Embora a maioria dos 1.196 brasileiros entrevistados (76%) afirme saber o que é um câncer metastático, quase metade (40%) acredita que o processo de metástase raramente ocorre em pacientes com tumores de mama, o que não reflete a realidade, de acordo com dados estatísticos sobre a doença.
Até 30% das mulheres com câncer de mama evoluem com progressão da doença e consequentemente o aparecimento de metástases, mesmo que a enfermidade seja detectada precocemente, segundo estudo divulgado pelo jornal científico The Oncologist. Quando o assunto são as causas relacionadas à metástase, novamente faltam informações entre os brasileiros: 45% dos entrevistados estão convencidos de que o câncer de mama pode progredir ou apresentar reincidência porque os pacientes não teriam tomado medidas preventivas adequadas, quando na verdade os fatores genéticos interferem de forma predominante nesse processo.
Os resultados da pesquisa mostram ainda outra percepção equivocada em relação à doença. A maioria dos brasileiros (87%) acredita que o câncer de mama metastático tem cura, desde que o tumor seja diagnosticado precocemente e tratado. O porcentual é igual ao apresentado pelos mexicanos e inferior ao dos chilenos (93%). Na realidade, hoje, o acesso a tratamentos mais modernos e eficazes pode ajudar o paciente a viver mais e melhor, mas ainda não é possível falar em cura. Atualmente, o câncer de mama metastático representa 90% das mortes por câncer de mama².
A informação de qualidade é uma aliada imprescindível para o paciente, o que se aplica também para seus familiares e amigos. Isso porque manter-se informado é fundamental para que o paciente possa, em parceria com o médico, tomar decisões, participar ativamente do tratamento e esclarecer dúvidas. Contudo, apenas 29% dos brasileiros ouvidos na pesquisa dizem que é possível ter fácil acesso a informações confiáveis sobre câncer de mama metastático e 72% concordam que há pouca atenção da mídia para esse tipo de câncer.
"O acesso à informação relevante e confiável, assim como a novos e eficazes tratamentos, é a melhor maneira de empoderar pacientes e médicos, com objetivo de contribuir para que essas mulheres vivam mais e melhor", segundo Elmer Huerta, diretor do Cancer Preventorium, um departamento do Washington Câncer Institute, no MedStar Washington Hospital Center.
Não só no Brasil, mas também nos demais países que participaram do levantamento, há um consenso de que é necessário unir esforços para que haja mais esclarecimento em relação ao câncer de mama avançado. "Os resultados mostram que muitas pessoas não estão familiarizadas com o câncer de mama avançado e acreditam que a qualidade das informações sobre a doença é inferior quando comparada às informações hoje disponíveis sobre o câncer de mama ainda em estágio inicial", afirma o médico Gilberto de Lima Lopes, diretor médico e científico do Grupo Oncoclínicas, professor assistente de Oncologia da Johns Hopkins University e oncologista do HCor Onco São Paulo. (Com A Crítica)