Isso sugere que não é preciso ter um sistema cognitivo maduro para demonstrar formas primárias de ciúme. Outro estudo semelhante, feito com crianças de 4 anos, mostrou que as reações negativas eram mais intensas quando viam a mãe com outros pequenos da sua idade.
Brasileiros são os campeões do ciúme
Não é à toa que, no país, a composição “Ciúme de você” - de Roberto e Erasmo Carlos e também interpretada pelo grupo Raça Negra - faça tanto sucesso. As pessoas se veem contempladas com a letra da música, que conta a história de um namorado ciumento.
De acordo com pesquisa feita pela Universidade de Sunderland, na Inglaterra, os brasileiros lideram a lista dos mais ciumentos do mundo. Esse resultado só ocorre porque, no Brasil, o ciúme é visto como uma prova de amor, apontou o estudo. Para os americanos, por exemplo, que estão em segundo lugar no ranking, esse sentimento é visto como sinal de fraqueza e dependência.
No entanto, essa demonstração de afeto, por vezes, extrapola as fronteiras do saudável, Quando se torna uma preocupação constante e geralmente infundada, associada a comportamentos inaceitáveis ou extravagantes, motivados pela ansiedade de tirar a limpo a infidelidade do parceiro, a linha tênue da possessividade é cruzada.
Para a psicóloga Andrea Lorena, do Laboratório Integrado dos Transtornos do Impulso (PRO-AMITI), do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), o ciúme se torna excessivo quando o medo de perder a pessoa amada vem acompanhado de emoções específicas – raiva, tristeza, ansiedade – e pensamentos irracionais.
“'Será que ele ou ela está me traindo?' é um pensamento frequente. Quase sempre há prejuízos para quem sente, para quem é alvo e para o relacionamento”, completa a especialista.
Descubra como controlar o ciúme
Um comportamento comum que se percebe em pessoas excessivamente ciumentas é a baixa autoestima. Para Andrea, isso acontece porque esses indivíduos não acreditam que tenham valor e mereçam respeito. Trabalhar essas questões pode ser a saída para controlar o ciúme.
No Brasil, o PRO-AMITI, a Santa Casa do Rio de Janeiro e outras entidades oferecem tratamento gratuito para ciúme excessivo.
“O processo psicoterápico trabalha a melhora da autoestima e a segurança com o próprio relacionamento. Com o tempo, o paciente percebe que comportamentos como investigar o que o parceiro faz na rede ou vasculhar seus pertences são desnecessários”, finaliza a especialista.