Segundo o secretário estadual da Saúde, Michele Caputo Neto, o programa de controle do tabagismo teve origem no Paraná e é um exemplo de política pública que partiu de um problema de saúde, o alto índice de doenças decorrentes do uso do tabaco.
“A proibição gradativa do cigarro em ambientes fechados, as inúmeras campanhas de conscientização, as taxas inseridas sobre o comércio do cigarro, a fiscalização do contrabando e a oferta de tratamento para aqueles que querem deixar de fumar são políticas públicas intersetoriais que pretendem diminuir o impacto desse hábito que provoca milhões de mortes anualmente”, diz o secretário.
“Nosso objetivo é reduzir o número de fumantes e, consequentemente, as doenças relacionadas ao seu consumo. Parar de fumar é um benefício para a própria pessoa, para a família e também para o Estado”, enfatiza a chefe do Departamento de Promoção da Saúde, Maria Cristina Fernandes.
O tratamento oferecido pelo SUS é determinado dependendo das necessidades de cada paciente. Ele envolve desde consultas com avaliações clínicas e psicológicas, grupos de apoio e medicamentos, de acordo com o grau de dependência. No ano de 2015, 12.970 fumantes foram tratados com medicamentos no Paraná.
A equipe na Unidade de Saúde é composta por profissionais multidisciplinares, como médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais. “Esses profissionais passam por capacitações e estão aptos a lidar especificamente com a dependência de tabaco”, diz Maria Cristina.
O serviço é oferecido em 21 Regionais de Saúde do Estado. O cidadão que tiver interesse deve procurar a Unidade de Saúde mais próxima da residência para realizar o tratamento ou ser encaminhado ao atendimento mais próximo.
METROPOLITANA
O município de Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba, promove o programa desde 2011 em nove das 11 Unidades de Saúde da cidade. “Atendemos, em média, 200 pacientes mensalmente que desejam largar o cigarro”, conta o coordenador municipal do Programa, Daniel Martins do Nascimento.
“Nosso objetivo é trabalhar com questões ligadas à prevenção e à promoção da saúde para evitar as diversas conseqüências negativas causadas pelo cigarro. Em longo prazo, sabemos que as ações também vão trazer um impacto positivo na saúde pública do município”, afirma.
GRUPO
Na Unidade de Saúde de Canaã um novo grupo é iniciado a cada dois meses. De acordo a enfermeira e coordenadora do Programa na Unidade, Danielle Milani, em média, 70% das pessoas que começam o tratamento conseguem atingir o objetivo.
“No primeiro mês a pessoa frequenta as reuniões semanalmente. No segundo e terceiro mês, a frequência passa ser quinzenal. Até o sexto mês ele deve ir pelo menos uma vez ao mês e, depois disso, quando sentir necessidade”, explica a enfermeira.
Nos encontros são discutidos temas como a superação da abstinência e a maneira de lidar com o estresse gerado pela falta da substância, além do compartilhamento de experiências positivas ou das recaídas vividas pelo paciente em tratamento.
O aposentado Sebastião Gaspar, 65 anos, fumava desde os dez anos de idade e procurou o tratamento neste mês para superar a dependência – ele está há nove dias longe do cigarro. “Comecei a fumar quando ainda era um menino, há 55 anos. Já passei da hora de parar, agora vou cuidar da saúde”, diz Sebastião.
Tânia Maria do Nascimento, de 53 anos, também faz parte do último grupo iniciado na Unidade. Com a utilização dos adesivos e medicamentos e frequentando as reuniões assiduamente, ela está há 12 dias sem fumar. “Mesmo com menos de duas semanas, já sinto diferença na minha voz e até no meu humor. Estou muito mais alegre”, conta ela.
O coordenador comenta que os benefícios já começam a surgir no primeiro dia sem cigarro. “Logo nas primeiras horas sem fumar o corpo já apresenta uma melhora instantânea na pressão arterial e na oxigenação”, explica Daniel. Depois disso começam a surgir outros benefícios a médio e longo prazo, como reduzir a propensão a graves doenças respiratórias.
SUCESSO
Neusa Salete Brizolla Rosa começou a fumar com 15 anos, uma média de 16 a 20 cigarros diários. Um dia se olhou no espelho e percebeu que a pele estava ficando cada dia mais envelhecida e manchada. “Aquilo era culpa do cigarro. Não adiantava eu gastar com produtos de beleza e tratamentos dentários. Nada teria efeito enquanto eu estivesse fumando”, relembra Neusa.
Em janeiro de 2015 ela começou o tratamento oferecido pelo SUS. Com a ajuda dos medicamentos e das reuniões do grupo de apoio, eu conseguiu deixar de fumar. “Estou há quase um ano e meio livre do cigarro. Se eu soubesse que seria tão fácil, já teria parado há muito mais tempo”, comemora.
“A primeira coisa que digo a um fumante hoje em dia é para olhar em volta e reparar nas pessoas que fumam. É feio! Decida parar, procure o tratamento e siga corretamente as orientações. Acredite em você mesmo, parar de fumar é possível e maravilhoso”, aconselha Neusa. (Com Bem Paraná)