Apenas que, ao buscar o conhecimento que transpira do que virá escrito abaixo, é bem capaz que você fique um pouco mais confusa, feliz, triste, segura e insegura diante de um homem. Porque sim, dentro desse horda de boçais que circulam por aí e por aqui, alguns rapazes realmente tentam entender a maluquice que é respirar nos dias tão cheios de verdade em que vivemos.
A carta começa assim:
“João, tenho um problema que não sei bem dizer se muitos homens também têm. Mas posso apostar que muitos devem ter. Às vezes, quando eu vejo esse padrão de caras que não conseguem dormir com a garota com quem acabaram de transar, caras que meio que fogem depois de uma trepada, eu acho que entendo o impulso porque em mim ele é mais forte, quase uma doença.
Entende? Acho que, sem perceber, muitos dos homens que agem de uma forma que parece ser canalha, na verdade podem ter, em menor escala, o mesmo problema que eu tenho.
É que comigo é mais grave.
Já cheguei a ver um médico, uma vez. Mas tenho um certo problema em admitir isso em voz alta. Daí li e li e li, e fui vendo que há indícios de que não estou maluco: acho que muitos homens sofrem de uma espécie de depressão pós-gozada.
Comigo é assim: eu posso estar no maior carinho, na maior vontade, na maior das disposições para curtir a garota – acho mesmo que passo a impressão de ser o cara mais legal do mundo. Mas é só a gente ir pra cama e eu gozar que, no segundo seguinte, meu Deus! Muda tudo. Eu fico agitado. Me dá uma insatisfação sutil mas ampla com tudo. Fico com medo, meio paranoico. Nada que a pessoa que me veja por fora perceba muito. Acho que a maioria das garotas confunde isso com picaretagem masculina. Mas, cara, sério, queria dividir isso aqui: eu realmente não consigo ter muito controle disso. O engraçado é que quando eu namoro, esses sintomas costumam a ir desaparecendo. Mas quando é transa com garotas que conheço menos ou casinhos, cacete, viu… É incontrolável.”
A carta prossegue
“Sempre que eu trepo nessas condições aí, eu gozo e já preciso levantar. Ando, fico calado, preciso me esforçar pra não mostrar que estou arredio. E minha vontade é sumir. Mas depois de uns vinte minutos, às vezes mais, eu meio que volto ao normal e me sinto meio mal.
Enfim, eu não escrevo pra pedir perdão ou me justificar. Sei que muitas dirão que isso é umas desculpinha. Entendo que esse nosso jeito machuque algumas garotas. E sei que isso não limpa a barra de muito cara aí que é realmente picareta porque quer ser picareta. Mas queria dividir minha situação. Eu realmente desconfio que isso seja mais comum e esteja por trás de muito mais homens do que a gente quer ver.
Uma vez eu li que a medicina é um pouco machista na hora de ver as fraquezas masculinas. Não tenho nenhuma base pra dizer que isso é verdade, mas tenho uma sensação de que isso é pelo menos algo a se considerar.
João, pra encerrar, minha vontade era apenas relatar esse sentimento pra que as pessoas, homens ou mulheres, soubessem que às vezes a gente também passa por questões internas difíceis. Homens e mulheres costumam achar que os machos são seres de simplicidades e rudezas.
Sei lá. Eu acho que a gente é tão complicado quanto vocês. Talvez até mais. Porque um homem, por tudo que ele é, pelo jeito que é criado, é capaz de sentir a maior dor do mundo com um sorriso e o peito estufado de quem finge que a as pancadas do mundo doem em tudo e em todos, menos nele.
Homens são meio doidos.
Saibam disso.”(Com Revista Marie Claire)