Sábado, 17 Setembro 2016 13:38

Crise econômica muda perfil de consumo on-line no Brasil

A crise econômica nacional mudou o perfil de consumo on-line no Brasil.

 

Líder entre as categorias mais vendidas pela internet em todos os anos, Moda e Acessórios caiu neste ano para a terceira colocação neste ano, devido a cortes de produtos mais supérfluos por parte dos brasileiros.

 

Conforme a 34ª edição do Webshoppers, da E-bit, que compara o primeiro semestre deste ano com o mesmo período de 2015. Ao mesmo tempo, o ramo de Livros, Assinaturas e Apostilas de Concursos Públicos atingiu a primeira colocação com 14% do volume total, o que mostra que o aumento do desemprego e o medo da demissão fizeram com que mais pessoas passassem a buscar a estabilidade no trabalho. 

 

Categorias como Saúde, Perfumaria e Cosméticos ou Casa e Decoração também apresentaram queda, segundo o levantamento. Apesar do número de clientes que fizeram compras pela internet ter aumentado de 17,6 milhões para 23,1 milhões no primeiro semestre de 2015 ante o mesmo período de 2016, alta de 31%, o número de pedidos caiu de 49,4 milhões para 48,5 milhões (-1,8%) no mesmo comparativo. 

 

O coordenador adjunto do Comitê Jurídico da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net), Caio de Faria Lima, afirma que o perfil mudou porque o desemprego reduziu o poder de consumo da classe média. "Não são só os demitidos. Muitas pessoas estão observando os cortes no mercado de trabalho e, com receio da instabilidade, começam a investir em um concurso público." 

 

Ele lembra que a participação da classe C no consumo digital cai mais do que das com melhor poder de compra. Tanto que pessoas com renda acima de R$ 8 mil representavam 15% do total no ano passado e passaram a 19% neste, enquanto os que ganham menos de R$ 3 mil foram de 40% para 34% no mesmo período. 

 

Para o consultor econômico da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Marcos Rambalducci, a restrição na oferta de vagas de trabalho atinge a todos. "A venda de cursos para concursos públicos pela internet também está bastante exacerbada, com muitas empresas assediando pessoas com informações sobre o assunto, e quem não está disposto a fazê-los acaba comprando a apostila", avalia. 

 

 

Novas oportunidades 

 

O designer Thiago Correia Müller conta que está desempregado e resolveu estudar para concursos públicos em busca de melhores salários, mesmo que tenha de mudar de área. Ele comprou neste ano apostilas pela internet para tentar uma vaga como técnico de serviço social e outra para o INSS. "Por preferir textos a cursos para estudar, comprei uma apostila, mas que não me ajudou muito, porque o conteúdo era confuso, com uma diagramação ruim e difícil de entender", reclama. 

 

Na mesma linha, a estudante de direito Luciana Gonçalves já estuda para concursos do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e INSS. "Compro cursos on-line e apostilas pela internet porque acho mais prático, pesquiso e tudo já chega em casa de forma tranquila", afirma. 

 

Os dois "concurseiros", porém, dizem que realmente diminuíram os gastos com outras categorias de produtos neste ano. "Minha família comprou um apartamento há pouco tempo e estamos segurando o orçamento. Só compramos o necessário", conta Luciana.

 

 

 

 

Por Fábio Galiotto (Grupo Folha)

 

 

 

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