O distúrbio é responsável por causar nas pessoas a constante preocupação em corrigir defeitos físicos mínimos ou até mesmo inexistentes. Conforme pesquisa realizada pela FMU-SP, 14% dos pacientes do ambulatório de dermatologia da instituição sofriam deste problema e a maioria não conhecia os sintomas.
A dismorfia costuma ser mais comum entre jovens que estão sob tratamento dermatológico, sejam homens ou mulheres. Segundo a dermatologista Annia Cordeiro, diretora da Clínica da Pele Annia Cordeiro, em Curitiba, o paciente com TDC sente-se deprimido e envergonhado e acredita que a mudança drástica em sua aparência é fundamental para sua felicidade. “A procura por procedimentos que resolvam algo que não existe é um risco muito grande. É comum o paciente com TDC pedir tratamentos desnecessários e que podem trazer problemas no futuro”, explica.
Por não aceitar que possui o problema ou sequer conhece-lo, a maioria das pessoas não procura um psicólogo ou dermatologista para saber a doença. “É difícil de o paciente admitir que possui o TDC. Acredito que caiba ao médico tentar esclarecer o diagnóstico e não submetê-lo aos procedimentos requisitados sem antes observar o caso com olhos críticos. Além disso, para quem tem o problema, é necessário um tratamento psiquiátrico”, diz a dermatologista.
Para tratar o TDC, em primeiro lugar, o paciente deve reconhecer que o problema não está apenas na estética. O quadro pode ser tão grave que muitas pessoas, preocupadas em serem ridicularizadas, deixam de freqüentar alguns lugares e acabam com prejuízos sociais e culturais. A principal medida a ser feita é procurar um profissional para que ele possa fazer um diagnóstico preciso.
A dermatologista Dra. Annia Cordeiro ressalta ainda que é preciso um maior compromisso ético da classe médica, principalmente das especialidades que envolvem a estética, para ajudar esses pacientes. “O dermatologista precisa saber negar a realização de tratamentos desnecessários para cada caso. Muitos pacientes, ao ouvirem o ‘não’, vão a outro médico e insistem na sua vontade. E, infelizmente, sempre há alguém que concorda em submeter a pessoa ao procedimento, que pode deixar sequelas físicas e que serão causadoras de novas crises de ansiedade no paciente com TDC”, aponta.
A causa ainda é desconhecida, porém está relacionada com elementos sociais, culturais, mas também com desequilíbrios do sistema nervoso central. Ainda existe a hipótese do envolvimento das disfunções dos gânglios de base com esses transtornos ao se estudar casos de meningite ou inicio de pós-encefalite .
Para o tratamento tem sido bastante utilizada a psicoterapia, principalmente a comportamental e cognitiva, porém é difícil que o paciente busque ajuda já que não aceita ser portador desse diagnostico. Além do tratamento psicoterápico, muitas vezes o medicamento também é necessário para ajudar o paciente a modificar comportamentos e pensamentos obsessivos, ajudando na recuperação da sua auto-estima e em seus relacionamentos.
Vigorexia e Anorexia
Como o Transtorno Dismórfico Corporal está relacionado ao modo em que a pessoa se percebe, é comum que desse transtorno algumas pessoas desenvolvam a Vigorexia ou Transtorno Dismórfico Muscular que são em sua maioria homens que praticam musculação de 3 a 4 horas por dia na busca de um corpo cada vez maior e mais definido. Além da Vigorexia, existem a Anorexia Nervosa e a Bulimia mais comuns nas mulheres que não comem o suficiente, se sentem e se vêem gordas, mesmo não sendo. Estão muitas vezes associados com a Depressão, Fobia Social, Perturbação Obsessiva-Compulsiva, ou níveis altos de insatisfação e angústia que podem muitas vezes levar a suicídio. (Com Bem Paraná)