Segundo a assessoria de imprensa da PF em Cascavel, uma reunião na última terça, dia 10, deve definir a ordem das reconstituições - uma com a versão dos policiais e outra com a dos sem-terra -, que serão incluídas ao inquérito comandado pelo delegado federal Emerson Rodrigues e que segue sob sigilo. Serão necessários dois dias.
O prazo para a conclusão do inquérito pela PF termina esta semana, porém o delegado já adiantou que pedirá a prorrogação por mais 30 dias.
A reconstituição será acompanhada pelos sem-terra e pelos policias ambientais e do Batalhão de Choque e por seguranças particulares - que estiveram no confronto, por um representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), pelo Ministério Público (MP-PR) e pelas polícias Civil e Militar, que também investigam o caso.
Em entrevista no dia 26 de abril, o delegado da Polícia Civil, Adriano Chohfi, disse que pediu à Justiça a exumação dos corpos das vítimas. O pedido já foi deferido, porém a data ainda não foi marcada.
O inquérito a cargo da Polícia Civil foi encaminhado incompleto no dia 15 de abril ao Ministério Público (MP-PR), que o devolveu e solicitou mais informações à delegada Ana Karine Palodetto. Na época, a responsável pelo caso declarou que, pela falta de depoimentos de alguns sem-terra que foram intimados e não compareceram à delegacia, não foi possível definir de quem partiu o primeiro tiro.
As versões apresentadas até agora são bastante divergentes. Enquanto um dos sem-terra feridos e detidos no mesmo dia do confronto diz que a polícia foi a primeira a atirar, outro afirma ter partido dos próprios sem-terra o primeiro disparo. Esta é a mesma versão defendida pelo advogado do MST, Claudemir Torrente Lima, o qual acrescenta inclusive que os acampados foram atingidos pelas costas.
O confronto ocorreu na Linha Fazendinha, próximo ao acampamento Dom Tomás Balduíno, quando policiais ambientais foram acionados para atender um suposto princípio de incêndio na área.
Projetos de assentamento na região vêm sendo preparados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O objetivo é assentar cerca de 80 famílias de sem-terra. O local, vizinho ao assentamento Celso Furtado, compreende as fazendas Três Elos I, II e III e Campo Novo, cujos títulos foram anulados pela Justiça Federal. As decisões ainda estão sendo questionadas judicialmente. (Com G1)