Sexta, 24 Junho 2016 10:18

Nem tráfico de drogas escapa da crise e da inflação no Paraná

A crise política e econômica que o Brasil atravessa tem seus reflexos mais evidentes no mercado financeiro e do trabalho, com a alta do dólar, queda das notas de rating e da confiança no país, além da alta nas taxas de desemprego.

 

Mas não é só o mercado legal que vem sofrendo com as consequência de um país em crise. O mercado ilegal, mais especificamente o de tráfico de drogas, também tem passado por mudanças devido à conturbada situação político-econômica brasileira.

 

Segundo informações da Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc), os principais “sintomas” da crise que o país atravessa no mercado de drogas seriam dois — o aumento no número de pessoas “tentando a sorte” como traficantes e também a alta no preço dos entorpecentes, destacadamente a maconha e o crack, o que teria relação direta com a variação do dólar, que subiu 9,61% nos últimos 12 meses.

 

De acordo com Riad Farhat, delegado-chefe do Denarc, é possível, desde o ano passado, notar um aumento no número de pessoas que se arriscam vendendo drogas. Segundo ele, isso possivelmente seria reflexo da alta nas taxas de desemprego no país, que acarretam num aumento da criminalidade em geral.

 

“É que sempre na cabeça da pessoa, do marginal, vai ser uma opção que surge para levantar algum dinheiro”, afirma o delegado. “Não falta quem se arrisque para conseguir um lucro, que é grande. Além disso, é mais fácil começar trazendo drogas do Paraguai do que estourar um caixa eletrônico, que requer conhecimento”, complementa.

 

Outro reflexo da crise no mercado das drogas é a alta no preço dos entorpecentes, cada vez mais inflacionados. Ser usuário de drogas, portanto, é algo cada vez mais caro. O preço da maconha, por exemplo, subiu entre 16,66% e 25%. Em 2015, a “marijuana” de qualidade mais baixa custava cerca de R$ 600 o quilo, enquanto a “melhorzinha” saía por R$ 1.200. Hoje, o quilo da erva está custando entre R$ 700 e R$ 1.500.

 

Já o preço do crack foi o que mais “inflacionou” no período, tendo dobrado de valor entre 2014 e 2016. Dois anos atrás, o quilo do entorpecente custava R$ 6 mil. No ano passado, já havia subido 50% chegando a R$ 9 mil. Agora, voltou a aumentar e alcançou o valor de R$ 12 mil, uma alta de 33,33% na comparação com 2015.

 

“O preço da droga tem relação com o preço do dólar. Então ela está mais cara, bem mais cara se compara com os anos anteriores. Até tem uma relação com a alta nas apreensões, mas a relação mais forte é essa: aumentou o dólar, aumenta a droga”, explica o delegado-chefe do Denarc.

 

 

 

 

Por Rodolfo Luis Kowalski

 

 

 

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