Nós brasileiros, por muitas vezes, chegamos a nos diminuir perante a cultura de países mais ricos, como os Estados Unidos, a França, a Itália e por aí vai. Óbvio, que não há nada de mais em achar determinado hábito mais bonito ou educado que o de costume, mas não há motivo para achá-los sempre melhores – o que é muito ruim.
Mas, para quem acha que nossos hábitos e costumes não tem nada a acrescentar a um estrangeiro “mais civilizado”, engana-se redondamente. Em matéria interessantíssima publicada pelo Zero Hora, estrangeiros entrevistados revelaram quais dos nossos costumes e hábitos eles mais admiram e que gostariam que fossem exportados para outros países. Alguns são surpreendentes.
1 – Abraço
Você deve estar pensando “mas como assim, o abraço???”. A verdade é que, mundo afora, as pessoas não são tão receptivas ao contato pessoal íntimo, mesmo entre amigos ou parentes. Quem já teve a oportunidade de viajar para outros países, especialmente na Europa, sabe do que estou falando.
O nosso tradicional abraço seguido de um beijinho na bochecha, típico de quando se encontra um conhecido ou mesmo quando se é apresentado a alguém, pode parecer um verdadeiro “abuso sexual” para um gringo.
Boris Pravda-Starov, 25 anos, estudante, que morou em Porto Alegre, explica ao Zero Hora que gosta do hábito dos brasileiros de dar abraços e que deu um abraço em seu pai assim que retornou à França, e ele estranhou a atitude do filho. O estudante chinês Liu Da diz que na China, sequer o aperto de mão é usual - as pessoas simplesmente não se tocam.
2 – Higiene
Definitivamente, somos muito limpos – e eu tenho orgulho disso! (risos) Por onde passamos, os estrangeiros costumam ficar impressionados por nossos hábitos básicos de tomar banho ao acordar, escovar os dentes após as refeições, etc.
A explicação é cultural, claro: somos descendentes de índios que já possuíam bons hábitos de limpeza bem antes dos europeus chegarem por aqui. A francesa Nathalie Touratier se diz admirada pelo fato de escovarmos sempre os dentes, mesmo no trabalho: ela explica que na França, as pessoas mascam chicletes após almoçarem quando estão em serviço.
3 – Almoçar
Sim, por mais estranho que isso possa parecer, em alguns países a principal refeição dia – para nós – é uma mera trivialidade. A neozelandesa Victoria Joy Winter diz que, em seu país, as pessoas tendem a engolir um sanduíche no almoço e fazer uma refeição pesada à noite.
Ela reconhece que um jantar mais leve é muito mais saudável e que nosso ponto de vista quanto à alimentação deveria ser exportado. O holandês Marnix Van se diz apreciador da ideia dos rodízios e bufê a quilo.
4 – Atividades físicas
Falando em saúde, quando se trata de cuidado com o corpo, nós somos, mais uma vez, exemplo para o mundo. Estrangeiros da África do Sul e do restante da América do Sul se dizem impressionados com nossa vontade em praticar exercícios físicos como caminhadas, ciclismo ou o nosso tradicional futebol, independentemente da hora do dia.
Elia Arévalo, nicaraguense, diz que acha ótimo quando algumas ruas são fechadas aos finais de semana para a prática de exercícios; Mauricio Uriona, boliviano, acha o culto ao corpo algo importante e que as pessoas não se preocupam com o físico em seu país.
5 – Carona
Dar carona é só mais uma de tantas cordialidades que o brasileiro é acostumado a praticar sem nem ter ideia de que, em outros países, esse é um hábito praticamente inexistente.
Manuel Gourmand, francês, diz que esta é, de longe, uma das práticas brasileiras que ele mais gosta. Ele diz que na Europa isso não existe e que nem mesmo colegas pensam na possibilidade de oferecer carona a alguém; cada um vai aos encontros por conta própria.
6 – Atendimento
Este é um ponto controverso entre os que foram entrevistados pelo Zero Hora, mas por uma simples questão de gosto: britânicos e franceses não gostam de ser abordados pelos atendentes.
Por outro lado, o italiano Alessandro Andreini afirma que uma das frases que mais gostou de ouvir na vida foi “você encontrou tudo o que procurava?” vinda da caixa de um supermercado. Mais uma vez, fica evidente a cordialidade do brasileiro.
7 – O “jeitinho” brasileiro
Na arte da improvisação, nós somos verdadeiros mestres e o tão polêmico “jeitinho” brasileiro é sim apreciado pelos estrangeiros. De acordo com eles, e como versa o ditado, para um brasileiro “só não existe jeito pra morte”, pois nós somos naturalmente insistentes perante às situações adversas e que sempre acreditamos que podemos superá-las de alguma forma.
Para o filósofo americano Allan Taylor, é esse nosso “jogo de cintura” que nos torna tão bem sucedidos no exterior e é o que explica o porquê dos americanos, por exemplo, não conseguirem sambar nem jogar futebol direito.
8 – A forma como tratamos os estrangeiros
Alguns vão dizer que brasileiro gosta mesmo é de “babar” os gringos, inferindo que agimos como bobos com os estrangeiros. Eu pessoalmente acredito que o brasileiro, em geral, é cordial com qualquer pessoa de fora da sua cidade ou estado; uns mais, outros menos.
De qualquer forma, este não é um costume de muitos países do mundo – e talvez por isso o brasileiro passou achar que é humilhante tratar um estrangeiro bem quando não se é tratado da mesma forma lá fora. Katharina Ockert, alemã, conta que certa vez pediu uma informação a uma senhora na rua e se surpreendeu quando a mesma a pegou pela mão e a levou ao local.
A francesa Clémentine Athanasiadis, estudante da PUCRS, diz que acha esse comportamento importante, pois os estrangeiros se sentem perdidos no começo e acha excelente que as pessoas aqui sempre deem informações com um sorriso no rosto.
Se é humilhação ou não, depende da visão de cada um, mas creio que os bons costumes é que nos enobrecem; e quer maneira melhor que dar “um tapa” na cara dos gringos mostrando pra eles que educação e gentileza são o caminho correto?
Por Luciano Hylton (Tudo Interessante)