é motivo de alerta por ser o segundo mais comum entre homens no Brasil de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) - perdendo apenas para câncer de pele não melanoma - as outras doenças da próstata recebem menos atenção.

  • Novembro Azul reforça cuidado com a saúde do homem

    A Secretaria de Estado da Saúde reforça os cuidados com a saúde do homem em celebração ao Novembro Azul.

     

    A campanha tem o objetivo principal de combater o câncer de próstata por meio do incentivo à realização periódica dos exames em busca de diagnóstico precoce.

  • Guaraniaçu - Saúde encerra com SUCESSO a Campanha Outubro Rosa 2017

    Ao longo deste mês de Outubro, foram inúmeras as ações desenvolvidas pela Secretaria Municipal de Saúde, chamando a atenção das MULHERES para a prevenção, em especial ao CÂNCER DE MAMA.

     

    Na terça dia 31, a equipe de colaboradores encerrou os trabalhos com elas e segundo informou o secretário de Saúde, Wanderlei Portela, o resultado foi muito positivo, pois, ao longo do mês e nos dias específicos, as mulheres compareceram em busca de atendimento e os exames preventivos foram realziados.

Entre para postar comentários