Entretanto, um grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Diego, parece ter descoberto o ponto de partida da cirrose no organismo: o intestino.
E o melhor: o achado pode ajudar a proteger seu corpo contra o desenvolvimento da doença.
Isso porque, sob efeito do álcool, duas proteínas responsáveis por eliminar bactérias deixam de ser produzidas no intestino. E parte desse excedente acaba migrando para o fígado. Aí o corpo reage: células brancas são enviadas para reduzir essa população de bactérias. O problema é que, acionadas durante tempo prolongado, essas células também agridem o tecido - é quando surge a cirrose.
Para chegar a essa conclusão, Bernd Schnabl, líder da pesquisa, injetou álcool em dois grupos de roedores. Metade deles havia sido geneticamente alterado para apresentar deficiência dessas duas proteínas específicas (lectinas REG3B e REG3G), enquanto a outra turma era perfeitamente normal. Oito semanas depois, os ratos modificados apresentaram 50% mais de bactérias do que os outros - e o fígado ficou bem mais estragado.
Em um segundo experimento, os pesquisadores aumentaram a produção dessas duas lectinas nos animais e repetiram as injeções diárias de álcool. Nenhum deles apresentou qualquer dano no fígado.
Schnabl e sua equipe já começaram a estudar a população de bactérias no corpo de alcoólatras e não alcoólatras. Ao que tudo indica, o fígado humano reage da mesma maneira que o de roedores. Quem sabe, em um futuro próximo, a descoberta se transforme no remédio mais eficaz contra a cirrose. (com Super Interessante)