Terça, 10 Setembro 2013 18:16

Nova Laranjeiras - Polícia começa a investigar indígenas e receptores de produtos saqueados na 277

Delegado de Laranjeiras do Sul, Adriano Chohfi afirma que todos terão que pagar pelo crime.

 

 

Cacique diz que saque não deve ser considerado roubo.

 

Indígenas da Reserva Rio das Cobras, de Nova Laranjeiras, saquearam no último domingo mais uma carga. Desta vez, a carreta carregada de milho parou na BR 277 com problemas mecânicos. Quando o motorista se deu conta, vários índios chegaram de uma só vez e começaram o saque das cargas. Informações do Jornal Correio do Povo de Laranjeiras informam que o delegado da 2ª SDP de Laranjeiras do Sul, Adriano Chohfi, disse que os responsáveis pelo crime estão sendo identificados e junto os não índios responsáveis pela compra da carga. 

 

O delegado afirma que várias vezes tentaram tomar providências com os índios que saqueiam cargas e o problema está piorando cada vez mais. “Não sei o que está acontecendo, mas nós temos informações de que eles até provocam acidentes, não temos como provar isso mas estamos investigando se isso é verdade, mas independente de estarem ou não causando acidentes eles estão saqueando os motoristas que param na BR para trocar pneu, caminhão quebrado ou mesmo para descansar, se parar naquela região eles saqueiam a carga como se fossem criminosos contumazes”, disse o delegado. 

 

O cacique da aldeia, Sebastião Tavares, em alguns momentos concorda e outros discorda da lei. “Eu acho que os índios não roubaram a carga, porque roubar é outra coisa, o dono não vê. E o dono do caminhão ‘tava’ ali. Eu sempre falo para que os índios não mecham nas cargas, que é errado, mas não consigo controlar 500 famílias, falei ontem para eles, amanhã vocês vão se apresentar na delegacia. Se o delegado me acompanhar, a gente senta e diz como devemos fazer, nós conversamos porque as pessoas devem saber levar a lei”, disse o Cacique.

 

 

 

Responsabilidade

 

Segundo o delegado Adriano, os criminosos devem ser responsabilizados pelos atos. “Eles não pensam o que eles estão fazendo mas eles entendem muito bem, porque vendem a carga. Nós vamos agora fazer uma operação para identificar os receptadores que estão comprando essas cargas”, afirma. 

 

No domingo, foram feitas fotos e filmagens para a tentativa de reconhecimento do indígenas e assim que identificados serão indiciados por roubo. O delegado ressalta que o poder de Polícia na BR é da PRF, mas a Polícia Civil está tentando identificá-los para indício por roubo.

 

“Nós não estamos tendo apoio do cacique, nós já pedimos para ele vir aqui três vezes mas ele não veio para a gente identificar os indígenas e nós queremos tomar providências urgentes”, disse Adriano.

 

 

Índio também paga

 

Muitas pessoas tem o falso pensamento de que indígenas não pagam por atos criminosos. “Índio não tem imunidade penal, não está isento nem acima da lei, é um cidadão comum ainda mais em situação como essa. Não é a aldeia inteira mas alguns índios, eles podem ser identificados e responder pelo crime e as pessoas que compram dos índios também responderão por receptação”, alerta o delegado.

 

 

Os compradores

 

O cacique Sebastião em alguns momentos se revolta pelo fato de somente os indígenas levarem a fama de roubos, tendo em vista que muitas vezes os mandantes são brancos. “A Polícia Civil deveria ter ido até a reserva ontem pela manhã, quando tinha muitos compradores brancos da carga saqueada no domingo”, questiona.

 

“Eu acho que devem investigar e fazer o que tem que fazer, cada pessoa é obrigada a pagar pelo que faz”, ressalta.

 

 

Parcerias

 

“Como que podemos ajudar a polícia se eles nunca nos ajudam, o saque da carga é errado mesmo, mas temos que nos entender com os policiais. Aqui dentro da área indígena somos nós que mandamos e a BR 277 está nas nossas terras, se nós quisermos derrubar aquela ponte nós derrubamos e aqui temos a nossa lei não a dos brancos”, exalta o cacique.

 

Sebastião afirma que fica muito triste quando ouve as pessoas dizendo que os indígenas provocam os acidentes. Segundo o delegado Adriano, essas denúncias são feitas na delegacia.

 

 

“Isso é mentira, nunca ninguém provocou acidente, nós temos que conversar com o delegado, porque ele não vem conversar comigo? Nós somos liderança grande e precisamos marcar uma reunião e conversar para ver quem tem mais razão”, disse. “Esses roubos são uma negociação entre brancos e índios, os brancos pagam uma ‘micharia’, mas mesmo assim os índios saqueiam as cargas”, conclui.

 

 

 

 

 

Fonte - Jornal Correio do Povo

 

 

 

Veja também:

Entre para postar comentários