Todos nós estamos sujeitos a, um dia ou outro, por um pequeno ou grande motivo, sentirmo-nos tristes, desanimados e até deprimidos. Porém, com bons pensamentos, é muito mais fácil aceitar os fatos, encarar momentos de dificuldades e levar a vida de forma mais leve!
Em contrapartida, a pessoa que, frequentemente, tem pensamentos negativos a respeito de si mesmo, de tudo e de todos que o cercam, tende a ter uma rotina mais difícil, pesada…
Maria Regina Altoé Marcantonio, psicoterapeuta de adolescentes, jovens, adultos, casais e família, destaca que a base para a maioria dos comportamentos é o pensamento. “Aquilo que você pensa a seu respeito, a respeito do outro, do que acontece ao seu redor, define muitas vezes a sua forma de agir e de reagir. Eles estão totalmente ligados aos seus medos pessoais, frustrações, acertos e erros”, explica.
Abaixo você confere uma lista com alguns pensamentos negativos que podem estar prejudicando sua felicidade, dos quais, se for o caso, você deve ser livrar o mais rápido possível!
1. “Não sou uma boa companhia”
Algumas pessoas, pelos mais variados motivos, não se consideram uma boa companhia, têm medo de iniciar uma conversa com um estranho, frequentar um grupo de amigos etc. E isso tudo faz com que, muitas vezes, elas deixem de desfrutar de momentos de felicidade ao lado de pessoas queridas.
De acordo com Maria Regina, nesses casos, é interessante e fundamental fazer cada pessoa pensar, primeiramente, por que tem essa ideia a respeito de si mesma. “O que pode ter acontecido na história de vida dessa pessoa, o ela que pode ter ouvido ou sentido que a levou a ter essa autoimagem negativa? Será que essa situação, momento, comentário, já passou ou ela pensa isso a respeito de si mesma – por exemplo, ‘não sei conversar’, ‘não sou interessante’ etc. -? Assim, terá, de fato, dificuldades em interagir com o outro”, acrescenta a psicoterapeuta.
Neste sentido, de acordo com a profissional, o importante é buscar, em si mesma, o que gera esse pensamento. “Procurar observar o que causa essa dificuldade de aproximação: o que é dela e o que é do outro. Às vezes conhecemos pessoas que podem intimidar, causar impacto, causar insegurança. Sempre procurar observar-se e entender o porquê… Esse é um bom caminho para iniciar uma busca de mudança. Antes de observar o outro, observe o que pensa e sente, quanto a essa situação”, diz Maria Regina.
2. “Só eu estou sozinha, enquanto todas minhas amigas namoram”
Maria Regina Altoé explica que, na nossa cultura, aprendemos, por muito tempo, que, para sermos felizes e/ou podermos ser “avaliados como alguém que deu certo na vida”, temos que estar com alguém. “Essa forma de pensar já leva automaticamente à obrigatoriedade de estar num relacionamento. Indo por esse caminho, estar sozinho pode ser entendido como sinônimo de fracasso”, diz.
Nem sempre é agradável ser uma das únicas pessoas do grupo de amigos ou da família que está sozinho. Mas o que você pensa a respeito disso? No seu grupo de convívio, há cobranças em relação a esta questão?
“Aqui cabe uma reflexão acerca desse ‘estar sozinho’: por que nesse momento você está sozinha? Como foi, o que aconteceu no seu último relacionamento? Por que terminou? Com que tipo de pessoas você tem se relacionado? Você sabe o que quer, o que procura na outra pessoa? Essas são questões amplas, que podem auxiliar a pessoa a ir entendendo como se relaciona e o que busca nos relacionamentos”, diz Maria Regina.
Mas, destaca a psicoterapeuta, para estar preparada para qualquer relacionamento afetivo, é importante aprender a estar sozinho, aprender a conhecer-se, ou seja: “ter consciência dos seus pontos frágeis, das suas necessidades, das certezas, do que gosta ou não, para, então, poder realmente estar com o outro”, diz. “Digo que isso é importante para qualquer relacionamento, para não corrermos o risco de colocar no outro a responsabilidade de sermos felizes”, acrescenta.
A psicoterapeuta destaca ainda: ficar sozinho pode ser também uma opção pessoal e não significa, necessariamente, um fracasso. Por isso, vale a pena pensar se o que realmente te deixa “para baixo” é mesmo o fato de estar sozinha ou são os comentários e as cobranças que os outros possam vir a fazer, em relação a isso.
3. “Não entendo/aceito o fim do meu relacionamento”
A psicoterapeuta Maria Regina explica que o término de um relacionamento tende a estar ligado a sofrimento, exatamente por lidar com o tema perda, com redefinição de projeto de vida, com frustração, com rejeição. Algo que não acontecerá, talvez, como o planejado numa etapa anterior.
“Talvez o fim de um relacionamento possa levar à tristeza, a dificuldades pessoais, sofrimento e até depressão, pelo o que representa esse término naquele momento e/ou na vida de cada um. A pessoa pode sentir-se rejeitada, frustrada, magoada, abandonada etc.”, diz a psicoterapeuta.
“Nesses casos, é de extrema importância, como aprendizado emocional, a pessoa parar e procurar entender por que esse relacionamento terminou, o que levou a isso. Não procurar um culpado, mas, sim, buscar entender qual é a sua parte nessa história. Esse é um exercício fundamental para o desenvolvimento emocional”, explica Maria Regina. “Claro que isso nem sempre é fácil, mas é necessário”, acrescenta.
Mas, conforme destaca a psicoterapeuta, é preciso tomar cuidado com a ideia de que todo fim de relacionamento significa algo ruim, leva à depressão. “Nem sempre. O fim pode ser resultado, também de um crescimento, amadurecimento das partes envolvidas que, juntas, resolveram ir por esse caminho como solução”, explica.
É preciso se concentrar na ideia de que terminar um relacionamento não é, necessariamente, sinônimo de sofrer exaustivamente. “Ficar fixado numa situação, num momento de vida não ajuda a resolver. Pode gerar mais frustração, intolerância, culpa, baixa autoestima e dificuldade em lidar com o que é real. Descobrir e entender os próprios medos e dificuldades, é fundamental para poder realmente estar por inteiro num próximo relacionamento com outra pessoa”, conclui a psicoterapeuta.
4. “A vida do outro é melhor do que a minha”
Já dizia um ditado popular: a grama do vizinho é sempre mais verde.
Infelizmente, algumas pessoas, embora nem percebam, seguem esta ideia, por acreditarem que a vida do outro (um amigo, um familiar, um conhecido) é melhor do que a sua. E isso faz com que elas se comparem constantemente com as outras pessoas. O que, claro, é uma atitude desnecessária e negativa.
De acordo com a psicoterapeuta Maria Regina, isso sugere uma insegurança, baixa autoestima, dificuldade em acreditar no que pensa, em aceitar-se, medo, instabilidade etc. “Será que essa pessoa sabe realmente o que quer para a sua vida? O grande risco nesse tipo de pensamento, de atitude, é não conseguir construir uma identidade própria, não ter uma referência sólida, ser vulnerável, influenciável e não conseguir ter uma opinião própria. Tenderá na grande marioria das vezes, senão em todas, a precisar da opinião ou aprovação de outra pessoa”, explica.
“Admirar o outro, o que ele tem, o que ele consegue, reconhecer suas habilidades, é sinal de maturidade. Mas é diferente de ‘usar’ as referências e tudo mais do outro como parâmetros. Isso despersonaliza”, acrescenta a profissional.
5. “Tenho muitos defeitos e não consigo me aceitar como sou”
Autoestima é base para viver bem, ter saúde, se relacionar. “Exige maturidade, investimento pessoal e coragem. É poder conhecer e reconhecer o que você tem de bom, de difícil, de defeitos e de qualidades e, ainda assim, gostar de si mesma”, diz a psicoterapeuta Maria Regina.
“Quando a pessoa tem essa autoconsciência – e isso não quer dizer que tenha conseguido aceitar-se em tudo e ser perfeita -, ela tem liberdade, segurança e confiança para ser ela mesma. Daí ela pode estar com o outro por inteiro. Para ouvir o que o outro tem a falar mesmo que não seja agradável ou fácil. Isso pode levar a uma descoberta, a um crescimento dela e do outro. Ela pode aceitar-se e a partir daí, buscar o que é felicidade para ela. Isso requer tempo, amor próprio, aceitação de si para depois chegar ao outro. Tendo essa base, resgata-se o otimismo”, explica a psicoterapeuta.
Para Maria Regina, se a pessoa percebe que, na sua vida, têm prevalecido pensamentos negativos, pesados, esse já é um alerta de que algo pode estar acontecendo de maneira distorcida. “É momento de parar e pensar, questionar essas ideias”, diz.
Ser otimista, explica Maria Regina, é ter por que viver, sorrir mesmo tendo consciência de que a vida não é a todo momento “linda” etc. “Podem existir na vida da pessoa momentos difíceis, mas com paciência, discernimento, vontade, coragem para seguir em frente”, diz. “Ser otimista é acreditar, tendo a realidade por base, e seguir em busca de realizar o que acredita”, conclui a psicoterapeuta.
Pode parecer difícil, de uma hora para outra, afastar todos os seus pensamentos negativos. Mas lembre-se a todo momento que você tem força para isso, para transformá-los em pensamentos positivos. Se for o caso, não hesite em buscar ajuda profissional. O importante é não desistir da sua felicidade!
Por Tais Romanelli