Para Grolli essa história de baixar pedágio e fazer obras precisa ser melhor explicada. “É preciso explicar o que aconteceu nesses últimos 17 anos para depois ver que tipo de Papai Noel é esse que estão prometendo agora”, diz o líder cooperativista.
Segundo Grolli, é necessária uma prestação de contas ampla para a sociedade que mostre tudo o que foi arrecadado desde 1998 e para onde esses recursos foram canalizados. “Depois se discute um novo pedágio, aberto, com concorrência para todas as empresas brasileiras e estrangeiras também”, diz.
Grolli afirma que os produtores rurais pagaram uma alta conta com o pedágio e os investimentos em melhorias são baixos.
“Nós temos a Ecocataratas que duplicou menos de 60 quilômetros em 17 anos, no entanto a cobrança é muito cara. Nesse momento temos que ter serenidade e dizer de forma clara e em bom som que para o produtor rural foi muito difícil pagar essa conta”, declara.
Um produtor rural que exporta sua produção, a cada 100 sacas de soja colhidas deixa três como pagamento de pedágio. No caso da produção de milho, a cada 100 sacas oito ficam nas tarifas. “Não é o frete, é apenas o custo do pedágio”, exemplifica. Para ele, não é possível ter um pedágio tão caro e os recursos praticamente serem usados apenas na manutenção das rodovias.
“Precisamos de transparência sobre a aplicação dos recursos, isso é uma coisa normal nas empresas, nas pessoas que têm responsabilidade, nos governos que têm responsabilidade”, declara.
Grolli diz que cálculos apontam que o pedágio paranaense custa, para uma distância de 100 quilômetros, uma média R$ 10,00 à R$ 11,00. Ele ressalta, no entanto, que nas últimas concessões elaboradas pelo governo federal para estados da região Centro-Oeste o custou caiu para, no máximo, R$ 4,50 a cada 100 quilômetros percorridos.
No ano passado, as concessionárias Ecocataratas, Caminhos do Paraná, RodoNorte, Ecovia, Viapar e Caminhos do Mar – que exploram as rodovias pedagiadas no Paraná – arrecadaram juntas R$ 1,84 bilhão. Para Grolli, os valores arrecadados ao longo dos últimos 17 anos precisam ser apurados a partir de uma auditoria, com acompanhamento do Ministério Público e outros órgãos competentes.
Plebiscito
Quem também protestou contra a proposta de prorrogação dos contratos foi o deputado estadual Leonaldo Paranhos (PSC). Ele iniciou a coleta de assinaturas junto aos demais parlamentares para propor uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que condiciona a renovação de contratos de pedágio ou novas concessões à realização de plebiscito para consultar o eleitorado paranaense.
A proposta estabelece ainda que o plebiscito deva ser realizado após ampla divulgação à sociedade sobre os “trechos a serem concedidos, valores a serem praticados, critérios de reajuste, direitos e obrigações das concessionárias, dentre outros elementos fundamentais para perfeita instrução do eleitoral”. (Com Olho Aberto Paraná)