No Brasil, 13,7% da população é idosa, isso é, aproximadamente 28 milhões de pessoas (IBGE). Com aumento da expectativa de vida, já se fala até em Quarta Idade (dos 80 aos 100 anos).
A psicóloga Lecticia Rapôso falou, no 2º Congresso Regional de Diabetes do Rio de Janeiro (com apoio da Sociedade Brasileira de Diabetes), sobre a diferença no atendimento do idoso com diabetes do atendimento a pacientes de outras faixas etárias.
"Claro, não existe uma forma só de envelhecer e, este processo recebe influências dos padrões de cada um. Mas o envelhecimento bem-sucedido envolve autonomia, bem-estar psicológico, estratégias de enfrentamento e capacidade produtiva", ressalta.
A profissional também enquadrou outra situação em que o diabetes se encaixa, ou seja, quando aparece na melhor idade. "Quando durante o envelhecimento surge o diabetes, que é uma doença crônica, isso é, que não tem cura, e sim um tratamento contínuo, o idoso sofre outras transformações, além daquelas advindas da idade. O adoecimento e o envelhecimento se confundem. Dessa forma, o sentimento é maior de aceitação, podendo ser um bom gancho para um tratamento bem-sucedido".
O adoecimento pode ser encarado como mais uma perda entre tantas que ocorrem nesta etapa da vida, nesse caso, pode aparecer o estado depressivo ou revoltado; tristeza, desânimo e desesperança em relação ao futuro, em função de preocupações em relação as complicações e seus desdobramentos.
No tratamento do idoso com diabetes é preciso:
- Relacionar o desenvolvimento da doença com o doente, sua história, aceitação, nível social, cognitivo, aspectos psicológicos – e com o entendimento das demandas desta etapa do ciclo vital.
- Analisar que no adoecimento crônico não só o indivíduo é afetado, mas toda família, que por sua vez afeta o paciente. Pois se é um idoso o portador do diabetes, a família pode ter que se reorganizar para ajudá-lo no monitoramento.
- Cada etapa do ciclo vital tem as suas demandas e tarefas, que afetarão o curso da doença crônica, e esta, por sua vez, afetará as demandas e tarefas desta etapa.
Cabe ao médico não só olhar para a doença e sim para o doente, pois cada idoso faz o seu processo de envelhecimento de uma forma peculiar, enfrentando de forma mais ou menos intensa essa etapa da vida.
É preciso conhecer as histórias de seus pacientes, suas crenças, seus valores, sentimentos, questões familiares, sociais e culturais que aliados aos conhecimentos do Diabetes, podem favorecer um tratamento bem-sucedido a cada um de seus pacientes. (Com Bonde)