A explicação para o temor dos agricultores com tanta água nas plantações está no solo. Trabalhadores da área chegam a afirmar que o prejuízo só será recuperado em dez anos nas plantações que foram atingidas fortemente pela catástrofe natural.

Embora o que se veja no campo sejam danos aos grãos de soja, milho e principalmente feijão, é a terra a principal lesada, garante o diretor-presidente da Coopavel (Cooperativa Agroindustrial de Cascavel), Dilvo Grolli. “O preço que o agricultor vai pagar por conta de tanta chuva não será somente nesta safra. A estrutura do solo, a parte fértil, está toda em baixo de água, a terra perdeu grande parte dos micronutrientes, algo que só em uma década ou mais serão recuperados. É um prejuízo em longo prazo para o agricultor”, destaca.

O coro é endossado pelo prefeito e produtor de Campo Bonito, Gilmar Bernardi. “O calcário pode recuperar parte do solo fértil, mas os estragos à terra ainda serão grandiosos. Nas áreas que realmente foram prejudicadas já vi dez centímetros da matéria orgânica da terra ser levada pela água”.

O prefeito ainda lembra que as perdas na agricultura serão além do campo, uma vez que a logística para o escoamento da produção também terá sérios agravantes. “Grande parte das estradas rurais está terrível para transitar. Há lugares em Campo Bonito, por exemplo, que tivemos que fazer pontes improvisadas para garantir o acesso às propriedades, imagina então para fazer com que os produtos cheguem até os compradores? Será preciso muito investimento”, conta. O problema abordado pelo prefeito já é realidade em Nova Prata do Iguaçu, no Sudoeste, uma vez que os produtores de leite jogaram fora o produto por não poder escoar o leite devido às más condições das estradas rurais.  

O agrônomo da Coopavel, Gelavir Antônio Deparis, destaca que a erosão nas propriedades é o principal problema, visto que serão necessárias várias safras para recuperar a área. “Nas terras prejudicadas pela água, calcula-se que 25% estão em situação grave. Uma certeza que já temos é que o plantio da soja será atrasado na próxima safra”.

O Deral (Departamento de Economia Rural) está apurando as perdas da agricultura em todo o Paraná, porém o diagnóstico ainda não foi divulgado.

Previsão

A previsão do tempo revela o que muitos produtores estavam receosos. Conforme o instituto de meteorologia Simepar, volta a chover na região Oeste do Paraná na segunda-feira. A chuvarada pode atrasar ainda mais a recuperação da terra e também contribuir para atrasar a colheita do milho.

Por Crislaine Güetter (Jornal O Paraná)