Em sala de aula, Janete e os professores do curso de Ciências Econômicas levam os alunos a conhecer o que é o mercado e como questões políticas o afetam, o que é marketing, como funciona o comportamento do consumidor, a questão dos custos e finanças, entre outras coisas. E algumas dessas lições são válidas até para quem não está nos bancos universitários, mas quer empreender.
“Nós economistas estudamos aspectos interessantes para ajudar na tomada de decisão. Quem são os possíveis consumidores, onde encontramos fornecedores, como estão estruturados e organizados esses atores? Que produtos ou serviços poderiam ser oferecidos e não estão sendo ofertados, ou talvez não da maneira como as pessoas gostariam? Que tipo de consumidores nós temos? O que esses consumidores têm de renda, qual sua idade, seus gostos? Esses são estudos que uma pessoa pode ir construindo nas suas próprias relações antes de abrir um negócio”, aponta a professora.
Fazer um estudo de viabilidade é uma chance a mais de que o empreendimento seja bem sucedido. “Procure pessoas que já empreenderam, procure fontes: hoje a internet oferece muitas informações. Agora a informação do lugar, essa muitas vezes é preciso que o empreendedor busque na fonte primária – converse com as pessoas, sinta aquilo que está faltando no município”, sugere a professora Janete. “E eu sempre digo: não deixe só na cabeça. Tem que escrever, documentar, anotar as ideias”, complementa a docente.
Perfil dos empreendedores
O maior preparo para abrir um negócio é uma das características dos empreendedores motivados por oportunidades – pessoas que identificaram uma chance de negócio e decidiram empreender, mesmo possuindo alternativas de emprego e renda, diferente dos empreendedores por necessidade – aqueles que iniciam um empreendimento por não possuírem uma opção melhor.
Dados do programa de pesquisa Global Entrepreneurship Monitor apontam que, em 2002, apenas 42,4% dos empreendedores brasileiros iniciavam suas atividades por oportunidade. Em 2013, esse número chegou a 71,3%.
Quando se fala em rendimentos, os empreendedores visionários levam vantagem. Entre aqueles que conseguem atingir uma renda de três a seis salários mínimos no Brasil, 81,8% iniciaram seu negócio motivados pela oportunidade. Na faixa de renda de seis a nove salários mínimos, esse percentual chega a 93,8%.
As estatísticas apontam também que ainda há muito espaço para inovação. No Brasil, 99,7% dos novos empreendedores investem em algo considerado já conhecido por todos, e 98,9% não possuem consumidores no exterior, mesmo quando o negócio já está estabelecido.
Para quem ainda está com receio de arriscar, a professora Janete aconselha com base naquilo que os alunos do curso de Ciências Econômicas da UFFS também aprendem em sala de aula. “A gente deve, como empreendedor, minimizar os riscos para que esse medo de empreender diminua também. E, diante dos riscos que permanecem, ainda assim arriscar e ousar, mas sempre de uma maneira planejada, organizada, cientes da necessidade de muito trabalho para que o empreendimento seja de fato um sucesso”, aponta.
Dificuldades iniciais
Segundo o professor João Arami Martins Pereira, que ministra a disciplina de Finanças na UFFS – Campus Laranjeiras do Sul, uma das principais dificuldades dos empreendedores iniciantes é a falta de capital de giro. O problema geralmente acontece quando a pessoa investe todos os seus recursos na compra de bens de capital fixo. “É como um agricultor que tem 100 mil reais, gasta todo esse dinheiro para comprar uma colheitadeira e fica sem recursos para comprar o combustível para a colheitadeira funcionar”, exemplifica o docente.
Quando falta dinheiro, o empreendedor pode também ficar em apuros se buscar fontes de recursos inadequadas, com prazos e taxas de juros desvantajosos.
“Geralmente as pessoas querem começar uma atividade somente com recursos próprios, o que pode muitas vezes levar a dificuldades desnecessárias. Seria melhor recorrer a um banco e um gerente de sua confiança, demonstrar sua pretensão em desenvolver um negócio próprio e buscar a parceria de forma transparente e com baixo risco, através de fundos com baixos custos financeiros”, aponta o professor Pereira.
Por Renata Portela