"Acho que não é o momento de vacilações. É preciso investir para que esse caso chegue até o final", declarou em palestra no evento "Mitos e Fatos", da rádio "Jovem Pan", em São Paulo.
"Seria desastroso revogar prisão após segunda instância"
O magistrado, que responsável pela Lava Jato na primeira instância, também falou sobre uma eventual revogação, pelo STF (Supremo Tribunal Federal), do entendimento de que um réu pode ser preso após a condenação em segunda instância "seria algo desastroso".
"Seria algo desastroso para a efetividade da justiça criminal", disse Moro. Para o juiz, a prisão após condenação em segunda instância foi um legado do ministro Teori Zavascki, morto em janeiro.
Segundo o magistrado, a "infinidade de recursos" e a "carga excessiva, desumana" de processos sobre os juízes torna a exigência do trânsito em julgado, na prática, sinônimo de impunidade dos mais poderosos, que têm recursos para estender uma ação penal.
Moro reconheceu que a prisão após segunda instância é polêmica e recebe críticas principalmente de quem defende a presunção de inocência, direito garantido por lei no Brasil.
No entanto, para o magistrado, é necessário ter "prova categórica" para condenar alguém e, se há tal prova, não há violação da presunção de inocência.
Moro também repetiu críticas que fez em outros eventos públicos, como a de que o combate à corrupção "tem sido quase exclusivamente do sistema de justiça criminal", no caso, a polícia, o Ministério Público e a Justiça.
Segundo Moro, "muito pouca coisa tem sido feita" pelo Congresso e pelo Executivo para dar continuidade ao combate à corrupção. Para o juiz, é preciso criar leis para diminuir os incentivos para este tipo de crime. (Com UOL)