São frases clichês, mas, apesar disso, ela acredita. E espera pelo amante, sempre à disposição, nos dias e horários mais improváveis. Ao contrário do que muita gente pensa, a vida "da outra" é, na maioria das vezes, triste e sofrida. Então, o que leva uma mulher a desempenhar esse papel?
Segundo o psicólogo Ailton Amélio da Silva, professor da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em relacionamentos amorosos, geralmente a amante tem esperança de vencer a disputa, crê que esta é uma fase passageira e que um dia se tornará a esposa. Além disso, ela entra nesse tipo de situação porque apresenta um comportamento disfuncional, ou seja, aceita desempenhar esse papel mesmo sabendo que ele lhe traz prejuízos e desvantagens. "Prefere correr o risco e insistir no relacionamento a abrir mão dele", explica Ailton.
Outra questão importante, de acordo com o psicólogo, é que essas mulheres não costumam ter controle sobre as consequências, em longo prazo, de suas atitudes. "Algumas pessoas são cautelosas em relação aos atos que apresentam efeitos imediatos, porém descuidadas com aqueles que demonstram seus resultados tardiamente. Assim, agem sem pensar no futuro: fumam sabendo que isso causa câncer, comem exageradamente conscientes de que vão engordar, mantêm relações sexuais sem usar preservativos...", enumera o especialista.
Esse tipo de comportamento é muito comum nas crianças, que são inconsequentes. Com a chegada da maturidade é preciso avaliar os riscos antes de tomar decisões. "No entanto, algumas pessoas não desenvolvem esse raciocínio e acabam vivendo para os prazeres imediatos", comenta o psicólogo. É o caso das mulheres que se apaixonam, aceitam ser amantes e acreditam em todas as desculpas e ilusões que lhe são oferecidas, apesar de saberem que sofrerão no futuro.
O valor da autoestima
É importante ressaltar que outros fatores podem levar uma mulher a aceitar ser "a outra". "Muitas se sujeitam a esse tipo de relacionamento por insegurança, baixa autoestima ou medo da solidão. Não se sentem merecedoras de uma relação mais justa, equivalente, em que há companheirismo, respeito e dedicação", diz Ailton. Há, ainda, mulheres que são movidas pelo sentimento de competição e por uma verdadeira atração pelo proibido.
Para evitar sentimentos terríveis, como o sofrimento, mágoas e frustrações, que normalmente envolvem esse tipo de relacionamento, Ailton aconselha que a amante procure a ajuda de um psicólogo. "O terapeuta pode orientá-la para que compreenda as razões que a levam a se envolver com pessoas comprometidas. A partir daí, ela poderá se fortalecer de forma a buscar um relacionamento mais satisfatório e feliz.
Mas há exceções, afirma o especialista. "Há situações em quem que a relação realmente é madura, vai além da aventura e da simples atração. Então, o que era apenas um caso entre amantes pode se transformar em algo sério e estável. Afinal, quando se trata de amor e paixão, tudo é possível. (Com Portal Vital/Unilever)