A pequena Mary Lynne Leroux já virou o maior sucesso na internet e boa parte das pessoas que compartilham o vídeo justificam o ato alegando que choraram com a reação do bebê.
O neurologista Pedro Breinis conta que, segundo estudos, as emoções do bebê começam a se formar já no pré-natal. "Acredita-se que o bebê, entre cinco e seis meses de gestação, já é capaz de ter emoções. A mãe que conversa com a criança ainda na barriga acaba ajudando nesse processo."
O sistema límbico, localizado na parte medial do cérebro, é responsável por controlar as emoções e também participar das funções de aprendizado e memória do ser humano. É a partir dele que a neurociência estuda os sentimentos da criança e sua atenção cognitiva. "Não existe uma idade para que as emoções se manifestem. Sentimentos como tristeza, ansiedade e alegria são traduzidas aos poucos pela criança", explica Dr. Pedro.
Todos os sentidos em conjunto são responsáveis por despertar as emoções dos pequenos. No caso do vídeo, o som chama a atenção da criança, mas é fato que ela se interessa também pela origem dele e fica hipnotizada ao olhar para a mãe.
"O vídeo peca porque não mostra a pessoa que está cantando, que é justamente para onde o bebê olha. A gente não sabe qual o semblante da mãe. Eu percebo que a criança apresenta emoções positivas e negativas. Quando a mãe canta o refrão e aumenta o tom de voz a criança chora mais, parece assustada, e quando o som fica mais brando e, ao final do vídeo, quando a mãe fala carinhosamente, a criança sorri, parece mais confortável", analisa o neurologista.
A professora Tereza Raquel Alcântara-Silva, Coordenadora do Curso de Graduação em Musicoterapia da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás tem a mesma opinião do neurologista e pensa que o vídeo traz poucos elementos para definir que o choro da criança é de emoção.
"Não existe apenas o estímulo auditivo, existe o visual também, do qual não temos acesso. Não sabemos qual a postura ou a expressão facial da mãe ao cantar. Muito menos quantas vezes a criança já ouviu essa música ou em quais circunstâncias", avalia. "O choro da criança me pareceu de desconforto, mas não podemos afirmar porque não temos acesso a todos os elementos da cena."
Tereza diz que a voz da mãe pode ser familiar para a criança, mas a voz falada é bem diferente da cantada, o que pode causar estranhamento. "A audição de um bebê é muito sensível. Sem contar que as pessoas, de uma maneira geral, têm uma relação de fantasia com a música. Mas temos que lembrar que a música pode também é capaz de trazer lembranças ruins. Por conta dessa falta de histórico do bebê do vídeo com a canção específica, fica difícil afirmar que o choro foi de emoção", finaliza.
*Serviço: Dr. Pedro Breinis, neurologista.
Tereza Raquel Alcântara-Silva, Coordenadora do Curso de Graduação em Musicoterapia da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás.
Por Juliana Falcão (MBPress)
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