Esses acidentes resultaram em quatro mortes de humanos e 99 pessoas feridas. Neste ano, de janeiro a junho, a PRF contabilizou 54 ocorrências, com 31 feridos. Ninguém morreu.
O Paraná aparece atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Desde o que um levantamento chamado de Urubu Info, criado em 2014 pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), da Universidade Federal de Lavras (MG), o sistema já registrou a morte de 457 mamíferos, 230 répteis, 259 aves e 275 anfíbios no Paraná, totalizando 1.221 ocorrências.
São Paulo lidera as estatísticas, com 4.309 óbitos. O banco de dados é alimentado pelo público ou instituições parceiras, por meio do Urubu Mobile, um aplicativo desenvolvido para este fim.
“O atropelamento de animais é um problema mundial e causa mais mortes que a caça e o tráfico de animais silvestres”, afirma o doutor em Ecologia Alex Bager, coordenador do CBEE.
Risco dos dois lados
O risco de fatalidade no encontro entre os homens e os animais em rodovias não se restringe apenas ao segundo. Uma batida com um animal de grande e médio porte pode ser trágico também para os ocupantes do veículo.
Quando animais de grande porte, como cavalos, são atropelados, a tendência é cairem sobre o carro e, conforme a velocidade, podem entrar pelo para-brisa e esmagar os ocupantes. Também podem fazer o carro capotar ou sair da rodovia.
Milhões
Mas, se forem somados os animais de pequeno porte, como aves e roedores, os números no País chegam aos milhões. Segundo o Atropelômetro, banco de dados desenvolvido e mantido pelo CBEE, 15 animais selvagens são atropelados nas estradas brasileiras a cada segundo (sem levar em conta os domésticos). Em um dia, seriam 1,3 milhão de ocorrências. A projeção para o período de um ano é assustadora — 473 milhões de atropelamentos.
Trechos de Mata Atlântica são as mais vulneráveis
A Mata Atlântica é o bioma onde mais acontecem atropelamentos de animais, segundo o Urubu Info, banco de dados desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), da Universidade Federal de Lavras (MG). Desde 2014, quando teve início o levantamento, foram registrados 7.854 atropelamentos neste bioma.
A maioria é de mamímferos — 4.218. O Cerrado aparece em segundo, com 4.396 ocorrência no período, seguido do Pampa (3.846), da Caatinga (1.271), da Amazônia (772) e do Pantanal (223). O banco de dados é alimentado pelo público ou instituições parceiras, por meio do Urubu Mobile, um aplicativo desenvolvido para este fim.
Justiça
A Justiça tem entendido que as concessionárias de pedágio têm responsabilidade em caso de acidentes envolvendo animais em rodovias pedagiadas. No ano passado, a 3ª Turma do Tribunal de Justiça do Distrito Federal condenou uma concessionária após um motorista atropelar um cachorro.
Os magistrados entederam que “a concessionária administradora de rodovia responde, objetivamente, por qualquer defeito na prestação do serviço, pela manutenção da rodovia em todos os aspectos, respondendo, inclusive, pelos acidentes provocados pela presença de animais na pista”. Mas, dependendo do caso, o dono do animal também pode ser responsabilizado.
Programas das concessionárias
As concessionárias de pedágio que operam no Paraná têm programas para tentar reduzir os atropelamentos de animais e os impactos na fauna. A Ecovia, que administra 175 quilômetros entre Curitiba e o litoral, tem parcerias com órgãos ambientais e ONGs.
Os animais feridos em acidentes são encaminhados para uma clínica especializada e depois são postos em liberdade em seu habitat natural. Os que não sobrevivem são recolhidos e destinados ao Museu de História Natural do Capão da Imbuia, em Curitiba.
A Viapar, que administra rodovias no Noroeste do Paraná, recolheu 147 animais em rodovias no ano passado. Foram registrados 24 acidentes envolvendo animais de grande porte em 2016. A BR-376 é o segmento mais problemático, em especial, entre Sarandi e Marialva (quilômetros 184 ao 191) e Mandaguaçu a Paranavaí (quilômetros 158 ao 102), no período noturno.
Os animais encontrados soltos são encaminhados à Sociedade Protetora dos Animais de Paranavaí, onde ficam à disposição dos proprietários por dez dias. A empresa também faz uma campanha com os pecuaristas. A concessionária também instala placas de sinalização e faz campanhas publicitárias nas principais emissoras de rádio e TV. A Viapar conta com inspeções de tráfego diárias, caminhões para remoção dos animais e 81 agentes de tráfego para verificação e monitoramento das rodovias
A Ecocataratas, responsável por 387 quilômetros da rodovia BR-277 entre Guarapuava e Foz do Iguaçu, opera em uma área delicada, que margeia 32 quilômetros do Parque Nacional do Iguaçu. Em 2010 a empresa criou o Projeto Respeito à Vida, com ações de conscientização dos motoristas e das comunidades da região, instalação de painéis para alertar os motoristas e monitoramento durante 24 horas, entre outras medidas
A Econorte mantém uma equipe de prontidão para atender acidentes e caminhões apropriados para a remoção de animais. A concessionária administra 340 quilômetros de rodovias no Norte do estado
1% dos animais atropelados nas rodovias
do País se referem a avertebrados de grande porte, que podem colocar os passageiros do veículo em risco, de acordo com o CBEE. Mesmo com a porcentragem relativamente baixa, a estimativa é de 4,7 milhões de atropelamentos de grandes vertebrados por ano em todo o Brasil. Os animais que mais sofrem atropelamentos são pequenos vertebrados (90%). Vertebrados de médio porte aparecem bem atrás, com 9% do total de ocorrências. O resto são pequenos animais
Cuidados com os animais
Mais devagar
Em regiões com sinalização de animais na pista, a velocidade deve ser reduzida. Com o farol alto durante a noite, o motorista pode ver um animal na estrada a 400 metros de distância. Com farol baixo, apenas a 150 metros. Dependendo da velocidade, não dá tempo de frear
À noite
Tome cuidado redobrado durante a noite. Muitos animais se escondem de predadores e do sol durante o dia e saem para se alimentar no início da noite ou quando já está escuro
Comida atrai
Algumas espécies de animais fazem das rodovias a principal fonte de alimentação. Cargas mal embaladas, principalmente de grãos, são um prato cheio. Muitos bichos são atraídos para a pista atrás de uma refeição e acabam morrendo atropelados. Isso gera uma reação, pois outros animais entram no asfalto para se alimentar do que morreu
Não buzine
Não buzine e não ligue a luz alta, para não assustar o animal. Ele pode ter reações inesperadas ou parar na pista
Cruze por trás
No caso de animais atravessados na pista, cruze por trás. Nunca passe pela frente do animal. Se for desviar de um animal, nunca esqueça de olhar o retrovisor
Boiada
Ao passar por uma boiada ou agrupamento de animais, ande em primeira marcha e feche os vidros do carro, por precaução
Estradas de terra
O cuidado deve ser maior, pois geralmente essas estradas ficam em áreas com um grande número de animais ao redor da pista
Asfalto
Certas espécies procuram o asfalto, principalmente durante a noite, por causa do calor. Rodovias com grades e cercas, que evitam a entrada de animais, podem apresentar um problema: o bicho que conseguir acessar a rodovia ficará encurralado nela, sem encontrar a saída
Avise motoristas e autoridades
Ao avistar animais na rodovia, sinalize para os motoristas que seguem em setindo oposto. Pisque os faróis e faça um sinal com a mão para baixo, mostrando quatro dedos, sinal que indica animais na pista. Ao ver um animal na rodovia, mesmo morto, o ideal é avisar a concessionária responsável pelo trecho ou a Polícia Rodoviária
Fonte: Cartilha “Dê Passagem Para a Vida”, do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), da Universidade Federal de Lavras (MG) (Com Bem Paraná)