No Brasil, o período em que os questionamentos foram feitos à população coincidiu com o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
Ficaram assim as avaliações para a pergunta "Na sua opinião, no decorrer do ano anterior, o nível de corrupção no país aumentou, diminuiu ou ficou o mesmo?":
- Cresceu muito - 64%
- Aumentou consideravelmente - 14%
- Ficou o mesmo - 14%
- Reduziu consideravelmente - 4%
- Reduziu muito - 2%
- Não sei - 2%
Somando os índices negativos, 78% afirmaram que o nível de corrupção "aumentou consideravelmente" ou "cresceu muito", na avaliação da ONG com sede em Berlim, cujo trabalho é voltado ao combate da corrupção.
No Brasil, 1.204 pessoas foram entrevistadas no período entre 21 de maio de 2016 e 10 de junho de 2016 --dias após o afastamento de Dilma Rousseff (PT) da Presidência da República no processo de impeachment.
"A coincidência do período de entrevistas com o momento de fortes turbulências na política nacional e mobilização popular nas ruas pode, sim, ter influenciado nas respostas dos brasileiros", diz Bruno Brandão, representante no Brasil da ONG Transparência Internacional.
Em 17 dos 20 países pesquisados, a maioria dos cidadãos afirmou que a corrupção aumentou. O Brasil aparece na quarta posição entre 20 nações da América Latina e do Caribe. A Venezuela, afundada em uma crise econômica e política, lidera a lista (87%), seguida de Chile (80%) e Peru (79%). O país com o menor percentual é a Argentina (41%) --a pesquisa foi feita meses após a posse do presidente Mauricio Macri, que substituiu a ex-presidente Cristina Kirchner durante o período de sondagem da ONG aos argentinos.
A pesquisa pediu ainda uma avaliação de como os governos combatem a corrupção. No Brasil, 56% afirmam que o governo atua de forma inadequada contra a corrupção:
- Muito mal - 19%
- Bastante mal - 37%
- Razoavelmente bem - 31%
- Muito bem - 4%
- Não sei responder - 9%
Transparência Internacional
Para 52% dos brasileiros entrevistados, a presidente e seu gabinete estavam envolvidos em casos de corrupção --lembrando que o período avaliado pela pesquisa corresponde ao governo da ex-presidente Dilma e que a pesquisa foi conduzida durante o processo de impeachment. Outros 36% disseram que a presidente e seu governo teriam nenhum ou alguns integrantes envolvidos em corrupção --12% não souberam responder.
O relatório da Transparência Internacional ainda cita rapidamente a Operação Lava Jato, reforçando que um dos desdobramentos das investigações são as acusações contra o presidente Michel Temer (PMDB), cujo governo não é avaliado no período das perguntas para os entrevistados.
Temer já foi denunciado duas vezes pela Procuradoria-Geral da República. No primeiro caso (corrupção passiva), a Câmara arquivou as investigações. A segunda denúncia (obstrução de Justiça e organização criminosa) ainda será analisada pelos deputados. O presidente nega ter cometido crimes.
Oito em cada dez brasileiros (83%) que participaram do estudo acreditam que cidadãos comuns podem fazer a diferença contra a corrupção --é a maior taxa da América Latina e Caribe. Para 74%, denunciar casos de corrupção é algo socialmente aceito. (Com UOL)