Os professores e funcionários de escolas cruzaram os braços desde o último dia 9 – quando estava previsto o início das aulas – em protesto contra o pacote enviado ao Legislativo e também contra o atraso no pagamento de benefícios como o abono de férias do final do ano, progressões e promoções de carreira, e o não pagamento de rescisões de servidores temporários. Diante da reação, o governo inicialmente concordou em retirar de pauta projetos que previam o fim do pagamento de gratificações por tempo de serviço – os chamados quinquênios e anuênios – além das mudanças nas regras de promoções, e o fim do vale transporte para servidores afastados do trabalho.
As concessões não foram suficientes para agradar a categoria – que seguiu em greve contra outros itens do pacote – como a extinção do fundo previdenciário do Paraná Previdência, que permitiria ao governo ter acesso a R$ 8 bilhões para pagar as atuais aposentadorias. A tensão chegou ao auge no último dia 9, quando servidores e manifestantes invadiram e ocuparam o plenário da Assembleia depois que os deputados aprovaram a transformação do plenário em comissão geral para apressar a votação das medidas. E três dias depois, acabou na retirada das propostas de pauta, depois que a sede do Legislativo foi sitiada pelos manifestantes, que novamente invadiram a Casa para impedir que os projetos fossem votados pelos deputados da base do governo em uma sessão no restaurante do quinto andar do prédio administrativo da Assembleia, em meio a um forte cerco policial.
Rescisões
Mesmo com a retirada do pacote de pauta, e a garantia de que os projetos serão amplamente discutidos antes de qualquer votação, os professores mantiveram a paralisação e continuaram acampados no Centro Cívico. Ontem, o governo confirmou o pagamento de R$ 70 milhões relativos a rescisões de contratos de 29 mil professores temporários. E a liberação de outros R$ 12 milhões para a quitação do terço de férias de novembro e dezembro dos servidores.
A APP Sindicato, porém, segue cobrando a recomposição do quadro de professores e funcionários de escolas que existia no final de 2014. E a reversão do cancelamento de 2.200 turmas, além da contratação de professores concursados. O governo deve apresentar ainda na reunião de hoje proposta de pagamento de outros R$ 116 milhões até o final de março, e outros R$ 40 milhões em abril, relativos a férias vencidas dos docentes.
Além dos professores, outros 23 sindicatos que representam diversas categorias dos servidores públicos estaduais devem participar das reuniões de hoje. “O governo retirou o item previdência de pauta, mas os servidores não sabem qual a proposta que ele quer reapresentar”, explicou o deputado José Aparecido Lemos (PT), que já presidiu a APP Sindicato.
Ontem, servidores da área da saúde pública estadual, que também estão em greve, fizeram manifestação no Centro Cívico.