Os números assustam, e com razão. No comparativo, por exemplo, com os casos de intoxicação envolvendo agrotóxicos de qualquer natureza (883), o número de casos de intoxicação por produtos químicos (1834) ou os casos envolvendo intoxicação pelo uso de drogas (3956), no mesmo período, é possível verificar que os medicamentos estão na liderança absoluta.
A Secretaria revela, ainda, que mais de cinco mil destes casos ocorreram em virtude de fatores como a má conservação do medicamento e a ingestão de produtos fora do prazo de validade, erros na prescrição ou administração e a automedicação.
USO RACIONAL
O uso racional de medicamentos é um conceito onde o paciente recebe todas as informações necessárias para que faça o melhor uso do tratamento prescrito.
Desde o porquê de sua recomendação até qual a maneira correta para armazená-lo em casa.
“A orientação para uso racional de medicamentos visa despertar uma maior consciência para o assunto evitando que, por exemplo, as pessoas se automediquem ou saiam de um consultório médico com dúvidas.
Algo que infelizmente ainda é frequente”, destaca o chefe da divisão de Vigilância Sanitária de Produtos, Luciane Otaviano de Lima.
Para Glaci Fecchio, que há mais de 10 anos cuida da mãe, as dificuldades em coordenar a administração correta de remédios são muitas.
“Minha mãe toma oito remédios diferentes por dia e tem medo de que o medicamento vá causar algo ruim. A gente não sabe direito o que ele vai fazer”, relata Glaci.
A Secretaria de Estado da Saúde ressalta que idosos merecem atenção especial neste assunto. Comumente pessoas com maior idade costumam consumir uma maior gama de medicamentos diariamente.
Para inseri-los no conceito de uso racional de medicamentos, a Secretaria criou uma série de materiais gráficos, distribuídos em eventos públicos ou mesmo em empresas e instituições, orientando que, por exemplo, criem listas de seus medicamentos e tirem dúvidas com médicos e farmacêuticos.
O Conselho Regional de Medicina ressalta a importância de se seguir uma receita ao pé da letra. “A receita é a complementação do ato médico”, afirma o pediatra Maurício Marcondes Ribas, conselheiro corregedor geral do CRM-PR.
Para o conselheiro, por mais que os sintomas sumam, o tratamento deve ser feito até o final.
“Uma dor de ouvido, por exemplo, pede sete dias de tratamento. Mas depois do quarto ou quinto dia, quando os sintomas somem, o paciente não deve parar de tomar o remédio, para que o tratamento seja eficaz”, enfatiza Ribas.
PERIGO
Sintomas considerados mais corriqueiros como dores de cabeça ou garganta dificilmente levam um paciente a uma Unidade de Saúde. Geralmente eles optam por uma farmácia e compram algo que já tenha visto funcionar.
Paula Rossignoli, do Departamento de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Saúde, explica os problemas que isto pode causar.
“Muitas vezes nem o farmacêutico nem o paciente sabem exatamente qual é o problema. E tomar um remédio sem uma avaliação médica pode acarretar eventos adversos severos”, afirma.
Paula fala, ainda, a respeito do armazenamento inadequado de medicamentos dentro de casa: a famosa gaveta de remédios. Deixá-los expostos à luz solar, variações de temperatura e umidade podem reduzir sua eficácia.
“É recomendado que periodicamente as pessoas peguem suas caixinhas e gavetas de remédios e façam uma revisão”, reforça. (Com Bem Paraná)