Domingo, 16 Agosto 2015 21:59

Prorrogação do pedágio: que mágica é essa?

Uma proposta de renovação por mais 25 anos dos contratos do pedágio do Anel de Integração do Paraná não está sendo bem vista por boa parte do setor produtivo, apesar de alguns setores fazerem a defesa da continuidade do atual modelo de concessão.

 

Iniciado em 1998, o pedágio paranaense é o mais caro do Brasil, mas a proposta de prorrogação prevê a redução das tarifas e a duplicação de rodovias. Para Dilvo Grolli, presidente da Coopavel, antes de qualquer prorrogação é preciso uma prestação de contas por parte das concessionárias.

 

Para Grolli essa história de baixar pedágio e fazer obras precisa ser melhor explicada. “É preciso explicar o que aconteceu nesses últimos 17 anos para depois ver que tipo de Papai Noel é esse que estão prometendo agora”, diz o líder cooperativista.

 

Segundo Grolli, é necessária uma prestação de contas ampla para a sociedade que mostre tudo o que foi arrecadado desde 1998 e para onde esses recursos foram canalizados. “Depois se discute um novo pedágio, aberto, com concorrência para todas as empresas brasileiras e estrangeiras também”, diz.

 

Grolli afirma que os produtores rurais pagaram uma alta conta com o pedágio e os investimentos em melhorias são baixos.

 

“Nós temos a Ecocataratas que duplicou menos de 60 quilômetros em 17 anos, no entanto a cobrança é muito cara. Nesse momento temos que ter serenidade e dizer de forma clara e em bom som que para o produtor rural foi muito difícil pagar essa conta”, declara.

 

Um produtor rural que exporta sua produção, a cada 100 sacas de soja colhidas deixa três como pagamento de pedágio. No caso da produção de milho, a cada 100 sacas oito ficam nas tarifas. “Não é o frete, é apenas o custo do pedágio”, exemplifica. Para ele, não é possível ter um pedágio tão caro e os recursos praticamente serem usados apenas na manutenção das rodovias. 

 

“Precisamos de transparência sobre a aplicação dos recursos, isso é uma coisa normal nas empresas, nas pessoas que têm responsabilidade, nos governos que têm responsabilidade”, declara.

 

Grolli diz que cálculos apontam que o pedágio paranaense custa, para uma distância de 100 quilômetros, uma média R$ 10,00 à R$ 11,00. Ele ressalta, no entanto, que nas últimas concessões elaboradas pelo governo federal para estados da região Centro-Oeste o custou caiu para, no máximo, R$ 4,50 a cada 100 quilômetros percorridos.

 

No ano passado, as concessionárias Ecocataratas, Caminhos do Paraná, RodoNorte, Ecovia, Viapar e Caminhos do Mar – que exploram as rodovias pedagiadas no Paraná – arrecadaram juntas R$ 1,84 bilhão. Para Grolli, os valores arrecadados ao longo dos últimos 17 anos precisam ser apurados a partir de uma auditoria, com acompanhamento do Ministério Público e outros órgãos competentes.

 

Plebiscito

 

Quem também protestou contra a proposta de prorrogação dos contratos foi o deputado estadual Leonaldo Paranhos (PSC). Ele iniciou a coleta de assinaturas junto aos demais parlamentares para propor uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que condiciona a renovação de contratos de pedágio ou novas concessões à realização de plebiscito para consultar o eleitorado paranaense.

 

A proposta estabelece ainda que o plebiscito deva ser realizado após ampla divulgação à sociedade sobre os “trechos a serem concedidos, valores a serem praticados, critérios de reajuste, direitos e obrigações das concessionárias, dentre outros elementos fundamentais para perfeita instrução do eleitoral”. (Com Olho Aberto Paraná)

 

 

 

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