Localizada na própria aldeia, a escola existe há quase 50 anos, mas funcionava em um prédio pequeno e desconfortável. No ano passado, o governo construiu um prédio novo, com novas salas, laboratório de informática, biblioteca, cozinha. “Uma conquista maravilhosa”, comemora a diretora, Iliane de Luca (28), que cuida com todo carinho dos 140 alunos matriculados.
“Com o prédio novo, conseguimos atingir mais de 60% da frequência dos pais em reuniões e nos eventos que a escola promove”, conta a diretora. “São palestras sobre alcoolismo, drogas e doenças sexualmente transmissíveis”, completa.
A nova estrutura, entregue há oito meses pelo Governo do Estado, já rende bons frutos para a comunidade indígena. Numa das novas salas, a coordenação criou horários de reforço no ensino da língua portuguesa e de matemática para os alunos do ensino fundamental. Além disso, foi criado o contraturno, duas vezes por semana, que inclui o reforço à língua materna, o Guarani.
João Karai, nascido na tribo Pinhal em 1967, é professor de português e guarani na escola. Ele é exemplo para a comunidade, pois é o mais letrado. “O que me levou a estudar é a vontade de ajudar meu povo. Quando entro na sala de aula, a minha vontade é que eles aprendam como eu aprendi, mesmo com as dificuldades”, conta orgulhoso.
CULTURA - Para o professor João Karai, a função mais importante da escola, além de preservar a cultura, é conseguir fazer com que os índios dialoguem com as pessoas de fora da aldeia. “Antes era difícil, não aceitávamos o povo não indígena, porque não conseguíamos conversar. Agora é diferente, conseguimos trocar experiências. É um grande avanço”, diz.
Entre professores, pedagogos, coordenadores e auxiliares de serviços gerais, a escola conta, agora, com 26 funcionários, sendo que três professores são indígenas, da própria aldeia.
Para a coordenadora pedagógica, Leonice Kubiak, a escola melhora a convivência entre as pessoas. “O prédio novo estimula os cuidados com a escola. Por exemplo, a comunidade ajuda na separação do lixo. Os alunos e pais estão tendo a noção de cuidar do que é deles e estão cuidando com amor”, disse.
CANTIGAS - Além do ensino do Guarani, a escola Waldomiro Tupã P. de Lima criou o Projeto de Preservação da Cultura, que resgata cantigas, brincadeiras e costumes da comunidade. “Nesses momentos as crianças se divertem. Temos peteca e cantigas originais do povo Guarani”, diz a diretora Iliane.
“A preservação da cultura do nosso povo significa dar continuidade ao que somos. Não podemos deixar que os nossos costumes se percam com o tempo”, afirma o professor João Karai.
NOVAS ESCOLAS - O Paraná possui hoje 36 escolas indígenas espalhadas em todas as regiões do Estado. Na atual gestão, nos últimos dois anos, foram entregues 11 escolas novas, que atendem 4.000 alunos.
Segundo Dirceu José de Paula, da Secretaria Estadual da Educação, o diferencial da educação indígena é que, além dos conteúdos da Base Nacional Comum, são contemplados conteúdos específicos da cultura indígena.
“Além disso, a matriz curricular contempla o ensino da língua indígena, em paridade com o ensino da língua portuguesa, conforme garantido na legislação vigente”, explica Dirceu, que éo coordenador de Educação Escolar Indígena da Secretaria da Educação.Saiba mais sobre o trabalho do governo do Estado em:
Fonte - AEN