O WhatsApp não é responsável pelo bloqueio, segundo uma pessoa com conhecimento do assunto. A empresa preferiu não comentar o assunto.
"As autoridades chinesas querem poder monitorar toda comunicação na internet", disse Charlie Smith, cofundador do GreatFire.org, que acompanha os bloqueios. Smith usa um pseudônimo por medo de represálias das autoridades chinesas. "Bloqueando o WhatsApp, eles limitam as opções dos chineses para enviar mensagens privadas e criptografadas e forçam cada vez mais usuários a adotar o WeChat como aplicativo de mensagens."
As mensagens do WhatsApp são criptografadas, mas o WeChat não é criptografado e é altamente censurado, disse Smith. No WeChat, um aplicativo de mensagens extremamente popular administrado pela chinesa Tencent Holdings, as pessoas são convidadas a usar seus nomes reais. "Isso faz parte do plano diretor de censura", disse Smith.
As autoridades chinesas estão ampliando a censura nas redes sociais e nas plataformas de mensagens em um momento em que o governo se prepara para o 19º Congresso do Partido Comunista -- um evento politicamente sensível que provavelmente consolidará a autoridade do presidente Xi Jinping.
Alguns usuários começaram a usar redes privadas virtuais, uma tecnologia que permite encaminhar os dados para o exterior para evitar o bloqueio -- mas o governo chinês começou a reprimir essas ferramentas nos últimos tempos.
Na China, o WhatsApp é usado por um número relativamente menor de pessoas que o WeChat da Tencent Holdings, mas alguns o preferem porque se considera que é monitorado menos de perto do que seu rival chinês.
A morte recente do prêmio Nobel da Paz Liu Xiaobo foi recebida com críticas em todo o mundo e com silêncio dentro do país porque os termos de busca e o debate público relacionado ao ativista pró-democracia foram fortemente censurados.
Pesquisas do Citizen Lab da Universidade de Toronto apontaram que até mesmo fotos relacionadas a Liu estavam sendo excluídas das mensagens enviadas pelo WeChat. Foi a primeira vez que se encontrou filtragem de imagens em bate-papos privados, segundo o Lab.
A morte de Liu é um acontecimento sensível para o Partido Comunista Chinês devido em parte ao seu envolvimento nos protestos da Praça da Paz Celestial em 1989, segundo Ronald Deibert, diretor do Citizen Lab. Essa revolta surgiu do luto pela morte de Hu Yaobang, que defendia uma maior transparência do governo e a reforma do país, disse Deibert.
"Preocupadas de que o martírio de Liu pudesse estimular uma ação coletiva semelhante, e também preocupadas em salvar as aparências, as autoridades chinesas adotaram a medida rápida de anular toda discussão pública sobre Liu, algo que no mundo de hoje se traduz como censura nas redes sociais", escreveu Deibert, em postagem de blog na segunda dia 17. (Com UOL)