Quinta, 13 Dezembro 2012 00:40

Richa e Gleisi se confrontam em inauguração de usina

Ministra lamenta não adesão do PR a plano de energia; governador diz que proposta é “demagógica e populista”.

O governador Beto Richa (PSDB) e a ministra Gleisi Hoffmann (PT) se portaram como adversários “cordiais”.

 

Apontados desde já como principais rivais da eleição para o governo do Estado em 2014, a ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT) e o governador Beto Richa (PSDB), protagonizaram ontem, na cerimônia de inauguração da usina hidrelétrica de Mauá, uma espécie de prévia antecipada da disputa pelo poder político no Paraná. Gleisi criticou a decisão do governo paranaense e da Copel de não aderirem à proposta do governo federal de redução das tarifas de energia elétrica. O governador reagiu classificando a iniciativa de “demagógica e populista”.

 

A polêmica é motivada pela Medida Provisória baixada pelo governo federal, que prevê a prorrogação de concessões do setor elétrico, em troca da redução da margem de lucro das empresas de geração e transmissão de energia. No Paraná, a Copel, além das estatais de energia de São Paulo (Cesp) e de Minas Gerais (Cemig) – estados governados pelo PSDB, principal partido de oposição ao governo Dilma Rousseff – decidiram não aderir ao plano, alegando prejuízos financeiros com medida.

 

O governo paranaense também apontou que o Estado perderá R$ 450 milhões de receita do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) com as mudanças. E que a Copel teria um prejuízo de R$ 178 milhões.

 

Já o governo federal culpou os governos tucanos pelo risco de não atingir a meta de redução de 20,2% das tarifas. Segundo o Palácio do Planalto, por conta da não adesão desses estados, a redução ficaria em apenas 16,7%.

 

Em seu discurso, a ministra da Casa Civil criticou a decisão do governo paranaense, afirmando que isso prejudicava os planos do governo federal de aumentar a competitividade da economia do País. “Lamento imensamente que o Paraná esteja fora, mas ainda há tempo para fazer a adesão. Aderir não é descapitalizar a Copel”, disse.

 

Richa reagiu acusando o governo federal de politizar o assunto, deixando de levar em conta os prejuízos que as empresas de energia e os estados terão com a medida. “Quero restabelecer a verdade. Não tolero contaminação política num assunto tão sério como esse”, afirmou. “Não podemos admitir que uma decisão estratégica da Copel e do governo estadual seja contaminada pelo viés político. Também não posso admitir que o Paraná tenha prejuízos por conta de um programa criado em gabinete”, disse o governador. “Eu jamais deixei que a demagogia, o populismo, pudesse se sobrepor aos interesses do meu Estado, da minha gente. Por essas razões, nós não podemos de forma alguma, tolerar, que uma questão de caráter estratégico para o Estado, para o Brasil, seja contaminada por viés político”, criticou.

 

O tucano negou, ainda, que o Paraná não dará sua contribuição ao plano de redução das tarifas. Isso porque a Copel renovou antecipadamente os contratos de transmissão, que terminariam em 2005.”O Estado e a Copel darão sua cota de sacrifício para baixar as tarifas. Mas resguardando os interesses paranaenses. Assim estamos preservando o desenvolvimento econômico e social do Estado”, disse. Segundo ele, a queda da receita pode reduzir investimentos previstos em áreas prioritárias, como saúde, educação e segurança pública.

 

Cobrança — Richa chegou a pedir desculpas pela sua “exaltação”, ressalvando; “mas pelo meu Estado eu brigo”. E ainda cobrou publicamente a ministra pelo veto da presidente Dilma Rousseff à divisão igualitária entre estados e municípios dos royalties do petróleo, o que favorece os estados produtores. “Porque beneficiar só dois ou três estados? Temos que reeditar a campanha de Monteiro Lobato ‘o petróleo é nosso’. Sem dois pesos e duas medidas. Queremos divisão dos royalties e tributação da energia produzida em Itaipu aqui no Paraná”, defendeu o governador.

 

O tom das declarações dos dois mostra que, pelo menos no meio político, a campanha eleitoral no Paraná já começou. Richa já admitiu recentemente que pretende disputar a reeleição. Gleisi, apesar de não assumir a candidatura, é apontada pelas lideranças do PT como a virtual candidata do partido ao governo.

 

 

 

 

 

Fonte - Bem Paraná

 

 

 

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