A resposta para a última pergunta é: fazendo boas escolhas! Afinal, consumir aqueles chocolates mais populares (riscos em açúcares e gorduras) não oferece vantagens à saúde, mas, sim, riscos: ganho de peso; aumento do colesterol; diabetes; transtornos alimentares; entre outros.
É preciso saber, em primeiro lugar, que quando se fala em benefícios dos chocolates, eles se devem especialmente à presença de cacau. E é neste contexto que atualmente muito se fala sobre chocolate funcional.
Ana Luisa Vilela, médica nutróloga e especialista em emagrecimento de São Paulo, explica que a quantidade de cacau presente em um chocolate é o que ajuda a definir a funcionalidade deste alimento. “Quanto mais cacau no chocolate, mais saudável ele será”, diz.
Benefícios do cacau
A nutricionista funcional Helouse Odebrecht explica que os principais benefícios do cacau provêm de compostos chamados de polifenóis, que são produtos do metabolismo deste alimento que conferem benefícios à saúde. Dentre os quais podem ser citados:
Potente atividade antioxidante na prevenção de reações oxidavas ao corpo (como envelhecimento precoce, formação de placas de colesterol);
Proteção contra os danos ao DNA das células;
Propriedades anti-inflamatórias e anticancerígena;
Proteção cardíaca e vascular;
Propriedades antimicrobiana, antitrombótica, analgésica e vasodilatadora.
“Todas essas propriedades já comprovadas em estudos científicos”, ressalta a nutricionista.
Helouse comenta que o número de estudos sobre os polifenóis e benefícios presentes no cacau têm aumentado consideravelmente nos últimos anos, principalmente com relação à saúde humana. “Alguns trabalhos mais recentes têm procurado prever o teor de polifenóis em produtos derivados do cacau, e como o seu processamento afeta a sua qualidade nutricional e valor de polifenóis. O chocolate é um desses produtos derivados do cacau. Estes estudos buscam apresentar os aspectos tecnológicos que influenciam o perfil dos compostos fenólicos, durante as etapas de processamento. Avaliam a destruição dos mesmos que estão naturalmente presentes nas sementes”, diz.
“As pesquisas apontam que o teor do composto nutricional do chocolate é destruído principalmente nas etapas realizadas para o desenvolvimento do sabor de chocolate, as quais favorecem a diminuição da adstringência e do amargor”, acrescenta a nutricionista.
Dessa forma, explica Helouse, a produção de chocolate ao leite ou amargo, excluindo o chocolate branco, apresenta um enorme potencial para inovação tecnológica, visto a necessidade de manutenção destes compostos importantes para saúde, sem prejudicar o sabor. “As empresas que desejam fazer um chocolate de boa qualidade e que ainda preserve seus benefícios, devem estar antenadas nas pesquisas, estudos e inovações, para promover uma menor redução das propriedades funcionais do chocolate”, conclui.
O que são os chocolates funcionais?
Embora muito se fale sobre alimentos funcionais hoje em dia, nem todo mundo sabe o que isso significa ao certo.
Helouse explica que alimento funcional é todo aquele que, além da sua qualidade nutricional (nutrientes como vitaminas, minerais, carboidrato, proteína e gordura), possui compostos que atuam na prevenção de doenças e na melhora da saúde. “Como, por exemplo, o cacau que possui polifenóis com diversas funções; a uva que possui resveratrol, que é cardioprotetor; a linhaça que possui ômega 3, que é um anti-inflamatório; o iogurte que possui probióticos, que atuam na flora intestinal; ou o brócolis que possui 3-indol carbinol, uma substância anticancerígena”, exemplifica.
“Produtos que estão no mercado, para ter a alegação de produto funcional, como um chocolate funcional ou um iogurte funcional ou um biscoito funcional, precisam passar por testes, comprovação e aprovação da Anvisa, para chegar ao mercado com essa denominação. Ou seja, um produto alimentício só pode ser chamado de funcional se tiver autorização. Isso é legislação”, acrescenta a nutricionista.
E vale lembrar: a quantidade de cacau é o que ajuda a definir a funcionalidade do chocolate. Assim, um chocolate funcional terá uma quantidade significativa de cacau, oferecendo benefícios à saúde.
Como escolher um bom chocolate
Helouse passa as principais orientações para a escolha de um chocolate realmente funcional:
1. Atentar-se especialmente ao primeiro ingrediente do rótulo. Para escolher um produto saudável, em primeiro lugar é importante conhecer os ingredientes que compõem o produto e entender como interpretá-los. “Os ingredientes estão dispostos em ordem decrescente, ou seja, do que tem mais no alimento para o que tem menos. Assim, um chocolate que começa com açúcar, não seria uma opção mais saudável do que aquele que começa com cacau”, diz.
2. Observar como ele é adoçado. Verifique os demais ingredientes do rótulo, preferindo sempre aqueles chocolates que contenham: um teor maior de cacau, menos açúcar, de preferência que utilize açúcar orgânico ou que sejam adoçados com adoçantes naturais como estévia, taumatina, malitol, xylitol, eritritol.
3. Evitar determinados tipos de adoçantes. Evite aqueles chocolates adoçados com aspartame, acessulfame-K ou ciclamato monossódico.
4. Evitar a gordura hidrogenada. Evite chocolates que contenham gordura hidrogenada ou gordura vegetal, “pois esta é prejudicial à saúde, identificada como uma gordura que pode aumentar colesterol, e não é reconhecida pelo nosso organismo, podendo gerar outros malefícios”, explica Helouse.
5. Apostar naqueles enriquecidos com alimentos funcionais. O chocolate pode ser enriquecido com alimentos funcionais, como fibras (polidextrose, insulina, goma guar), colágeno, óleo de coco, frutas como gojiberry ou cranberry, e outros como chia, amêndoas, proteínas. “Se o consumidor desconhece algum dos ingredientes, é importante pesquisar, podendo consumir um produto que é enriquecido com outros nutrientes ou alimentos funcionais”, diz.
6. Fugir dos conservantes e corantes. Evite também produtos ricos em conservantes e corantes artificiais.
7. Comparar composições. Uma boa maneira de começar a fazer boas escolhas é ler os ingredientes do que está sendo consumido e comparar entre outros produtos. “Não se ater apenas às calorias e, sim, na composição dos ingredientes. Se for mais calórico, porém, mais saudável, melhor!”, diz Helouse. Ana Luisa recomenda escolher sempre as versões acima de 70% de cacau.
Uma dúvida comum diz respeito à alfarroba, que muitas pessoas pensam ser um chocolate funcional. Helouse esclarece, porém, que a alfarroba não é um chocolate. “É um substituto do chocolate, em geral indicado para pessoas que podem ter sensibilidade ou alergia ao cacau. É derivada de uma vagem e possui benefícios e sabor muito similares ao cacau. Tem ações antioxidantes e anti-inflamatórias, podendo também ser um cardioprotetor”, diz.
“O sabor, apesar de bem próximo ao cacau, tem sua diferenças e vai depender do paladar individual. Pode ser uma alternativa ao cacau e também uma alternativa saudável para incluir na alimentação”, acrescenta a nutricionista.(Com Dicas de Mulher)