Isso coloca o país na décima posição entre os países onde mais nascem bebês prematuros.
Para evitar um nascimento prematuro e, consequentemente, complicações na saúde do bebê, é fundamental que a mãe tenha um bom acompanhamento pré-natal, com os exames e consultas indicados pela equipe de saúde, além de uma atenção especial às infecções genitais, como corrimentos e infecções urinárias.
"O que às vezes em uma mulher que não está grávida, costuma-se esperar alguns dias para se melhorar, em uma gestante é fundamental que ela procure o serviço de saúde. Por isso, se entre uma consulta e outra aparecer uma infecção, dor para urinar ou corrimento, é necessário procurar com urgência o profissional de saúde", explica o coordenador de Saúde da Criança e Aleitamento Materno Ministério da Saúde, Paulo Bonilha.
Outra questão associada ao índice de prematuridades dos bebês é o tabagismo. As toxinas do cigarro geram a diminuição do fluxo sanguíneo para o bebê, que por consequência recebe menos nutrientes e oxigênio. Além do parto antes do tempo, bebês de mães fumantes tendem a nascer com baixo peso, além de terem complicações respiratórias.
A conhecida cesárea agendada, sem o trabalho de parto espontâneo, também é uma causa muito associada à prematuridade. "Não há tecnologia 100% segura para se agendar um parto e se ter segurança que o bebê está maduro. Por isso deve ser estimulado o parto normal. O parto agendado pode fazer com que o bebê nasça prematuro ou a "termo precoce", que é aquele bebê que nasceu com 37 semanas, mas nasceria com 39 ou 40 semanas se fosse esperado o desenvolvimento normal. Embora conceitualmente ele não seja prematuro, estas duas ou três semanas que faltaram no amadurecimento dentro da barriga da mãe podem fazer com que o bebê tenha algum desconforto respiratório e acabe indo para UTI", completa Bonilha.
Os bebês prematuros necessitam recuperar o desenvolvimento, que aconteceria de forma natural dentro do útero, fora dele. Por isso, o desenvolvimento da criança deve ser ajustado, principalmente nos primeiros anos de vida. Um bebê que nasceu de 35 semanas, por exemplo, tem duas semanas a menos de maturação que um bebê nascido no tempo certo. A forma correta de acompanhar o desenvolvimento é que ele só seja comparado com um bebê recém-nascido a termo com 15 dias de vida. E este ajuste deve acompanha-lo nos marcos do desenvolvimento, como sustentar a cabeça, rolar, sentar, engatinhar e andar.
As recomendações gerais para o cuidado com qualquer bebê prematuro é o aleitamento materno. Se para um bebê nascido em tempo normal a amamentação é importante, para um prematuro é fundamental. "O corpo humano é tão fantástico, que o leite materno se adapta às necessidades da criança. A composição do leite da mãe de um bebê prematuro muda para nutri-lo melhor. Os prematuros necessitam de proteção contra infecções, pois eles geralmente são mais suscetíveis. A amamentação ainda estimula o desenvolvimento psicomotor do bebê", explica Bonilha.
A presença da família durante a internação do bebê também é fundamental para a recuperação da criança. "A mãe de um bebê prematuro não deve ser visita na UTI Neonatal. Ela deve acompanha-lo durante toda internação. O contato da família ajuda a estabelecer um vínculo com o bebê. E para a mãe, estar perto da criança estimula a produção do leite. Se o bebê está internado e a mãe está longe, a produção do leite diminui. Por isso, é tão fundamental que os hospitais estimulem a permanência do bebê junto com mãe", completa o coordenador.
Uma das estratégias que facilita recuperação do bebê é o método canguru, que consiste em colocar bebê em contato pele a pele o máximo de tempo possível. Quando o método foi inventado na Colômbia, na década de 1980, ele foi pensado para substituir a incubadora na necessidade de manter o bebê aquecido. A hipotermia é uma das causas de estresse e morte dos bebês prematuros. E este método mantém o bebê aquecido, além de favorecer o contato com a flora bacteriana da mãe, que o protege de infecções hospitalares.
Em casa, quando o bebê já teve alta, o contato pele a pele favorece o desenvolvimento psicomotor. O bebê prematuro possui um risco maior ao atraso no desenvolvimento e quando carregado junto da mãe, ele está exposto a mais estímulos. "O bebê que fica no canguru é movimento, ouve e vê mais coisa. O que faz com que ele tenha um desenvolvimento melhor do que o bebê que fica apenas deitado no berço", finaliza Paulo.
Rede Cegonha - Com a Rede Cegonha o Ministério da Saúde reforça as ações de atenção às mulheres no planejamento reprodutivo, na confirmação da gravidez, no pré-natal, no parto e 28 dias após o parto (puerpério). As consultas de pré-natal, na atenção básica, devem ser em quantidade e qualidade com a garantia de atenção humanizada, exames laboratoriais e de ultrassom, além de testes rápidos para diagnóstico de algumas doenças.
Para favorecer a construção de uma relação de confiança e compromisso das usuárias com as equipes e os serviços, contribuindo para a promoção da cultura de solidariedade e para a legitimação do sistema público de saúde, a Política Nacional de Humanização toma o acolhimento como postura prática nas ações de atenção e gestão das unidades de atendimento.
No contexto da Rede Cegonha, ao permitir que a gestante expresse suas preocupações e suas angústias, o profissional de saúde garante a recepção da usuária com escuta qualificada, que favorece o vínculo e a avaliação de vulnerabilidades de acordo com o seu contexto social, com articulação com outros serviços de saúde para a continuidade da assistência.
A Rede Cegonha prevê, ainda, visitas domiciliares às gestantes e puérperas, principalmente no último mês de gestação e na primeira semana após o parto, com o objetivo de monitorar a mulher e a criança, orientar cuidados adequados, identificar possíveis fatores de risco e realizar os encaminhamentos necessários.(Com Bonde)