De acordo com a psicanalista Tatiana Ades, abrir o relacionamento, para algumas pessoas, é uma alternativa para solucionar essas questões, mas a atitude deve ser tomada após muito diálogo e combinados. “Esse tipo de relação não é para todo mundo e as consequências podem ser graves em determinados casos”, comenta.
Casamento infiel
Segundo Tatiana, a infidelidade pode ser definida como todas as atitudes que um ou outro tomam e que estão fora do contrato do casal. “O contrato é como se fosse um conjunto de regras do que é importante e tolerável pelo casal. Nele, deve constar tudo o que pode e o que não pode ser feito”, explica.
Embora seja subjetivo, a profissional reforça que esse contrato deve ser claro e surgir do diálogo. “No começo de qualquer relacionamento as pessoas envolvidas devem conversar sobre o que esperam daquela relação, quais são as expectativas e exigências e, a partir disso, entrarem em um acordo. Não dá para um considerar essencial um tipo de comportamento enquanto o outro não o tolera”, exemplifica.
É normal sentir atração por outro?
No entanto, a psicanalista mostra que, mesmo estando comprometido com alguém, é natural surgir o desejo por outra pessoa. “É completamente normal se sentir atraída por uma pessoa mesmo amando outra. O que torna o indivíduo íntegro não é sentir atração ou não, mas sim conseguir ser fiel”, comenta.
O que Tatiana explica é que, com a sociedade moderna, as relações passaram a acontecer de forma muito rápida e intensa e isso faz com que as pessoas sintam mais carência. Nesse contexto, para alguns casais abrir o relacionamento é importante e construtivo.
Relacionamento aberto
Em casos em que dá certo, a psicanalista conta que o segredo está nas regras bem definidas. “Um relacionamento aberto bem-sucedido tem regras definidas. Os dois sabem o que pode ser feito e respeitam. Então, o desgaste não acontece”, explica.
Mas, a profissional também alerta para alguns problemas. O primeiro deles está relacionado à condição da mulher na sociedade. “As mulheres sempre foram criadas para serem monogâmicas, enquanto a traição dos homens é socialmente aceita ou menos condenável. Então, muitas vezes essa mulher aceita a proposta porque quer ser igual a ele, parecer livre, mas intimamente, como foi criada de forma diferente, sofre por não se sentir à vontade”, pondera.
Outra questão que pode deixar a escolha problemática é quando uma das partes opta pela decisão para parecer legal, descolada e libertária, mas não está pronta e nem quer verdadeiramente esse tipo de relação. “No caso das mulheres, de novo, é ainda mais grave porque ela faz isso para parecer interessante e para ser a mais amada e não porque deseja ou acredita nesse formato e, por isso, acaba entrando em uma competição interna com outras mulheres”, comenta.
Tatiana também diz que é um erro acreditar que alterar o status do relacionamento vai salvar o casamento. “Pelo contrário, os casais que decidem se envolver com outras pessoas precisam estar muito bem consigo para ter condições emocionais de resolver qualquer problema que apareça sem cobrança e desrespeito”, orienta.
Como abrir um relacionamento
A psicanalista ainda diz que, se essa de fato for a vontade do casal, é necessário tomar alguns cuidados. “É preciso estabelecer direitinho como serão as regras, tomar cuidado para não se sentir inferior às outras pessoas, não entrar em competição e, principalmente, se prevenir de DSTs, que tendem a aumentar nesses casos caso o casal não se proteja”, alerta.
No entanto, de acordo com a profissional, quando os dois querem verdadeiramente e não estão apenas cedendo a uma tendência, procurando salvações para problemas ou ultrapassando os limites individuais, o relacionamento aberto tem tudo para dar certo. “Não é uma medida que serve para todos os casais. É preciso saber quais são os limites, valores e expectativas dos dois, saber o que o outro espera da relação. Não dá para confundir perspectivas e se deixar levar pela vontade do outro”, diz.(Com Bolsa de Mulher)